Justiça pune Frizão e Portuguesa herda título da Copa Rio

Tribunal de Justiça Desportiva do Rio de Janeiro considerou irregular escalação do zagueiro Diego Guerra
segunda-feira, 31 de outubro de 2016
por Vinicius Gastin
Julgamento aconteceu na tarde da última sexta, no Rio de Janeiro
Julgamento aconteceu na tarde da última sexta, no Rio de Janeiro

Dessa vez nem mesmo as defesas de Luiz Felipe ou os gols de Lohan fizeram a diferença. A pior das derrotas aconteceu fora de campo, em julgamento que durou aproximadamente 30 minutos na tarde da última sexta-feira 28 de outubro. Sem muitos questionamentos por parte dos auditores e poucas palavras do procurador responsável por acatar a denúncia da Portuguesa, o Tribunal de Justiça Desportiva do Rio de Janeiro (TJD) puniu o Friburguense com a perda do título da Copa Rio, por entender que houve a escalação irregular do zagueiro Diego Guerra durante a competição.

O Tricolor da Serra foi punido de forma unânime. Por cinco votos a zero, a equipe de Nova Friburgo teve a conquista impugnada e a Portuguesa herdou o título. O Frizão perdeu seis pontos na final da competição, sob alegação de que Diego não estava regularmente inscrito no certame. O Friburguense também foi multado em R$ 400.

Quem abriu o julgamento foi a Procuradoria do TJD, acionada pela Portuguesa no ato da denúncia. Depois, falou o advogado do Friburguense, Tony Lo Bianco, seguido por Mauro Chidid, defensor da Portuguesa. Enquanto Lo Bianco sustentou que não havia irregularidade da parte do Friburguense, apontando o fato de Diego Guerra ter contrato com o clube — o que significa a inscrição do jogador automaticamente, de acordo com o regulamento da Copa Rio —, Chidid tratou o caso como "típico de escalação irregular”.

E assim o Tribunal entendeu, praticamente sem levar em conta os argumentos do Friburguense. O relator Mário Caliano de Alencar votou pela perda de pontos do Tricolor na final, o que daria à Portuguesa a conquista da Copa Rio. Os relatores Abrahão Mendonça, Fernando Menezes e Eduardo Buregil, além do presidente Marcelo Zenon, acompanharam o voto do relator, com apenas uma divergência: quatro votos por multar o clube em R$ 400 e um voto pela multa de R$ 3 mil.

O Friburguense esteve representado, além do advogado, por dirigentes durante o julgamento. O clube recebeu o resultado com surpresa, e terá a oportunidade de recorrer em duas instâncias: no pleno do TJD-RJ e, por fim, no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).

O gerente de futebol do Friburguense, José Siqueira, ainda avalia as possibilidades de recorrer à decisão. Segundo ele, uma nova estratégia de defesa deverá ser estudada junto ao departamento jurídico antes de tomar a decisão de tentar ou não reverter a punição.

“A princípio a ideia é acionar o pleno do TJD-RJ, mas temos que fazer uma avaliação estrategicamente, ter um argumento diferente, uma nova defesa. Porque a nossa defesa não foi entendida. Então, para recorrer, temos que mudar a nossa forma de estratégia, ou saber se vamos permanecer com ela”, explica.

Diego Guerra foi emprestado pelo clube ao Macaé, em maio, retornando três meses depois. Ele voltou a ter o nome no Boletim Informativo de Registro de Atletas (Bira). A alegação do júri foi que, de fato, a inscrição de Diego Guerra não respeitou o prazo de inscrição para a Copa Rio - que terminou no dia 29 de agosto. Na semana passada, a Portuguesa já havia acionado o Tribunal para impugnar o resultado do jogo de ida da final. Em campo, o Friburguense venceu a primeira final por 3 a 2, perdeu o segundo jogo por 4 a 3 e voltou a ser vitorioso nos pênaltis.

Resta a Copa do Brasil...

Com a derrota no Tribunal, obviamente o Tricolor da Serra ficará sem a taça de campeão, que havia sido conquistada dentro de campo. No entanto, ainda há um considerável prêmio de consolação: a vaga na Copa do Brasil de 2017, levando novamente o clube ao cenário do futebol brasileiro depois de cinco anos.

De fato, o Friburguense ainda não havia se manifestado quanto a opção de escolha por uma competição nacional. A princípio a preferência seria a Série D do Campeonato Brasileiro, mas a diretoria já considerava optar pela Copa do Brasil.

O motivo seria um provável conflito de datas entre as fases finais da série B estadual e da quarta divisão nacional, confrontando ainda com o início da Copa Rio. Sem grandes recursos financeiros, o Friburguense não deverá ter um elenco tão numeroso e poderoso para participar de três competições de maneira simultânea.

 Outra questão que pesa é a financeira: o valor pago pela participação na primeira fase da Copa do Brasil representa quase dois meses de despesas de todo o departamento de futebol tricolor. Caso consiga avançar de fase, o valor é ainda maior. Sem as receitas da televisão, o Frizão busca novas fontes de recursos para manter as atividades na próxima temporada. O primeiro passo foi a renovação de contrato com a Stam, patrocinador master. Outras ações, como o lançamento do sócio-torcedor, devem ser anunciadas em breve.

“É muito frustrante, porque vivemos um período escuro. O mais legal é saber que tenho recebido apoio de todos os jogadores. Claro que o título representa muito, mas representa, acima de tudo, nós termos saído de uma situação escura, sem saber se disputaria a Copa Rio, sem saber se teria salários ou não, como seria a vida após o rebaixamento. É uma forma de agradecimento só de termos participado da Copa Rio nesse momento, e eles entendem isso. O maior troféu foi ter a oportunidade de participar, da manutenção financeira, de projeção ao jogadores. Foi um ressurgimento dentro de campo muito importante. Nunca enfrentamos uma situação no Tribunal como essa e, logo no momento mais importante, no entendimento da comissão, acontece isso. É muito frustrante, dá um desânimo, mas vou respeitar e ver o que vamos fazer. O importante é saber que estamos no caminho certo para voltar à Série A”, finaliza o dirigente.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
TAGS: Friburguense
Publicidade