Desde os 16 anos na ativa, o mineiro “naturalizado” friburguense, Israel Lacerda vem agitando as noites da cidade. A carreira começou no pagode, mas os bons ventos o levaram ao seu grande amor: o sertanejo. Quando adolescente, confessou que matava aula para ficar pelos corredores da escola tocando violão e cavaquinho. Dedicado na carreira, o cantor abdicou de muitas coisas para seguir no seu sonho e a agenda lotada de compromissos mostra que a escolha foi acertada. Nesta entrevista, ele fala das carreiras, da infância e de como a tecnologia é uma aliada.
AVS: É difícil viver da música?
Israel Lacerda: Hoje em dia, viver do próprio sonho é bem complicado. Desde criança eu tinha esse sonho, de cantar e viver da música e hoje eu consigo.
Tive um professor que no primeiro dia de aula ele disse: “Aqui no Brasil, se você dá uma bola e uma viola para uma criança, se ela der certo em um dos dois está feita na vida”. Você pelo visto se deu bem com a viola?
Os meus ex-professores vão muito aos meus shows e alguns costumam brincar dizendo que se eles soubessem que o resultado de matar aula seria o que eu sou hoje, acredito que eles até incentivariam (risos). Eu saía da sala de aula para tocar cavaquinho e violão pelos corredores. A música sempre foi a minha grande paixão.
Onde você estudou?
No antigo Santa Ignez e depois do Jamil El-Jaick, onde fiz vários amigos e foi lá onde minha carreira musical teve início. Eu e uns amigos começamos um grupinho de pagode, o pessoal foi morar no Rio e participamos de alguns festivais. Nos demos bem nesses festivais e nos tornamos conhecidos.
Qual era o nome do grupo?
GDM. Para alguns era o Grupo Dom Maior, para outras pessoas era Gangue do Mal (risos), mas estávamos inclinados a ser o Dom Maior.
Você começou na carreira ainda adolescente...
Eu tinha 16 anos e recebia muitos convites para me apresentar em casas noturnas, mas por conta da idade eu não podia, então meu pai me liberou. Aqui em Friburgo, comecei com o pagode e para tocar na noite era necessário ter um grupo. Solo era muito complicado. Depois de um tempo, fui freelancer e depois contratado para cantar com os grupos.
Como foi a mudança de estilo do pagode para sertanejo?
Um pouco porque o público friburguense não gostava tanto assim de sertanejo. Eu nasci em Tombos, interior de Minas e vim para Friburgo com 10 anos e hoje, quando falo de Friburgo eu digo “minha cidade”. Eu e minha irmã, quando criança, ouvíamos muitos sertanejo, Leandro & Leonardo, Zezé Di Camargo & Luciano... Me aproximei muito do violão, do cavaquinho, tive um grande mestre que me ensinou muita coisa, o Evandro Mallandro. Quando o sertanejo deu uma brecha eu mergulhei de cabeça e canto desde então. Eu gosto de outros estilos também. Sou bastante eclético.
Hoje Friburgo já tem público para o sertanejo?
Tem sim, aqui e na capital. É um ritmo que está em constante evolução e que se mistura com outros ritmos como o funk. Eu tive um grande professor que me disse “A música tem que fazer o papel dela. Se ela tiver que te fazer chorar, que te faça chorar, se é para te fazer sorrir, que te faça sorrir”. E nos shows toco músicas de 40 anos atrás e que a galera que é bem mais jovem sabe de cor.
Hoje em dia existem aplicativos que ajudam artistas na afinação de um instrumento, no aquecimento da voz. A tecnologia é uma aliada sua?
Eu já estou ficando velho e algumas coisas o ouvido já não acompanha (risos). Eu tenho um aplicativo que me dá as escalas maiores e menores e eu uso para fazer um aquecimento de voz e relaxamento depois do show. Também tem aplicativo para afinar instrumento, uso bastante. Não é só chegar e cantar. Você tem que se dedicar. Cuido sempre da voz. Todos os dias faço nebulização, bebo água o dia inteiro, faço aquecimento de voz e uso a tecnologia para isso (risos).
Qual a programação neste fim de semana?
Neste sábado toco em uma festa particular em Friburgo e no domingo vou para Sapucaia fazer a Volta do Peão, num encontro de ranchos e comitivas .
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