Manhã de homenagens marca a festa pelos 36 anos do Friburguense

Três figuras importantes da história do time foram lembradas pelas contribuições ao time
terça-feira, 15 de março de 2016
por Vinicius Gastin
Autor do hino, Jeferson Lima recebe um quadro de presente da direção (Foto: Vinicius Gastin)
Autor do hino, Jeferson Lima recebe um quadro de presente da direção (Foto: Vinicius Gastin)

Três homens, três missões e uma enorme importância. A comemoração pelo aniversário de 36 anos do Friburguense Atlético Clube (completados na última segunda-feira, 14) foi marcada por uma manhã de homenagens durante sessão solene realizada na sede social do Frizão no último domingo, 13. Em meio aos troféus e quadros que representam as inúmeras glórias, Raul Marcos, Jeferson Lima e Francisco Machado, o Chiquinho da Garra Friburguense, foram agraciados. O ex-presidente, o autor do hino e o ex-chefe da torcida organizada receberam o devido reconhecimento pelas respectivas contribuições à trajetória de quase quatro décadas.

A cerimônia teve início com o discurso do presidente do clube, Wagner Faria. O mandatário tricolor fez um breve passeio pela história da fusão entre Fluminense e Serrano, que originou o Friburguense Atlético Clube. Faria destacou ainda a importância do Tricolor da Serra para Nova Friburgo. “É um dia muito importante para nós. O Friburguense é motivo de orgulho para todos nós friburguenses, e temos que valorizar isso. O clube é o maior divulgador de Nova Friburgo para o país e para o mundo.”

As homenagens foram conduzidas pelo mestre de cerimônia Fernando Lima. Um a um, os três agraciados da sessão foram chamados para receber o devido reconhecimento em forma de palavras e pequenos presentes. Primeiro convidado, o ex-presidente Raul Marcos Pires Gonçalves teve a oportunidade de colocar o próprio quadro na galeria de ex-presidentes, após recebê-lo das mãos de Jones Canto. Emocionado, destacou a felicidade por poder integrar a história do clube de forma definitiva.

“A história é formada por homens, que são menores que as instituições, mas têm a sua importância. Agora eu me transformo em mais um desse tantos olhares eternizados nos quadros que contam a trajetória do Friburguense”, disse o presidente.

Na sequência, o homem responsável por escrever o hino do Friburguense foi homenageado. Famoso pela composição de inúmeros sambas-enredo para os carnavais de Nova Friburgo e do Rio de Janeiro, Jeferson Lima recebeu o desafio de transformar em versos o orgulho de vestir o azul, vermelho e branco. Depois de receber um quadro, uma camisa oficial e uma cópia com o hino das mãos de Marcelo Cintra, presidente do conselho deliberativo, o compositor lembrou do momento em que recebeu o convite.

“A minha praia sempre foi o samba, mas o Cintra me pediu para que eu pudesse compor um hino que mostrasse todo o orgulho do torcedor e do friburguense de um modo geral. Um pedido de um amigo não se nega, e eu aceitei o desafio. Preciso lembrar também do saudoso Veneza, que me ajudou nessa missão”, destacou Jeferson.

Garra: mais antiga que o Frizão

Francisco Miranda Machado é mais um daqueles abnegados que dedicam boa parte da vida a uma grande paixão. Foi assim no início da década de 90, quando assumiu, junto a alguns amigos, o comando da torcida organizada Garra Friburguense. Foram inúmeras as dificuldades, as renúncias e obstáculos para acompanhar o Tricolor da Serra nos mais diversos cantos do Estado do Rio de Janeiro. No entanto, sempre motivados pelo sentimento de amor ao clube.

“A nossa torcida era organizada mesmo, e tínhamos como característica saber chegar e sair dos estádios. Éramos amigos de todas as outras torcidas, e convivíamos em paz com todas elas. Até mesmo com a do Plameiras, quando veio jogar em Nova Friburgo, nós fizemos a amizade. Essa era a nossa marca: torcer e acompanhar o Friburguense sempre de forma organizada e respeitosa”, destacou Francisco.

O presidente Wagner Faria fez a entrega de uma placa, uma camisa e alguns quadros com a imagem da torcida nos estádios. O também ex-chefe da Garra Friburguense destacou exatamente o clima de paz e harmonia entre os integrantes da torcida tricolor e adversários.

“Em Volta Redonda, por exemplo, nós assistíamos aos jogos dentro da torcida organizada deles, a Boscotaço. E assim era em campo ou qualquer outro lugar. Quando essas torcidas vinham jogar em Nova Friburgo, nós também recebíamos muito bem, como se fossem da nossa família”, contou Wagner.

Um pouco da história da Garra

Há 37 anos, exatamente no dia 1º de abril de 1979, um grupo de amigos e torcedores do então Fluminense de Friburgo resolveu transformar a paixão em apoio nas arquibancadas. A rotina de acompanhar o time do coração resultado na criação da torcida organizada Garra Friburguense, fundada oficialmente pelo locutor esportivo da rádio Nova Friburgo AM, Luiz Fernando Bonan. A ele juntaram-se Marina (já falecida, mãe do antigo lateral direito Cabrita) e Jalmir Saippa.

A ideia, no entanto, esbarrou em algumas dificuldades. Em busca de apoio financeiro para organizar as festas e excursões, o trio frequentemente recebeu respostas negativas dos comerciantes, políticos e da comunidade em geral. Ainda assim, conseguiram os instrumentos necessários para montar a torcida, e com a colaboração do antigo supermercado Ensa, confeccionaram uma faixa de aproximadamente sete metros e meio, nas cores azul e preto.

Vencida a “primeira batalha”, cerca de 200 integrantes compareceram ao estádio Eduardo Guinle para o jogo contra o Vasco da Gama, válido pelo primeiro campeonato especial do Rio de Janeiro. A torcida sobreviveu em meio às dificuldades. Fretar um ônibus para acompanhar a equipe, por exemplo, era uma aventura. Em meados dos anos 80, por conta de problemas de saúde, Marina deixou a torcida.

Poucos dias depois, Luiz Fernando Bonan e Jalmir Saippa também se afastaram. Wagner Faria, atual presidente do Friburguense, assumiu o comando até o ano de 1989, quando passou a atuar também como plantonista esportivo da Rádio Friburgo AM.

Durante os nove anos sob a gestão de Wagner, a Garra Friburguense percorreu praticamente todos os estádios de futebol do estado e comemorou conquistas como o vice-campeonato da segunda divisão de 1983. A colocação rendeu o acesso à primeira divisão após a vitória sobre a Portuguesa por 2 a 0, no Eduardo Guinle, em 26 de junho. Pouco mais de seis mil torcedores lotaram as dependências do estádio. Após o encerramento do jogo, a festa prosseguiu pelas ruas de Nova Friburgo.

Após a saída de Wagner Faria, Chiquinho ficou à frente da torcida, apoiado por Hélio, João e Walter Freimam. Entretanto, com o passar dos anos, os laços foram desfeitos. Os componentes ainda acompanham o Friburguense, mas a torcida não mais se reúne no tradicional setor à esquerda das cabines de imprensa. Ficaram as lembranças e momentos marcantes que se confundem com a história de 36 anos do Tricolor da Serra.

  • Sessão foi conduzida por Wagner Faria e Marcelo Cintra, presidentes dos conselhos diretor e deliberativo (Foto: Vinicius Gastin)

    Sessão foi conduzida por Wagner Faria e Marcelo Cintra, presidentes dos conselhos diretor e deliberativo (Foto: Vinicius Gastin)

  • Ex-presidente Raul Marcos foi um dos homenageados (Foto: Vinicius Gastin)

    Ex-presidente Raul Marcos foi um dos homenageados (Foto: Vinicius Gastin)

  • Chiquinho presidiu a Garra Friburguense no início da década de 90 (Foto: Vinicius Gastin)

    Chiquinho presidiu a Garra Friburguense no início da década de 90 (Foto: Vinicius Gastin)

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
TAGS: Friburguense
Publicidade