Entre belezas naturais, Sumidouro sofre com falta de tratamento de esgoto

Após destacar o exemplo da Câmara de Vereadores do município vizinho, A VOZ DA SERRA dá continuidade à série de reportagens abordando um grande problema da localidade
quinta-feira, 03 de setembro de 2015
por Márcio Madeira
Galeria construída para escoar água de chuva também recebe esgoto de residências (Foto: Henrique Pinheiro)
Galeria construída para escoar água de chuva também recebe esgoto de residências (Foto: Henrique Pinheiro)

Município essencialmente rural e famoso por paisagens paradisíacas como a famosa Cascata Conde d’Eu — maior do estado do Rio de Janeiro em termos de queda livre, com mais de 127 metros de altura — e também pela prática de esportes ligados ao meio ambiente, entre os quais se destaca o voo livre, Sumidouro convive com a contradição de não dar qualquer tipo de tratamento ao esgoto que produz, engrossando as estatísticas deste descaso ambiental entre as cidades brasileiras.

A situação, no entanto, torna-se ainda mais grave, porque além da grande quantidade de dejetos despejados in natura no Rio Paquequer, em diversos pontos da cidade esse mesmo esgoto corre a céu aberto, próximo a residências e contaminando as mesmas águas onde grande volume de peixes ainda é pescado todos os dias. E, conforme mostrou o vereador Haroldo Suraty (PP) à reportagem de A VOZ DA SERRA, nem é preciso afastar-se do centro da cidade para ter contato com este tipo de situação. Seguindo pela Rua Torres de Lima, por exemplo, a não mais do que 250 metros da Câmara Municipal, já é possível se deparar com uma língua de esgoto correndo livremente, inclusive contaminando o solo em pontos específicos, em meio a grande número de residências.

Não muito distante dali, na chamada Ponte da Cooperativa, próxima à rodoviária municipal a menos de um quilômetro da Prefeitura, situação semelhante pode ser observada. Boa parte do esgoto produzido pela cidade é despejada ali, manchando as águas do rio num ponto onde, sem qualquer esforço, vários cardumes de peixes podem ser vistos.

“Essa é uma situação absurda, que acontece em diversos pontos da cidade”, desabafa Haroldo Suraty. “Para reduzir um pouco do problema e ao menos evitar o acúmulo do esgoto, a própria população, através de alguns empresários, se uniu para comprar o material que foi utilizado na obra de canalização até o leito do Rio Paquequer. A Prefeitura, por sua vez, cedeu a pedra que dá suporte e também a mão de obra, mas o que nós precisamos mesmo é que todo este esgoto seja tratado e deixe de contaminar a natureza”, sentenciou.

Presidente da Câmara Municipal de Sumidouro, o vereador Rondineli Tomaz da Costa é outro a questionar a situação da cidade em relação ao não tratamento do esgoto. “Como toda cidade, Sumidouro está incluída no pacto nacional, no que se refere ao Plano Municipal de Saneamento Básico. Em sua primeira etapa – que trata de água potável, águas pluviais e saneamento básico – já foi feito e apresentado um diagnóstico do que precisa ser feito. Acontece que a morosidade com que as coisas são tratadas pelo Executivo atrapalham o andamento. Há pouco mais de um mês perdemos cerca de R$ 150 mil em verbas, que até devem ser recuperadas, mas fatalmente vão acabar causando mais atrasos à execução do projeto”.

Importa registrar, por fim, que Sumidouro não possui concessionária de águas e esgotos, sendo tais serviços de responsabilidade da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae).

  • Na Rua Torres de Lima, esgoto contamina o solo em meio a grande número de casas (Foto: Henrique Pinheiro)

    Na Rua Torres de Lima, esgoto contamina o solo em meio a grande número de casas (Foto: Henrique Pinheiro)

  • Despejo in natura do esgoto compromete a qualidade de vida dos moradores de todo o município (Foto: Henrique Pinheiro)

    Despejo in natura do esgoto compromete a qualidade de vida dos moradores de todo o município (Foto: Henrique Pinheiro)

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