Jhennifer Alves compete nas olimpíadas nesta sexta-feira

Conheça também um pouco da história de vida da atleta friburguense. Em Nova Friburgo, família se reúne para assistir à competição
quinta-feira, 11 de agosto de 2016
por Vinicius Gastin
Jhennifer Alves compete nas olimpíadas nesta sexta-feira

O começo no esporte foi relativamente tardio. Mas houve tempo o suficiente para o talento explodir e se multiplicar em cada mergulho e bater de braços e pernas. Não fosse um problema respiratório e a oportunidade de participar de um projeto, talvez um talento seria perdido para alguma outra área que não o esporte. Quis o tempo, o destino e a saúde de Jhennifer Alves que a sua história fosse escrita dentro das piscinas. Sorte de Jhenny, do esporte, do Brasil. Sorte de Nova Friburgo.

Se o sonho de todo atleta é atingir o ápice de disputar uma Olimpíada, a atleta friburguense de 19 anos não precisa acordar. A trajetória, que começou com o referido problema de saúde, passou pela descoberta do talento, conquista de títulos, mudança de cidade, polêmicas com o Flamengo e bronze nos Jogos Pan-Americanos, chega ao seu mais belo momento: o de mergulhar nas piscinas do Rio Olímpico, com a touca verde amarela, para representar o país. Pela segunda vez, Nova Friburgo terá um representante nos jogos olímpicos — o primeiro foi Larry Pinto de Faria. Um privilégio para Jhenny e para o município, que 64 anos depois poderá novamente assistir e aplaudir um talento local na maior competição esportiva do planeta.

Jhennifer faz parte da maior delegação olímpica brasileira na história dos Jogos, ao lado de 33 outros atletas. Os nadadores treinam em dois períodos nas piscinas do CT Olímpico desde o dia 25 de julho, além de outras atividades fora da água, acompanhados de perto pela delegação. Jhenny estará presente no revezamento 4×100 medley feminino, no estilo peito. Completam o quarteto brasileiro Natália de Luccas (estilo costas), Larissa Oliveira (estilo livre) e Daiene Dias (estilo borboleta). As atletas caem na água nesta sexta-feira, 12, por volta das 14h54, com transmissão de TV. Caso avancem à final, elas voltam à piscina neste sábado, 13, por volta das 22h49 para brigar por uma medalha. 

“Mandaram relógio, mandaram óculos, que faz parte de um programa para ajudar na aclimatação ao fuso horário. A final vai começar à meia noite, num horário muito diferente da nossa atual rotina. Então estamos simulando como se a gente estivesse em outro país, com outro fuso horário”, explica, confiante em uma vaga na grande decisão.

Segundo os critérios de classificação para as olimpíadas Rio 2016, os 12 melhores colocados em cada prova no Mundial da Rússia garantiram vaga imediata para as provas de revezamento. Caso das equipes de 4x100 metros livre e 4x100 metros medley masculino, e 4x100 metros livre e 4x200 metros livre feminino. Outras quatro vagas seriam destinadas aos países com melhores tempos no ranking da Fina entre março de 2015 e maio deste ano.

No 4x100 metros medley feminino, o Brasil ficou com o 14º tempo geral do ranking, com dois minutos, dois segundos e 52 centésimos dos Jogos Pan-Americanos de Toronto (medalha de bronze), e foi o segundo entre os quatro países que entraram na repescagem. 

Já o 4x200 metros masculino foi o 11º geral, com o tempo de sete minutos, 11 segundos e 15 centésimos do Pan (ouro), e também ficou com a segunda vaga da repescagem, atrás apenas da Itália (7m08s30).

Desta forma, a seleção brasileira ganhou mais dois nomes para a prova feminina, sendo um deles Jhennifer Alves, que entra na equipe por ter o melhor tempo dos 100 metros peito nas seletivas. Natália de Luccas será reserva nos 100 metros costas, que terá Etiene Medeiros apenas em uma eventual final. 

Já a equipe masculina é reforçada por André Pereira, que fez o quarto melhor tempo dos 200 metros livre nas seletivas.

Superação e currículo vitorioso

Jhennifer Alves começou a nadar por indicação médica. Os problemas respiratórios aos poucos foram superados, e deram lugar ao talento cada vez mais evidente a cada competição disputada.     

“Participei de um campeonato pela Acquafitness, e consegui me sobressair. A partir dali eu quis encarar a natação como algo para minha vida, e tive o apoio dos meus treinadores”, recorda.

A jovem deixou Nova Friburgo para morar no Rio de Janeiro, e desta forma abriu mão de todo o conforto e rotina natural de uma adolescente para buscar o sonho de competir profissionalmente. As dificuldades iniciais de adaptação e a saudade de familiares e amigos foram obstáculos a mais, que precisaram ser superados com determinação e força de vontade. 

A nadadora alcançou as medalhas de ouro no Brasileiro Júnior, ouro e prata no Troféu Maria Lenk e o título da Taça Sul-Americana Juvenil — isto tudo em apenas um ano. No Sul-Americano, realizado no Peru, a atleta de Nova Friburgo conquistou mais três medalhas importantes com a Seleção Brasileira Juvenil. A principal foi o ouro nos 100 metros peito, com o tempo 1m10s78, um novo recorde para a prova.

Após a conquista de uma prata e um ouro no Open de 2014, nas provas de 100 metros peito e 50 metros peito, respectivamente, a atleta repetiu o feito no Troféu Maria Lenk do ano passado, garantindo vaga no Pan-Americano de Toronto. Ela também participou do Mundial de Kazan, na Rússia, logo depois do Pan-Americano. 

Além de representar Nova Friburgo, Jhennifer foi a única representante feminina do Rio de Janeiro nos Jogos Pan-Americanos. Desde o início do ano, Jhennifer Alves mora em São Paulo, a maior cidade da América do Sul, onde defende o Pinheiros. 

A saída do Flamengo envolveu capítulos na Justiça e bastante polêmica, inclusive com ameaças de impedir a participação da atleta nos Jogos do Rio. Todos os obstáculos foram superados, e agora fazem parte do processo de amadurecimento da jovem atleta.

“A Jhennifer do Pan era um pouco imatura, porque foi onde tudo começou. Foi minha primeira vez na seleção adulta, foi quando eu comecei a ter bons resultados, aparecer mais na mídia. Então peguei muita experiência no Pan, no Mundial também, e agora é executar essa experiência que eu peguei nas olimpíadas”, acredita a jovem friburguense. 

Time Jhenny: família se reúne para assistir à competição
Karine Knust

Um time de peso irá compor o grupo de torcedores de Jhennifer Alves nesta sexta-feira. Mesmo sem conseguir comprar os ingressos para assistir à competição bem de pertinho, amigos e familiares da atleta vão se juntar para vibrar por ela, tida como uma das melhores no nado peito do Brasil.

“Quando ficamos sabendo da data de início das vendas de ingresso, avisamos a todos os parentes e nos preparamos para garantir lugares na arquibancada. Mas, infelizmente, não conseguimos comprar as entradas. Todas já tinham esgotado poucos minutos após começarem a ser vendidas. Jhenny teve direito a um ingresso apenas e resolvemos que o pai irá acompanhá-la. Se Deus quiser, eles vão passar para a próxima fase e aí conseguiremos assistir juntos”, contou a mãe Patrícia Alves. 

Até a tarde da última quinta-feira, 11, a família ainda estava decidindo onde a torcida iria se concentrar: em Nova Friburgo ou na casa de amigos no Rio de Janeiro. Independentemente do local, Patrícia garante muita euforia na hora de ver a filha dando as braçadas na piscina do Parque Olímpico. 

“O pai da Jhennifer é mais contido, ele fica quieto durante a competição por causa do nervosismo. Já eu, sou mais histérica. Não consigo ficar parada, grito muito, chega a ser fora do normal”, conta ela aos risos e ainda conclui: “A família, os amigos, o grupo da natação e da igreja onde ela frequenta, estaremos todos torcendo muito por nossa Jhenny”, diz Patrícia, no comando da torcida.  

  • Jhennifer será o segundo atleta friburguense (primeira mulher) a participar de uma Olimpíada

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  • Brasil terá sua maior delegação de atletas na história olímpica da natação

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  • Jhenny faz parte da equipe de revezamento no 4x100 medely, no estilo peito, sua especialidade

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TAGS: Jogos Olímpicos | Jhennifer Alves
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