Histórias comoventes da relação entre pais e filhos

sábado, 10 de agosto de 2019
por Ana Borges (ana.borges@avozdaserra.com.br)
Dayvson no nascimento de Maria Eduarda (Arquivo pessoal)
Dayvson no nascimento de Maria Eduarda (Arquivo pessoal)

Hoje em dia, tem pai de todo tipo: jovem, maduro, idoso, presente, ausente, adotivo. Mas, uma coisa é certa: quando o homem, de qualquer idade,  pega seu filho nos braços, pela primeira vez, um novo mundo se abre dentro dele. O mesmo acontece com o padrasto, que escolheu ou foi escohido para ser pai. E neste caso, não se trata de uma consequência biológica, mas de um encontro de almas.

Aqui está a história de dois pais: um, de primeira viagem, o Dayvson Alan Alves Cardoso, 41 anos, diretor de marketing do Grupo SAF, casado com Valdete Lisbôa Borge. Deslumbrado com a inédita paternidade, que ansiava há tempos, não se cansa de fazer declaração de amor para seu “adorado bebê” - a fofa e apaixonante Maria Eduarda. 

A outra história quem conta é o filho, o jovem fotógrafo João Luccas, que foi adotado ainda na barriga da mãe, há uns 24 anos. Ele descreveu o começo dessa relação entre um ‘paidrasto’ e um menino totalmente apaixonado por esse pai que ele vê como um “presente de Deus”. No que é completamente correspondido pelo Ricardo, que casou com sua mãe e correu atrás para torná-lo seu filho de fato e de direito. Confiram essas duas comoventes declarações de amor. 

De Dayvson para Maria Eduarda

“Sempre escutei dizer que quando nasce uma criança, junto com ela nasce um pai, mas apenas senti isso de verdade quando pela primeira vez olhei seu rostinho e senti sua pele macia. Nesse momento explodi de alegria e soube que jamais haverá um amor maior que o que sinto por você, filha!

Ainda não a conhecia, minha filha, mas já estava apaixonado por você. Quando, por fim, peguei você em meus braços, todo meu mundo mudou e eu me transformei por completo.

Hoje, minhas referências mudaram. Não sou apenas o Dayvson, filho da D. Cenira e do Sr. Ribeiro. Também não sou mais o Dayvson, esposo da Val. Agora me tornei para sempre o PAI da Maria Eduarda.

Jamais haverá palavras capazes de expressar com justiça o que eu senti e sinto, mas pretendo passar minha vida inteira demonstrando o meu amor por você. Sinto que recebi uma bênção maior que a própria vida e a felicidade já não cabe no meu peito. 

Eu amo tanto você, meu adorado bebê Maria Eduarda!” 

João Luccas Teixeira de Paula Oliveira, filho, e Anderson Ricardo de Paula Oliveira, ‘paidrasto’

“Quando a minha mãe, Gilda, descobriu que estava grávida, o namorado e pai do filho que ela esperava não quis assumir. Disse que não queria ter filho, não queria essa responsabilidade na vida dele. E sumiu. Minha mãe ficou abalada, preocupada com o futuro. Então, um amigo que ela tinha desde que chegou a Friburgo (vindo do Maranhão), ficou mais próximo, acompanhou a gestação, deu todo o apoio que minha mãe precisava. O que me incluía. O Ricardo começou a ser meu pai antes de eu nascer. 

Poucos meses depois do meu nascimento, eles começaram a namorar e o Ricardo disse que queria ser meu pai. Mas não só de ‘boca’, era pra ser de verdade, me registrar no cartório. Procurou o juiz para entrar com o processo de adoção, mas, antes disso, teve confusão porque ele desconhecia os procedimentos. Vou pedir pro meu pai contar isso direito, que é até engraçado. Bom, acabou que ele me registrou como filho, e de fato, ele é meu pai, como queria ser desde a gravidez. 

Ele cuidou de mim, da minha mãe, esteve sempre presente em nossas vidas. Me educou, me levou pra escola, me ajudou com o dever de casa, me corrigiu quando foi preciso, me ensinou o que é certo e o que é errado. Em resumo, ele é responsável pelo homem que me tornei, moldou o meu caráter. Tenho muito orgulho de dizer que ele é meu pai, tenho orgulho de ser filho dele. 

Estou achando estranho falar sobre isso porque não costumo abordar esse assunto. Mas é uma forma de declarar o meu amor por ele, reafirmar a importância dele na minha vida. O Ricardo foi o maior presente que Deus poderia ter me dado, e penso que não posso pedir mais nada a Ele, nesta vida. 

Meu pai é o meu herói. Ele abriu mão de muitas coisas por mim. Quantas vezes deixou de fazer o que queria, para estar comigo, de querer algo para ele, mas optar por abrir mão para me dar o que fosse. Ele enfrentou a negação de amigos e pessoas do convívio dele para me assumir. Falavam que era um risco adotar, que era complicado, enfim, falavam muito contra, tentando fazer com que ele desistisse. Não adiantou. Ele resistiu, insistiu e nada o fez mudar de ideia. Sentia, no coração, que nunca se arrependeria, que estava fazendo uma coisa boa. 

Meu pai e minha mãe não esconderam nada de mim. Me contaram essa história desde o começo e não tive nenhuma vontade de conhecer o pai biológico. Não tenho esse tipo de necessidade e muito menos curiosidade sobre isso. Já tenho um pai, é o Ricardo, a figura paterna presente desde que nasci. Dele herdei os melhores sentimentos. Com a convivência diária aprendi a ser justo, solidário e atencioso. Às vezes penso que se fosse filho biológico dele não seríamos tão parecidos. 

Minha mãe conta que quando eu tinha entre um e dois anos de idade, ele comprou a camisa oficial do Flamengo pra mim e saía pela cidade, orgulhoso, exibindo o filho flamenguista. Morro de rir com essa história. E muitas outras, porque ele sempre foi assim, feliz de ser meu pai. 

Quando ganhei um prêmio de revelação da AFI (Associação Friburguense de Imprensa), em 2015, ele estava lá, como sempre em todos os momentos importantes da minha vida. Quando viajo a trabalho, ele me acompanha, mesmo estando longe, querendo saber se está tudo bem. Essa relação é muito bacana, somos muito mais que pai e filho. Conversamos sobre tudo, muitas vezes como melhores amigos um do outro. Faço questão de apresentá-lo aos amigos, colegas, em todo lugar. 

Tenho a melhor família que poderia querer, e se hoje também penso em formar a minha própria família, devo aos meus pais. Eles são a minha maior inspiração e o exemplo do que é ser pai!”

Depoimento de Anderson Ricardo de Paula Oliveira, pai do João Luccas 

“A primeira coisa que eu lembro, é que eu queria registrar o João Luccas, logo, pra ser meu, entende? Um documento oficial ia me auto-afirmar como pai. Pra mim não bastava só criar, queria que tivesse o meu nome. Então, fui no cartório, registrei, pronto (rs)... e quase acabei preso por causa disso porque não era o procedimento legal. 

Depois é que fui informado de que devia procurar um juiz. Ele quase me deu voz de prisão (rs). Mas expliquei a situação e ele entendeu. Falou assim, ‘Ricardo, vamos rasgar isso aqui que é ilegal e fazer direito, conforme a lei’. Me explicou que era preciso entrar com um processo de adoção para eu ter o documento legal. Essa legalização levou uns dois anos para resolver, mas resolveu. Na verdade, eu já era o pai, né, éramos uma família, morávamos juntos. 

Você (Luccas) estava crescendo e tem sido muito bom esse tempo todo. Eu queria ter até hoje o primeiro presente que te dei que foi o uniforme do Flamengo, cara… comprei oficial, mano, gastei a maior grana (rs)… 

O garoto mal tinha um ano e andava vestido de Flamengo, oficial, e eu duro que nem um côco, mas fiz e faria tudo de novo. Tudinho.”    

 

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