Frizão bate o América e é campeão da Série B1 Estadual

Taça vem para Nova Friburgo após longo jejum de títulos e cidade volta à elite do futebol carioca em grande estilo
terça-feira, 15 de outubro de 2019
por Vinicius Gastin (esportes@avozdaserra.com.br)
A equipe vitoriosa
A equipe vitoriosa

Clube campeão tem que ter competência, coração e sorte para os momentos decisivos. Precisa ter grupo para a maratona de jogos. Tem que ter inspiração, e quem sabe até um tempero especial. Talvez japonês, ou de um xará de artista. Precisa contar com quem se identifica com a história, com aqueles que foram criados lá dentro e sabem as dificuldades enfrentadas. Precisa se superar na parte física, e crescer na parte técnica. É preciso ter alguém que lidere dentro e fora de campo. É necessário ser Friburguense. 

O Tricolor da Serra, de Nova Friburgo, da elite e, agora, campeão Carioca da Série B1. Título conquistado com a vitória sobre o América por 2 a 1 na tarde do último sábado, 12, em Moça Bonita, com gols de Maycon Douglas e Toshyia. 

O Friburguense começa a agora a montar o planejamento de preparação para a Seletiva, que terá início na segunda quinzena de dezembro. Algumas peças importantes devem deixar o clube e outras possuem boas chances de permanecer. O Tricolor também vai ao mercado para buscar reforços, e a maioria deve vir da própria Série B1. Mais um desafio imenso na história do Frizão está por vir.

O jogo

Três dos principais nomes do Friburguense na temporada não estavam em condições de atuar em Moça Bonita. Jefinho e Raniel, suspensos, e Vitinho, ainda lesionado, estiveram no estádio apenas para reforçar a torcida e os laços de união que levaram a equipe até a elite do futebol carioca após três jogos. Mas esse mesmo grupo teria o desafio final de tentar levantar a taça e coroar uma campanha crescente, até então impecável nos momentos decisivos. 

Magrão pouco jogou neste 2019. Mas sempre esteve presente no dia a dia de treinos, e sem Raniel e Bruno Leal, foi o escolhido de Cadão para formar a dupla de zaga com Júlio César logo na grande decisão. Oportunidades que o futebol proporciona, assim como as que tiveram Murillo e Ricardo. Além da possibilidade do retorno de Jorge Luiz. 

Dos pés do camisa dez saiu o passe para Maycon Douglas na esquerda, em velocidade aos quatro minutos. O camisa oito avançou, puxou para a perna direita e experimentou por cima da meta. Estava desenhado o caminho por onde o Frizão poderia levar perigo.

Nem mesmo o forte calor de Bangu, na Zona Oeste carioca, diminuiu a intensidade do primeiro tempo. O Friburguense teve a chance do contra-ataque aos 11, quando Toshyia encontrou a velocidade de Maycon pela esquerda. O domínio já colocando na frente o deixou em boas condições. O atacante tocou por cima de Deola, Lucão tentou tirar, mas a bola morreu no fundo das redes.

O América quase sempre apostava em seu lado direito de ataque, através das investidas de Chay, Foi dele o cruzamento para Babi aos 18 minutos, atrapalhado por Magrão no momento de tentar o cabeceio. O time rubro, naturalmente, passou a ter mais posse de bola, enquanto o Tricolor esperava a oportunidade do contra golpe. E a teve aos 26, mas Ricardo colocou muita força no passe em direção a Toshyia. 

Minutos depois, Maycon foi novamente acionado, avançou, cortou para o meio e bateu, com muito perigo, à direita de Deola. Oportunidade que não foi melhor que a de Toshyia, aos 30. O japonês recebeu na pequena área de Maycon, após nova arrancada, mas errou o alvo.

Em decisão não há muito espaço para erros. E apesar de controlar a partida e ser pouco ameaçado, o Friburguense enfrentava um time com qualidade no ataque. Aos 35 minutos, Pedrinho fez boa jogada individual, levou da esquerda para o meio da intermediária e bateu rente à trave de Afonso. 

Pouco depois, o camisa 1 teve tranquilidade para defender a cobrança de falta de Kunzel, no centro da meta. Um pouco mais tarde teve dificuldade para defender a cobrança de Pedrinho, e apenas torceu na cabeçada rente ao poste esquerdo, após a cobrança do escanteio. 

Não acomodado com a vantagem, o Tricolor criou mais algumas chances. A primeira com Toshyia, que experimentou de fora da área e obrigou Deola a fazer difícil defesa. Aos 44, Ricardo infiltrou e parou na boa saída de Deola. No rebote, Dedé bateu para fora. 

Segundo tempo

Com Julinho no lugar de Wagner Diniz, Ney Barreto tentou duas jogadas em uma só cartada: tornar o América mais ofensivo e corrigir a marcação pelo lado direito de defesa, por onde Maycon Douglas infernizou durante a primeira etapa. E foi por ali que o Friburguense investiu com Ricardo aos três minutos. A defesa americana cortou parcialmente de Diego Ibraim tentou bater de primeira, por cima da meta. 

Aos 12, a sorte esteve ao lado do Friburguense na cobrança de falta de Pedrinho, no travessão. Pouco depois, após escanteio, Afonso cortou parcialmente e a bola sobrou para Chrispim bater cruzado. Diego Ibraim salvou em cima da linha. 

A pressão inicial do América não foi o único problema. Maycon Douglas passou mal em campo, e teve que ser substituído por Dieguinho. E pasmem: o jogador que passou a cair pela esquerda de ataque foi fundamental para o segundo gol tricolor, aos 13 minutos: Ricardo acreditou no lance, ganhou a dividida com a zaga, passou por Deola e rolou para Toshyia. 

Com o gol livre, o japonês apenas complementou para ampliar a vantagem do Frizão. Inspirado, Toshyia voltou a incomodar pela direita, passou por Quaresma e buscou o passe para Dedé, interceptado por Deola.

Depois do tempo técnico o time rubro se atirou de vez ao ataque. Na bola alta, nos laterais arremessados para a grande área, nos pedidos frustrados de pênalti a cada queda na grande área. Mas há um acontecimento que merece destaque especial: a entrada de Bidu aos 27 minutos. Foram meses se recuperando de uma lesão, e nada como retornar ao time no jogo da taça. Um símbolo para participar da conquista de outro. 

Também não há como deixar de exaltar Magrão. Por cima e por baixo. Gigante! Salvou em cima da linha o chute de Chrispim aos 34 minutos. Pedrinho descontou para o América aos 41 minutos, em belíssima cobrança de falta. 

A pressão não foi pequena. Vários levantamentos à grande área e tentativas do América marcaram os instantes finais de partida. No entanto, cada jogador tricolor se multiplicou no último esforço até o apito final, escrevendo assim uma história de vários capítulos, para compor o livro do Campeonato Carioca da Série B1. Com prefácio, clímax e encerramento assinados pelo Friburguense. 

Ficha Técnica

América 1 x 2 Friburguense

Campeonato Carioca Série B1 2019 - Final

05/10/2019 - 15h

Estádio Proletário Guilherme da Silveira, Bangu-RJ

Árbitro: Alex Gomes Stefano

Assistentes: Gustavo Correia e Guilherme Tavares

 

América: Deola; Wagner Diniz (Julinho), Lucão, Vladimir (Daniel) e Quaresma; Araruama, Kunzel, Chay (Chrispim) e Miguel; Pedrinho e Matheus Babi.

Técnico: Ney Barreto

Friburguense: Afonso; Murillo, Magrão, Júlio César, Digão; Diego Ibraim (Bidu), Ricardo e Jorge Luiz; Maycon Douglas (Dieguinho), Toshiya (Wellington) e Dedé.

Técnico: Cadão

 

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