Cinco anos depois, o Friburguense deixa a elite do futebol estadual e vai jogar a segunda divisão do campeonato carioca em 2017. A confirmação do trágico desfecho aconteceu na tarde do último sábado, 16, com a derrota para a Portuguesa por 1 a 0 no estádio Luso-Brasileiro. O gol de Maicon Assis decidiu o equilibrado duelo, que poderia ter tomado outro rumo se a trave não tivesse parado Bernardo Ribeiro no lance anterior. Não há mais como lamentar. Resta agora viver novamente o pesadelo, reorganizar a casa e acordar para voltar a sonhar em 2018.
Primeiro tempo morno
Ventania, gramado precário e, em alguns pontos, até mesmo desnivelado. Dificuldades que o Friburguense já sabia que iria encontrar no estádio Luso-Brasileiro. Talvez por projetar um confronto de bastante marcação, o técnico Gerson Andreotti optou pela trinca de volantes, com Bidu — que atuou quase como terceiro zagueiro, como é costume — Zé Victor e Vitinho. Jorge Luiz, que voltava para buscar o jogo, dividia a responsabilidade da criação com Gleison, enquanto Caíque era o homem mais adiantado.
A movimentação do camisa nove abriu espaço para a chegada de Jorge Luiz aos dois minutos, mas Pessanha fez o corte antes da finalização. A fim de jogo e com mais liberdade, o maestro limpou dois marcadores no lance seguinte, mas não bateu fraco e sem direção. Eficiente na marcação, que começava ainda no campo de ataque, e com as subidas constantes de Sérgio Gomes e Flavinho, o Friburguense controlava as ações, embora fosse pouco efetivo.
O Tricolor teve bom momento aos 18 minutos, quando Bruno curtiu de atacante e fez o giro na grande área, mas o goleiro Márcio cortou a tentativa de passe. No contragolpe, a Portuguesa tinha boas possibilidades, mas a defesa do Frizão se restabeleceu a tempo de afastar o perigo. Destaque para o pique do capitão Cadão que, aos 44 anos, correu do ataque até a defesa e chegou junto para atrapalhar a finalização.
Marcos trabalhou pela primeira vez depois do tempo técnico, quando Éberson cobrou falta de média distância e o goleiro defendeu em dois tempos, sem grande dificuldade. Era o começo de uma sequência fundamental de intervenções, uma vez o que o Frizão havia diminuído o ritmo e a Portuguesa crescido no jogo. Mas essa não era a pior notícia naquele momento: Cabofriense e Bonsucesso venciam, e os resultados rebaixavam o Friburguense.
Aos 33 minutos, Marcos evitou o gol de Éberson com pés, em momento de pressão da Lusa. O goleiro do Frizão e depois Cadão evitaram o pior aos 39 minutos, ao mesmo tempo em que o Tigres havia empatado com o Bonsucesso. Um sopro duplo de esperança, que virou brisa quando o América abriria o placar em Macaé. A falta cobrada por Victor Hugo tirou tinta da trave, e foi o último registro importante da etapa inicial na Ilha do Governador.
Trave, expulsão e queda
Embora os resultados fossem ruins até então, o Friburguense dependia apenas de si. Por isso, Andreotti abriu mão de um volante, Zé Victor, e promoveu a entrada de Lohan já depois do intervalo. E foi do jovem jogador a cabeçada perigosa que tinha a direção do gol aos três minutos, em lance foi salvo na pequena área por Pessanha.
O detalhe é que Lohan recebeu com liberdade, depois de belo levantamento de Gleison. Caíque, caindo mais pelas pontas, também tentou encontrar Lohan, mas um desvio no meio do caminho impediu a conclusão do centroavante. Foi o último ato de Caíque, substituído por Jefinho na sequência.
Gilcimar, por sua vez, conseguiu o chute na tentativa de resposta lusa, e Marcos fez bela defesa para manter o zero no marcador. Se o Friburguense desperdiçou um bom contra-ataque, a Portuguesa seguiu a cartilha e Marcos salvou novamente aos 16 minutos.
A falta cobrada por Jorge Luiz e a cabeçada torta de Lohan não foram suficientes para encontrar o gol salvador. Depois de um levantamento de Flavinho, que pouco havia apoiado até então, Lohan mandou na direção do gol, mas com força em excesso. A individualidade apareceu quando Jorge Luiz passou pela marcação de três jogadores e bateu no canto. Márcio já estava vencido, mas a bola caprichosamente passou rente à trave esquerda.
O Frizão cresceu no jogo e retomou a posse de bola na metade final. Para aumentar o poderio, Bernardo foi a campo aos 32 minutos. Mas, curiosamente, foi a Portuguesa que teve grande chance no contra-ataque, quando Gilcimar recebeu com liberdade e bateu para fora.
O jogo esquentou de vez, mas o Friburguense recebeu um balde de água fria quando Jefinho levou cartão vermelho diretamente aos 40. Seria cômico se não fosse trágico: para reforçar o cenário dramático, mesmo com um homem a menos, Bernardo carimbou a trave de Márcio no minuto seguinte.
A sorte que faltou ao Tricolor da Serra sobrou a Maicon Assis, que acertou belo chute no canto de Marcos e abriu o placar para a Portuguesa. Os jogadores tentaram desfazer o baque para buscar, pelo menos, o gol de empate. Não houve oportunidade e nem tempo. Sem nenhuma vitória longe de Nova Friburgo, e apenas seis pontos na Taça Rio, o Frizão está rebaixado para a série B do Carioca.
Ficha Técnica
Portuguesa
1 x 0
Friburguense
Campeonato Carioca 2016 - Taça Rio
7ª rodada
16/04/2016 - 15h15
Estádio Luso-Brasileiro, Ilha do Governador - RJ
Público e Renda: Não divulgados
Árbitro: Rodrigo Carvalhaes de Miranda
Assistentes: Carlos Henrique Filho e Thiago Magalhães
Portuguesa: Márcio; Belarmino, Pessanha, Allan Miguel e Diego Maia; Alexandre Carioca (Maicon Assis), Adriano, Victor Hugo e Éberson (Rodrigo); Alan e Gilcimar.
Técnico: Didinho
Friburguense: Marcos; Sérgio Gomes, Cadão, Bruno e Flavinho; Bidu, Zé Victor (Lohan), Vitinho (Bernardo), Jorge Luiz e Gleison e Caíque (Jefinho).
Técnico: Gerson Andreotti
Resultados da 7ª rodada - Taça Rio
Portuguesa 1 x 0 Friburguense, Luso Brasileiro
Bonsucesso 2 x 1 Tigres, Moça Bonita
Resende 1 x 2 Cabofriense, Trabalhador
Macaé 2 x 1 América, Moacyrzão
Classificação Final
1º- Resende, 15 pontos
2º- Macaé, 13 pontos
3º- Tigres, 11 pontos
4º- Portuguesa, 11 pontos
5º- Cabofriense, 10 pontos
6º- Bonsucesso, 8 pontos
7º- Friburguense, 6 pontos
8º- América, 5 pontos
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