Mais um mutirão resolve o que o poder público demora

Depois de Amparo, Macaé de Cima, Serramar e Fazenda Bela Vista, São Pedro e Lumiar se mobilizam
terça-feira, 03 de abril de 2018
por Adriana Oliveira (aoliveira@avozdaserra.com.br)
A estrada que liga Lumiar a São Pedro da Serra antes do mutirão (Foto: Henrique Pinheiro)
A estrada que liga Lumiar a São Pedro da Serra antes do mutirão (Foto: Henrique Pinheiro)
Cansados de esperar pela iniciativa do poder público, seja ele municipal, estadual ou federal, moradores de mais uma região de Nova Friburgo decidiram arregaçar as mangas e partir para a ação. Seguindo exemplos já registrados em localidades como Amparo, Macaé de Cima, Serramar e Fazenda Bela Vista, moradores de São Pedro da Serra e Lumiar, munidos de  pás, enxadas, cimento e areia, decidiram tapar sozinhos as dezenas de buracos que vinham dificultando o trânsito na estrada de 6km que liga os dois distritos.

"Dizer que nada presta e tudo é culpa do governo só afasta as pessoas e não gera melhorias"

Evandro Rocha, líder comunitário

O mutirão foi realizado às vésperas do feriadão da Semana Santa, quando a região, como era esperado, ficou lotada de turistas. “Isso aqui estava uma vergonha. Não conseguimos tapar todos porque são muitos buracos, mas os maiores nós tapamos, e tudo saiu do nosso bolso. Muitos acidentes estavam sendo causados por essas rachaduras e crateras. Como vinha um feriado pela frente, corremos contra o tempo para deixar essa estrada menos perigosa. Mas ainda falta muito”, disse um dos moradores que participaram do mutirão.

Em nota, a Prefeitura de Nova Friburgo informou que vem, desde o ano passado, auxiliando a recuperar  alguns pontos da via por meio da Operação Asfalto, por saber dos riscos que os buracos e outros danos da estrada oferecem aos motoristas que por ali trafegam. Com o fim do período de chuvas, em breve, o trabalho será intensificado no local, diz a nota.

Para o líder comunitário Evandro Rocha, um dos idealizadores do coletivo Vozes do Tiradentes, mutirões assim “interrompem a violência verbal de que nada presta e tudo é culpa do governo, porque esse pensamento só afasta as pessoas e não gera melhorias”, analisa. Relembre outras ações recentes em Nova Friburgo:

Serramar

Na semana passada, na mesma região, foi a vez de moradores se mobilizarem num mutirão comunitário de poda e capina às margens da RJ-142 (Serramar), que liga Nova Friburgo a Casimiro de Abreu, na Região dos Lagos. A iniciativa dos moradores contou com apoio do Posto 10 (Sana) do Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv).

Os trabalhos foram realizados na altura do Km 46, em Barra do Sana, até o Km 55, na localidade de Pai João. Os moradores capinaram o mato que já prejudicava a visibilidade de motoristas e invadia a pista e podaram galhos de árvores que se aproximavam da estreita estrada. A manutenção da via cabe ao Departamento de Estradas de Rodagem (DER-RJ), que alegou não ter recursos no momento para qualquer intervenção.

Macaé de Cima

Em fevereiro,  em uma mistura de união e necessidade, mais um bom exemplo surgiu em comunidades afastadas do Centro de Nova Friburgo. Cansados de esperar as chuvas de verão cessarem e munidos pela urgência em desbloquear passagens, retirar barreiras e garantir a trafegabilidade na principal via de acesso à localidade de Macaé de Cima, os moradores de Macaé de Cima fizeram um mutirão. O problema é que, apesar da garra dos moradores, as condições climáticas, infelizmente, não ajudaram. As águas de março provocaram novas quedas de barreira.

Fazenda Bela Vista

Em 18 de março, moradores da Fazenda Bela Vista aproveitaram o domingo para capinar e limpar as ruas do loteamento. Cerca de 20 pessoas, entre crianças, jovens e até idosos, participaram da iniciativa. “Não estamos recebendo o retorno dos impostos. O lugar está abandonado”, disse a moradora Tereza Borges.

Além da falta de capina nas calçadas, que dificultam a passagem de pedestres, os moradores reclamam também da falta de iluminação pública. Há vários postes com lâmpadas queimadas, o que aumenta a insegurança e, segundo moradores, o risco de assaltos e outros crimes.

“Há lâmpadas queimadas não somente na Fazenda Bela Vista, mas também na estrada de acesso. É preciso regularizar os horários dos ônibus Centro-Fazenda Bela Vista e Centro-Toledo, cuidar da ronda policial durante o dia e à noite e fazer a limpeza das ruas e dos lagos, afirmou Tereza.

Procurada, a prefeitura disse que a Fazenda Bela Vista será contemplada, em breve, com os serviços de capina. Informou que está em andamento o processo de licitação para a compra de lâmpadas a fim de que seja feita a manutenção das luminárias nos postes, enquanto aguarda a análise do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) sobre a licitação do serviço.

Amparo

Em agosto de 2017, também num domingo, cerca de 200 quilos de lixo foram recolhidos no loteamento Jardim do Éden, numa ação que também mapeou áreas de risco da região. A mobilização, organizada pela Associação dos Amigos e Moradores do Amparo (Assamam), o Núcleo de Defesa Civil Comunitária (Nupdec) e o Coletivo Vozes do Tiradentes, reuniu cerca de 50 voluntários. Um café comunitário abriu os trabalhos. Voluntários da Cruz Vermelha também apoiaram o evento disponibilizando serviços como medição de glicose e aferição de pressão arterial.

“Acredito que essa tomada de consciência local poderá trazer importantes benefícios para a vida da comunidade”, disse Junior Schott, um dos coordenadores do mutirão.

Segundo o presidente da Assamam, Aroildo Moraes, a ação foi inspirada em outras, como na  RJ-150, quando um grupo de moradores decidiu arregaçar as mangas para a realização da capina e limpeza da rodovia.

 

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