Frizão carimba o passaporte de retorno à elite do futebol estadual

Tricolor da Serra podia perder de 2 e crava 1 a zero contra o Goytacaz, garantindo acesso à Série A. Time ainda pode agora, de bônus, conquistar o título da Série B1
quarta-feira, 02 de outubro de 2019
por Vinicius Gastin (esportes@avozdaserra.com.br)
A torcida tricolor em festa no Eduardo Guinle (Fotos: Igor Cruz)
A torcida tricolor em festa no Eduardo Guinle (Fotos: Igor Cruz)

O Friburguense não precisou ser brilhante como foi em Nova Iguaçu, Bangu ou Campos. Tampouco precisou da estrela do atacante Dedé. O acesso veio com a cara desse grupo montado para o Campeonato Carioca da Série B1: muita transpiração, obediência tática e comprometimento.  A família tricolor, comandada pelos ídolos Cadão e Sérgio Gomes, auxiliados por toda uma comissão técnica e capitaneados por Siqueirnha, leva o “orgulho da nossa terra” novamente para a primeira divisão estadual, na fase seletiva. 

O carimbo do acesso foi o gol de Raniel cobrando pênalti, aos 19 minutos do segundo tempo. O estádio Eduardo Guinle, com quase mil pessoas na tarde desta quarta-feira, 2, explodiu em alegria nas cores azul, vermelho e branco. O Frizão voltou!

Na grande decisão da Série B1, o Friburguense vai enfrentar o América, em dois jogos. O primeiro acontece já neste sábado, 5, às 15h, no Eduardo Guinle. O título é decidido na semana seguinte, dia 12, provavelmente em Moça Bonita. A taça, caso conquistada, será bônus para uma campanha heróica. Sem praticamente nenhum recurso, com pouco apoio, mas com muito coração. Que volta a pulsar entre os principais clubes de futebol do Rio de Janeiro.

O jogo

Respirar o clima de um jogo decisivo. O torcedor do Friburguense estava com saudades desse tipo de momento! E não foi qualquer um. Voltar à Série A, mesmo que na fase Seletiva (a primeira da elite carioca) significaria muito mais do que o status de voltar a pertencer ao grupo de principais clubes de futebol do Rio de Janeiro. Subir de divisão é sinônimo de recursos, fortalecimento do trabalho com as crianças, com a base, a manutenção dos funcionários mais humildes. Sobrevivência, de fato.

Por isso o Eduardo Guinle recebeu um grande público. A torcida tricolor entendeu o momento e confiou em uma equipe que cresceu na reta final, e até então havia sido impecável nos momentos decisivos. Trouxe grande vantagem para a Serra, podendo perder por até dois gols de diferença, num palco onde há quatro anos não era derrotado desta forma (a última vez foi para o Botafogo em 2015). Motivos de sobra para crer, acreditar, vestir a camisa e torcer. Vibrar com um time vibrante. 

Ainda sem Vitinho, o Tricolor manteve a formação que venceu os dois últimos jogos. Já o tão pedido Luquinha foi a novidade do Goyta, tornando o time mais ofensivo em relação ao jogo de Campos. A primeira boa chegada foi do Friburguense, na falta cobrada da esquerda e a cabeçada de Julio Cesar, por cima da meta. Ligado no jogo, o Tricolor chegou novamente com Jeffinho, em chute que parou na zaga campista. Na sequência do lance, Dedé tentou e acabou travado. Aos oito, Diego Ibraim, novamente como meia, descolou belo lançamento para Toshyia ganhar na corrida de Gilberto, passar por Adilson e bater, desequilibrado, por cima da meta. Ameaçado apenas na bola, sem muito perigo, o Frizão, ainda que abaixo do que costuma render, controlava o jogo e deixava o relógio correr.

O Goytacaz vivia uma sinuca de bico. Abrir o time ou segurar o jogo em busca de uma bola? Ela apareceu no pé direito de Flamel, que bateu firma da entrada da área. A bola ainda desviou e viajava em direção ao ângulo direito, quando Afonso, de mão trocada, voou para fazer grande defesa. O Frizão teve a sua boa chance com Dedé, praticamente cara a cara com Adilson. O camisa nove bateu fraco e facilitou a vida do goleiro visitante. Toshyia levou perigo em chute cruzado, e o Goyta respondeu em cabeçada de Jairo Paraíba, sem direção. O 0x0 e o tempo jogavam a favor.

Segundo tempo

Necessitando de no mínimo três gols – desde que não sofresse nenhum -, o Goytacaz foi mais ofensivo no segundo tempo. A entrada do atacante Alexsandro na vaga do zagueiro Klebinho foi a novidade João Carlos Ângelo na volta do intervalo, e o time de Campos passou os primeiros minutos no campo de ataque. Logo aos dois minutos, Flamel experimentou em cobrança de falta para a defesa segura de Afonso. O Friburguense tentou na mesma moeda, com Diego Ibraim, mas Adilson também não teve dificuldades para defender. Aos 11 minutos, Piauí, o outro atacante disponível no banco do Goyta entrou em campo. 

Se teve um jogador rendendo abaixo do normal no Friburguense foi o artilheiro Dedé, por isso Cadão apostou em Rodrigo. Tem muito crédito. Acima da média, no caso, nos jogos anteriores e neste, Jeffinho. Ele roubou a bola de Peterson, puxou o contra ataque e foi parado com a mão na tentativa de encontrar Toshyia. Pênalti marcado por Arruda, cobrado e convertido por Raniel aos 19 minutos.

Cabe a ressalva: o Goytacaz lutou até o final, mas era inevitável não sentir o gol tricolor. A missão, que já era difícil, ficou ainda mais complicada. Marcar quatro gols em 25 minutos, exatamente o mesmo número de vezes em que a zaga foi vazada em todo o segundo turno. 

Não tem jeito. Jogo do Friburguense, no Eduardo Guinle, a torcida pede Ziquinha. E o ídolo tricolor, maior artilheiro da história do clube, entrou em campo para participar do momento. E quase fazer o segundo, aos 37, de perna canhota. Parou em Adilson. A nota triste foram as expulsões de Jorge Luiz aos 40 minutos, e Jeffinho, aos 43, agora desfalques para o primeiro jogo da final. Nada que pudesse estragar a apoteose em Nova Friburgo. 

Ficha Técnica:

Friburguense 1x0 Goytacaz 

 

Campeonato Carioca Série B1 2019

Semifinais

02/10/2019 – 15h

Estádio Eduardo Guinle, Nova Friburgo-RJ

Renda: R$ 11.000,00

Público: 900 pagantes / 990 presentes

 

Árbitro: João Batista de Arruda

Assistentes: Wagner de Almeida Santos e Marcio Moreira de Queiroz 

 

Friburguense: Afonso; Murillo, Raniel, Julio Cesar e Digão; Jeffinho, Diego Ibrahim e Jorge Luiz; Maycon Douglas (Ricardo), Toshiya e Dedé (Rodrigo).

Técnico: Cadão

 

Goytacaz: Adilson; Paulinho, Gilberto, Klebinho (Alexsandro) e Lucas; Joel, Peterson e Flamel; Vinícius Paquetá (Piauí), Jairo Paraíba e Luquinha.

Técnico: João Carlos Ângelo

 

 

 

 

 

 

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