Determinados locais em Nova Friburgo fazem parte de um acervo histórico diferente: o acervo popular dos friburguenses. Não estão inseridos nos roteiros turísticos, não estão disponíveis impressa ou virtualmente aos visitantes, tampouco são reconhecidos pelo GPS: estão na cabeça dos nativos. E só.
Alguns já nem existem. Se você não for friburguense, não se espante se, de repente, se vir obrigado a procurar uma placa indicando onde seria o tal ponto da Casa Mieli, que por sinal é logo depois do Select. Ponto da Móveis Araújo? Esqueça a loja, ela não existe mais, é só uma referência, que só o povinho da terra vai saber onde é. Esteja apto a ouvir coordenadas como Rua do ABC — que já foi em seguida Barateiro, Comprebem, e agora é Extra, mas que será eternamente ABC em nossos corações —, Rua do Cêfel — tem gente que pode jurar de pés juntos que o colégio existe até hoje —, Rua do IPC, Rua do Bolero e “em frente ao Pãozão”. O Max Box, outrora Casas da Banha, a Rainha do Sabão, galeria do cinema — enfim, nós moradores nos entendemos com as coisas mesmo quando as coisas não estão mais lá.
Estamos presos aos padrões. Ou talvez não propriamente presos, mas seguros, acostumados — isso: a palavra é “costume”. Tanto que, depois de batizadas no vulgo as ruas, não arredamos pé das nossas próprias impressões: é Rua Baronesa, Rua do Arco; é Rua do Antigo Fórum até a morte. Você sabia que a “subida das Braunes” tem um nome oficial? É Rua Carlos Alberto Braune, descobri hoje! E eu nem sei o nome atual da rua que se chamava São João. É a “Antiga Rua São João” e pronto.
Há uma relação quase parental dos friburguenses com seus comércios. Adiantou de nada o pobre comerciante da Avenida Alberto Braune batizar a lanchonete de Pingo de Ouro: virou Apertadinho e jamais deixará de ser. A Bota Preta, uma loja lendária na mesma avenida, já virou padaria gourmet e loja de roupas infantis, mas no imaginário o prédio continua sendo “o da Bota Preta”.
E você, acrescentaria algo mais nesta lista?
Deixe o seu comentário