Jogador Cadão recebe hoje o título de cidadania

quarta-feira, 15 de maio de 2013
por Vinicius Gastin
Jogador Cadão recebe hoje o título de cidadania
Jogador Cadão recebe hoje o título de cidadania

Há 15 anos, Cadão chegou ao Friburguense e construiu uma história marcada por alegrias, decepções e, sobretudo, lealdade. Em pouco tempo, o zagueiro tornou-se referência e conquistou a admiração e o respeito de dirigentes e torcedores. Capitão do clube desde a primeira temporada, Ricardo Jerônimo fez por merecer o justo reconhecimento do município por seu caráter firme e generoso, ao ser indicado, este ano, para receber o título de Cidadão de Nova Friburgo, em evento no Teatro Municipal Laercio Rangel Ventura, às 19h.

"Pra mim é uma honra muito grande. Eu só tenho que agradecer a indicação aos meus companheiros e ao Friburguense pela confiança em todos esses anos. Amo a cidade e me considero um cidadão de Nova Friburgo”, declarou Cadão.

Nascido e criado no município de Três Rios, a 120 km do Rio de Janeiro, o então garoto ingressou na equipe mirim do Entrerriense. Destaque das categorias de base do clube chegou aos profissionais aos 18 anos, mas o futuro do zagueiro não seria construído na cidade natal. Em 1995, Cadão disputou o campeonato carioca e o desempenho despertou o interesse de vários clubes, inclusive do Friburguense. Embora poucos recordem, o jogador vestiu a camisa do Tricolor da Serra pela primeira vez na temporada seguinte. "Já havia jogado contra o Júlio Marinho. Ele treinava o Friburguense naquela época e me indicou. Disputamos a segunda divisão do Estadual, mas não conseguimos subir.”

O insucesso na competição resultou na transferência do zagueiro para o antigo Barreira, de Saquarema, e, em seguida, para o Anápolis, de Goiás. A breve separação teve fim em 1998. Naquele ano, o Frizão conquistou o acesso para a elite do futebol carioca e o casamento entre Cadão e Friburguense foi reatado. "O interessante é que o Siqueira (gerente de futebol) sempre me deixou muito à vontade para sair se eu tivesse uma proposta financeiramente melhor”, revela Cadão.

Durante os 15 anos em Nova Friburgo, o zagueiro deixou o Tricolor da Serra em mais algumas oportunidades. Porém, apenas quando o clube não estava envolvido em alguma competição. Não foram raras as temporadas em que Cadão disputava o campeonato carioca pelo Friburguense (fato não repetido apenas em 2002) e alguma divisão do Campeonato Brasileiro por outra equipe, no segundo semestre. Americano, Goytacaz, Rio Branco, Volta Redonda, Joinville, União São João e Osnabrück, da Alemanha, fizeram parte do extenso currículo. "O Cadão e o Sergio Gomes já receberam propostas superiores às nossas e preferiram ficar. São casos raros de amor à camisa e merecem todo o nosso reconhecimento e respeito”, disse o gerente de futebol José Siqueira. 

Exemplo dentro e fora de campo

Um dos primeiros a chegar ao Eduardo Guinle nos dias de treino, Cadão lidera, pelo exemplo. Aos 42 anos, o zagueiro ainda se destaca nos testes físicos realizados pelo preparador Paulo Cesar Fagundes. Jogador mais velho do campeonato carioca nas últimas duas temporadas, o capitão do Friburguense deverá repetir o feito em 2014. No último sábado, 11, o defensor renovou contrato até o fim do ano e, apesar de não garantir, deve encerrar a carreira após o estadual do próximo ano. "A parte física é cada dia mais importante. Enquanto eu estiver bem fisicamente e conseguir acompanhar o ritmo dos mais novos, vou continuar”, garante.

Cadão reconhece que o momento da aposentadoria se aproxima e já manifestou o desejo de permanecer trabalhando no futebol. Por isso, o zagueiro está cursando a faculdade de educação física e não descarta, inclusive, trocar a grande área pela área técnica. "É uma vontade que eu tenho, até porque estou há muito tempo neste meio e no Friburguense. Depois que eu parar de jogar, a idéia é continuar como preparador físico ou até treinador. Mas por enquanto, quero jogar e ainda não estou pensando nessas hipóteses”, despista.

Alegrias e decepções na carreira

Nenhum outro jogador, na história do Friburguense, entrou em campo tantas vezes quanto Cadão. A camisa três e a faixa de capitão caracterizam a história do experiente zagueiro no clube de Nova Friburgo, marcada por alegrias e decepções. 

Em 2010, no dia seguinte à queda para a segunda divisão depois de 15 anos consecutivos na elite, o jogador esteve no Eduardo Guinle. As propostas para deixar o clube apareceram, mas o assunto da reunião com o gerente José Siqueira era outro: Cadão abriu mão de ofertas financeiramente superiores e se comprometeu a reerguer o Friburguense. A alegria pelo retorno à primeira divisão no ano seguinte foi comparada ao sentimento de disputar a semifinal da Taça Rio em 2004, contra o Vasco, no Maracanã. "Foram vários momentos marcantes, mas esses dois foram os melhores”, afirma. 

Na série D do passado, Cadão esteve perto de conquistar o primeiro acesso a nível nacional da carreira. Entretanto, a vitória por 3x1 sobre o Crac-GO no Eduardo Guinle foi insuficiente para levar o Friburguense à série C do Campeonato Brasileiro. "Vivi muitas coisas aqui. O rebaixamento no Carioca em 2011, o acesso em 2012. Mas esse jogo contra o Crac foi diferente, era a oportunidade de firmar o clube no cenário do futebol nacional. Nós lamentamos muito por não ter conseguido essa vaga.”

De fato, o defensor viveu diversas experiências na carreira de jogador de futebol. Cadão garante ter encontrado a felicidade e o lugar onde pretende viver pelo resto da vida. "Sou muito grato ao futebol e ao Friburguense por tudo o que tenho. Hoje, mesmo se tiver uma proposta para ganhar mais, não saio do clube. Minha vida vai continuar em Nova Friburgo.”

Cadão e Sergio Gomes: amizade de longa data

Um ano depois de contratar Cadão, o Friburguense anunciou o acerto com Sergio Gomes, lateral-direito que surgia como revelação do futebol capixaba. Em pouco tempo, os dois jogadores conquistaram a confiança de dirigentes e comissão técnica e tornaram-se referências do clube. O espírito de liderança aproximou Sergio e Cadão e fez nascer uma grande amizade. "Falar sobre o Cadão é fácil. Eu o considero o meu irmão mais velho, em quem eu me inspiro bastante. Procuro observar as atitudes dele para tentar repetir. Todas as homenagens a ele na cidade são merecidas, por tudo o que representa em termos de dedicação e empenho. Se perguntarem ao Cadão onde ele prefere morar ou até mesmo onde gostaria de ter nascido, a resposta será Nova Friburgo. Ele é um cidadão friburguense de fato e ficou muito feliz com essa indicação.”

A relação é ainda mais estreita longe dos gramados. Sergio Gomes revela, inclusive, a existência de um acordo entre eles. "O Cadão nunca me deixou e está comigo nos momentos mais difíceis da minha vida. Um anima ao outro. Quando eu o vejo pensando em parar de jogar, eu converso e o reanimo. Eu digo que se ele desanimar eu desanimo também. O Cadão é o meu termômetro: se ele parar, eu paro. Além do mais, com todo o respeito aos mais jovens, será difícil encontrar um substituto pra ele”, afirma.

Embora não exista a confirmação, a temporada de 2014 poderá ser a última da dupla. Sergio confirma o interesse de Cadão em seguir a carreira de treinador e, não só aprova, como se coloca á disposição para repetir a parceria fora das quatro linhas. "Só se ele me der a faixa de capitão (risos). Eu aprovo sim e ele está estudando pra isso. Acredito que será o futuro dele, pelo respeito que impõe, pela liderança e sabedoria que possui. Estarei sempre apoiando e, se ele precisar, estarei à disposição para ser auxiliar ou mesmo observador.”

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