Festa une religião, tradição e popularidade

Folia de Reis celebra o nascimento e a visita dos três Reis Magos ao Menino Jesus
sábado, 11 de janeiro de 2020
por Vitória Nogueira*
Festa une religião, tradição e popularidade

A Folia de Reis é uma festa popular e tradicional brasileira, conhecida pela grande demonstração da religiosidade que marca o país. Trazida pelos colonizadores portugueses no século XVIII, a festa instalou-se primeiramente em Sergipe, mas mantém vivo o modo como é celebrada e chamada, em diversas cidades, principalmente em municípios do interior do país. 

A celebração, também conhecida como Terno de Reis ou Reisado, dura 12 dias, com início no dia 24 de dezembro, véspera do nascimento de Jesus, e encerramento oficial no dia 6 de janeiro, data da chegada dos Reis Magos a Belém.

Segundo a tradição católica, os três reis, Gaspar, Melchior (ou Belchior) e Baltazar, foram ao encontro de Jesus assim que viram a Estrela de Belém no céu. Presentearam o menino Jesus com ouro, incenso e mirra.

O ouro representava ali a realeza, pois os magos procuravam o rei dos judeus. O incenso, simbolizava a fé, a oração que chega a Deus. E a mirra, uma resina usada como remédio, de sabor amargo, que significava o sofrimento que Jesus iria passar. 

O dia 6 então ficaria marcado não só como o Dia de Reis, mas também sinalizaria a data na qual as árvores, presépios, adornos e decorações natalinas seriam retiradas pelas famílias que decoram suas casas para as festas de fim de ano. 

Em regiões que mantêm a tradição viva, predominantemente o Sudeste, Centro-Oeste e alguns lugares do Nordeste e Sul do país, é comum que os grupos de Folia de Reis, também chamados de Companhias de Reis, visitem as casas nesse dia, tocando músicas e dançando para celebrar o nascimento de Jesus e o encontro com os três Reis Magos.

Os Três Reis  

Embora chamados de reis, os três magos eram sábios que viajaram das suas terras com o intuito de visitar o Menino Jesus e adorá-lo. Belchior veio da Europa, Gaspar da Ásia, e Baltazar da África, para que representassem assim pessoas diferentes. A tradição diz que eram três, mas não há registros históricos que afirmem quantos eles eram. 

O caminho para Belém, onde Jesus nasceu, teria sido indicado pela estrela de Belém, que se tornou símbolo do Natal. O fenômeno de seu aparecimento não é desvendado pelos astrônomos, que estudam sua origem até os dias atuais.

Na catedral de Colônia (cidade alemã), encontram-se guardados os restos mortais dos reis magos, uma das relíquias mais sagradas do mundo cristão.

Canções

As músicas tocadas e cantadas durante as Folias ditam a animação da festa. Em algumas regiões, algumas vezes as canções são inaudíveis pelo tanto de caos sonoro produzido. Isso acontece porque o ritmo da celebração ganhou, com o tempo, adições de origens africanas com fortes batidas e clímax de entonação vocal. 

Entretanto, um componente permanece imutável: a canção da chegada, em que o líder (ou capitão) pede permissão ao dono da casa para entrar; e a canção da despedida, em que a folia agradece as doações e a acolhida, e se despede. 

O legado de Câmara Cascudo

O historiador, antropólogo, jornalista e advogado Luís da Câmara Cascudo foi e continua sendo um dos mais respeitados pesquisadores do folclore e etnografia no Brasil. Cascudo, que viveu praticamente toda sua vida em Natal (Rio Grande do Norte), é lembrado por muitas obras. Em sua extensa bibliografia, o escritor dissertou também sobre a Folia dos Reis, inserindo a manifestação cultural no Dicionário do Folclore Brasileiro, seu trabalho mais importante como folclorista, lançado em 1954 e reconhecido no mundo inteiro. 

Até hoje, a sua obra é preservada e divulgada através do Instituto Câmara Cascudo (Ludovicus), que mantém o acervo do autor na mesma casa em que ele residiu por cerca de 40 anos na cidade de Natal.

*Matéria da estagiária Vitória Nogueira sob supervisão de Ana Borges

 

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