A infância entre a vida ao ar livre e o universo digital

Pais e educadores devem garantir espaço no cotidiano das crianças para atividades lúdicas e ao ar livre
sábado, 24 de agosto de 2019
por Jornal A Voz da Serra
A infância entre a vida ao ar livre e o universo digital

Investir nos primeiros seis anos de vida das crianças pode reduzir problemas como violência e consumo de drogas. Mas não basta garantir acesso à saúde e educação, dar as vacinas em dia e oferecer boa alimentação. Estudos e pesquisadores mostram que é preciso dar vazão também à necessidade de brincar.

 A brincadeira é elemento indispensável para uma infância feliz e um importante instrumento de socialização. Entre os benefícios das atividades lúdicas, especialmente durante a primeira infância, estão o desenvolvimento da autoestima, o estabelecimento de vínculos com os pais e o aumento da capacidade de sentir empatia pelos outros. Brincando, as crianças também aprendem a lidar com problemas, resistir à pressão de situações adversas e a viver em sociedade.

— Ao brincar, as crianças desempenham vários papéis. Aprendem a ter humor, a rir de si mesmas e a desenvolver empatia pelo outro — confirmam especialistas. O ato de brincar é tão importante, segundo eles, que tem sido usado com forma de superação de traumas em regiões de conflitos armados e em situação de catástrofe. 

O uso precoce e excessivo da tecnologia é um fenômeno recente no cenário da infância. Pouco se conhece a respeito de suas consequências a médio e longo prazo. Por esta razão tem sido alvo de pesquisas e estudos para investigação dos impactos e repercussões sobre a dinâmica familiar, desenvolvimento, comportamento e aprendizado infantil.

Hoje, com menos de 3 anos de idade, as crianças já sabem  usar smartphones, brincam com tablets, jogam games, entretanto, poucas  são capazes de amarrar os cadarços do tênis, pular corda, amarelinha, subir em árvores etc.

Os vários gadgets tornaram-se uma extensão das mãos das crianças. Dedinhos cada vez menores deslizam pelas telas touchscreen  e pelas teclas dos computadores, notebooks e controles remotos da TV.

Quais os efeitos da iniciação precoce ao mundo digital para a saúde física e psíquica das crianças? Quais as influências que essas tecnologias exercem no comportamento infantil durante a fase de formação e desenvolvimento? Quais os impactos das mudanças sociais para a cultura da infância? As pesquisas demonstram que crianças e adolescentes têm acesso cada vez mais cedo ao mundo tecnológico e permanecem conectados por mais tempo. É um fenômeno global.

O tempo gasto com as mídias digitais pela criança está tomando o lugar de atividades mais importantes ao estímulo e desenvolvimento do cérebro infantil e impedindo que a criança vivencie um tempo de inatividade (tédio), necessário para a organização psicológica e a criatividade.

As telas estão roubando um tempo precioso da criança – o tempo do  brincar, atividade fundamental para o desenvolvimento infantil em todos os aspectos, físico, emocional, cognitivo, social e espiritual.

Para a criança pequena é muito mais adequado e saudável receber estímulos naturais como ouvir o pai ou a mãe contando histórias. O trabalho em absorver a história é muito maior, exige que a criança construa suas próprias imagens, e faça conexões para atribuir significado ao que está ouvindo. Isso torna a criança mais ativa na situação em comparação com a passividade gerada pelo olhar fixo na tela, seja vendo um filme ou jogando.

Diante das telas, corpo e imaginação ficam inativos. As imagens estão prontas diante da criança, não deixando espaço para a imaginação criativa. “A criança precisa ver, ouvir, cheirar, tocar, sentir. O tablet só estimula o visual. Ela necessita de muito mais, de interação humana”, alerta a psicopedagoga Luciana Brites, de Londrina, Paraná.

 

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