Janeiro de 2011: seis anos depois, o que foi feito e o que ainda falta fazer

Encostas, pontes, demolições, entrega de moradias são algumas das obras já realizadas
quarta-feira, 11 de janeiro de 2017
por Ana Borges
Jardinlândia, distrito de Conselheiro Paulino (Foto: Henrique Pinheiro)
Jardinlândia, distrito de Conselheiro Paulino (Foto: Henrique Pinheiro)

Um dos pontos turísticos no centro da cidade mais procurados por moradores e visitantes, sem dúvida, é a Praça do Suspiro — onde fica o teleférico —, e sua bela e centenária Capela de Santo Antônio, construída em 1884, ambas atingidas duramente pela enxurrada que desceu das montanhas e devastou diversos bairros e distritos de Nova Friburgo, em 2011. 

A imagem da destruição do local, que também soterrou a famosa “fonte do amor, ciúme e saudade” — correu o mundo através das mídias nacional e internacional, que cobriu a maior tragédia climática do país, e a quinta maior do mundo. Fotos e filmes exibiam a desolação das pessoas, das ruas, de bairros inteiros sob a lama, que se espalhou por centenas de localidades. 

Representantes do governo do estado e da União, se instalaram no município para acompanhar o trabalho da prefeitura na remoção dos escombros, entulhos, lama. Simultaneamente, a população fazia reconhecimento de seus entes queridos, providenciava enterros que alcançou o número oficial de 442 mortos, sendo 918 em toda a Região Serrana. 

Aos poucos, foram chegando à cidade equipamentos e mão de obra qualificada para se juntar aos trabalhadores e à população local na tentativa de “arrumar a casa”. Foi tudo muito demorado, complicado, ano após ano, com a burocracia e desvios atormentando famílias despojadas de seus bens materiais, à espera angustiante da liberação de aluguéis sociais, entrega de novas moradias, entre outras providências. 

Números da reconstrução

Entre conquistas e frustrações, foram concluídas as obras de drenagem e contenção de encostas e canalização no entorno da Praça do Suspiro e nas margens do Rio Bengalas. Até o fim de 2014, foram desembolsados R$ 298,5 milhões para 53 obras de contenção de encostas, sendo 42 em pontos mais críticos. Outras oito foram iniciadas, e mais três foram programadas para o início de 2015. 

Foram concluídas obras de contenção no Centro — como as ruas Carlos Éboli, Almirante Barroso, Sílvio Henrique Braune e Cristina Ziede —, Praça do Suspiro, anfiteatro, Clube dos 50, Alameda Eduardo Guinle; Tingly, Duas Pedras, Jardim Ouro Preto (Matacão), Parque das Flores, Granja do Céu e Rua Alexandre. Ainda foram feitas drenagens na Praça do Suspiro, na Rua São Jorge, no Jardim Califórnia, e na Chácara do Paraíso.

E segundo o governo do estado, estavam em execução obras de contenção e revegetação nos bairros Jardinlândia, São Jorge, Floresta, Córrego Dantas, Duas Pedras/Lazareto, Jardim Califórnia II, Jardinlândia II e subida do Belmonte.

Nem tudo foi resolvido, nem todos foram atendidos. Há muito por fazer, muito para reconstruir, ressarcir, recompensar. Ontem, dia 11, a população reverenciou seus mortos, elevando seus pensamentos e dizendo preces para os entes queridos e amigos que se foram naquela fatídica noite que adentrou a madrugada do dia 12. 

O prefeito Renato Bravo divulgou um vídeo manifestando sua solidariedade às famílias da s vítimas da tragédia, e lembrando a importância da união comunitária em prol do município.

Projeto de prevenção a desastres naturais em Nova Friburgo

Três áreas de risco em Duas Pedras e nos distritos de Conselheiro Paulino e Riograndina foram mapeadas, em abril de 2016, como parte de um grande projeto nacional que soma planejamento urbano e prevenção de desastres naturais. Além de Nova Friburgo, Petrópolis e Blumenau, em Santa Catarina, são as cidades-piloto onde o governo brasileiro, em parceria com a Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica, na sigla em inglês), aplica a iniciativa antes de executá-la em outros municípios do país.

O projeto de Fortalecimento da Estratégia Nacional de Gestão Integrada de Riscos em Desastres Naturais (Gides) é consequência do acordo de cooperação internacional com governo japonês, detentor de vasta experiência e conhecimento na área. O objetivo inicial do projeto-piloto, lançado há dois meses, em Nova Friburgo, foi a confecção de quatro manuais sobre os temas: mapeamento de riscos, prevenção e reabilitação, previsão e alerta e planejamento da expansão urbana.

Nos loteamentos Rosa Branca e Três Irmãos, no distrito de Conselheiro Paulino, outra região bastante castigada pela tragédia climática, está com a Defesa Civil a aplicação do manual de Previsão e Alerta, que orienta o monitoramento das encostas onde podem ocorrer novos deslizamentos de terra, a avaliação dos pontos de apoio, elaboração de rotas de fuga em situações de emergência e a transmissão de informações à população sobre a conduta específica para cada ocasião, entre outras ações de prevenção. A finalização do projeto está prevista para novembro de 2017. (Fonte: A Voz da Serra, Alerrandre Barros)

 

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TAGS: pós-tragédia
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