Especial professores: na formação, ainda o sonho de educar

Número de jovens à procura de uma vaga para estudar na instituição e se formar professores cresce a cada ano no Ienf
segunda-feira, 16 de outubro de 2017
por Karine Knust
O Ienf
O Ienf
“Escolhi ser professora por acreditar que a educação é transformadora e só através dela seremos capazes de mudar a sociedade”. Essa foi a resposta da estudante de um dos cursos de formação de professores de Nova Friburgo, Nathália Saippa, ao ser perguntada sobre o motivo de ter escolhido uma profissão tão desafiadora.

“Ser professor é acreditar muito no outro, ver potencial onde alguns veem dificuldade”

Professor Marlon

Mãe do pequeno Paulo Henrique, de 1 ano e meio, Nathália, de 27 anos, conta que sua maior inspiração para abandonar a área de Logística para voltar à sala de aula e aprender a lecionar foi o próprio filho. “Sempre gostei da área, mas, depois que me tornei mãe, fiquei ainda mais encantada com as descobertas infantis. É nessa fase que temos a oportunidade de criar pensadores capazes de questionar tudo o que vem sendo feito com nosso país”, afirma.

Além da rotina de cuidados com o filho e as duas enteadas, de 8 e 13 anos, casa e o curso de formação de professores durante a noite, Nathália também divide o tempo estudando Pedagogia no Cederj. E, mesmo em meio a uma realidade tão dura para os professores brasileiros, com salários baixos e situação cada vez mais complicada dentro de sala de aula, a jovem afirma que não pensa em desistir. “Mesmo com tudo isso, não cogito a possibilidade de parar. Quero muito ser professora”.

Sobre sua referência dos tempos de escola, Nathália é rápida em afirmar: “Sônia Patti foi minha professora de alfa e depois de ensino médio. Ela sempre nos ensinou com muito carinho e nos incentivava a ser melhores em tudo”.

Ensinando a ensinar

Nathália Saippa não é minoria quando o assunto é buscar uma profissionalização para o magistério. De acordo com a coordenação do Instituto de Educação de Nova Friburgo (Ienf), escola estadual referência na formação de professores de séries primárias, o número de jovens à procura de uma vaga para estudar na instituição cresce a cada ano. “Para o ano que vem, inclusive, já solicitamos abertura de mais turmas para ter condições de receber os estudantes que se inscrevem, mas não conseguem vaga”, afirma a diretora adjunta da unidade, Margot Pinheiro.

O ensino médio com formação de professores do Ienf conta, atualmente, com cerca de 350 alunos. Todos os anos, a unidade forma, ao menos, 60 novos profissionais. Com direção geral de Cláudia Ribeiro Catrib Seixas, o instituto tem uma equipe formada por 84 funcionários, sendo 64 deles professores.

Para ensinar os conteúdos que vão além do ensino regular, os alunos estudam em horário integral e têm contato com a parte prática da profissão, nos estágios que acontecem em parceria com o governo municipal. E, se nas escolas comuns estudantes têm, em média, 12 disciplinas por ano, no Ienf o número chega a dobrar. Dentre as matérias “extras” estão psicologia da educação, sociologia da educação, educação infantil, ensino fundamental, educação especial e educação de jovens e adultos.

Denise de Souza Amorim Satyro, 44 anos, estudou no Ienf e hoje é professora de disciplinas pedagógicas na unidade. Para ela, a vocação é o verdadeiro divisor de águas para a profissão. “É preciso ter um perfil diferenciado para ingressar em um curso de formação de professores. Quando uma turma começa, a primeira coisa que perguntamos é sobre qual o motivo de terem escolhido essa profissão e, na maioria das vezes, eles são incentivados pelas famílias, vivem nesse universo e se encantam. Me sinto privilegiada em trabalhar nessa formação, fazer parte da história desses futuros profissionais. Trabalhar com esse público, ensinar a ser professor, além de passar o conteúdo, é passar esse encantamento e paixão pela profissão”, defende Denise.

Opinião semelhante tem o professor Marlon Maciel Mello, 41 anos, que há 13 faz parte do quadro de docentes do instituto. “Alguns alunos começam sem ter certeza do que querem e, a partir da vivência proporcionada aqui, acabam se encontrando dentro da profissão. É um privilégio trabalhar nessa formação, o ser professor é acreditar muito no outro, ver potencial onde alguns veem dificuldade. Às vezes nos sentimos tristes pela realidade da educação no Brasil, mas o retorno que temos de muitos dentro da sala de aula, esse reconhecimento do nosso trabalho, nos alegra e motiva a seguir”.

Para fazer o chamado Curso Normal (ensino médio com formação de professores) no Ienf, o candidato precisa seguir os mesmos passos de inscrição de qualquer unidade de ensino estadual, pelo sistema Matrícula Fácil. De acordo com o governo estadual, este ano, o prazo para inscrições na rede começa no fim deste mês, dia 31 de outubro, e vai até o dia 4 de dezembro, pelo site http://www.matriculafacil.rj.gov.br. Mais informações sobre o sistema de seleção também pelo endereço eletrônico.  

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