Encontro no Grêmio Português reúne irmãos de duas nações

Comunidade lusitana de Friburgo recepcionou autoridades de Santo Tirso e Penacova durante celebrações do bicentenário
quarta-feira, 23 de maio de 2018
por Márcio Madeira
O encontro no Grêmio Português (Fotos: Marcio Madeira)
O encontro no Grêmio Português (Fotos: Marcio Madeira)

Era para ter sido um encontro informal, mas acabou sendo muito mais. Sem pretensões solenes e naturalmente, a recepção oferecida pelo Grêmio Português de Nova Friburgo à delegação lusitana presente às celebrações do bicentenário de Nova Friburgo converteu-se numa demonstração didática do potencial da irmanação entre cidades para promover a mudança de paradigmas e ajudar a construir sociedades mais justas e igualitárias.

Participaram do evento, no último dia 17, o presidente da Câmara de Santo Tirso, Joaquim Couto, e também seu vice, Alberto Costa. Os cargos equivalem respectivamente a prefeito e vice-prefeito no Brasil. Além deles também estiveram presentes Humberto Oliveira, presidente da Câmara de Penacova, e Alípio Rui Félix Batista, presidente da Junta de Freguesia de Lorvão, curiosamente conhecida como a Suíça portuguesa. A presença de ambos em Friburgo, e a consequente aproximação entre as duas cidades, foi tributária da excursão da banda Campesina Friburguense àquela região de Portugal em 2017.

O presidente do Grêmio Português, Antônio Matias, frisou a necessidade de renovação da instituição que em junho celebra seu 85º aniversário. O Grêmio também foi representado por Fátima Seraphim, sua filha Ana Paula, e o apresentador da noite, Gustavo Silva de Souza. Também prestigiaram o evento o presidente do Legislativo, Alexandre Cruz, principal responsável pela retomada das relações com Santo Tirso; o presidente do Country Clube, Roosevelt Concy; pelo médico Rommel Condé, representando a Associação dos Médicos do Estado do Rio de Janeiro (Somerj); e por Carlos Magno, presidente da Campesina.

Lições

Ex-governador civil do Porto entre 1999 e 2002 e um dos mais proeminentes homens públicos de Portugal, Joaquim Couto citou três razões para justificar a irmanação de Santo Tirso com Nova Friburgo: a atenção dedicada por Portugal aos protagonistas da chamada diáspora portuguesa, que compõem a enorme comunidade lusa espalhada pelo mundo; a facilidade de comunicação proporcionada pelo compartilhamento do mesmo idioma, e ainda o conjunto de laços, inclusive familiares, que unem as populações de Brasil e Portugal.

Ao término de seu pronunciamento tais razões pareciam de menor importância diante da oportunidade que se descortinou de trocar experiências com um gestor que liderou um processo de reinvenção da própria terra, uma renovação construída sobre pilares como a crença de que investimentos em educação e cultura devem anteceder preocupações meramente econômicas, dado o entendimento de que investir na população trará benefícios financeiros como inevitável consequência. Ou ainda a intransigente defesa da igualdade de gêneros no mercado de trabalho, não apenas por uma questão de princípios ou como sintoma de uma consciência mais elevada, mas também pelo reconhecimento da inestimável contribuição das mulheres ao mercado de trabalho e à administração pública.

Ao registrar a visita de seu governante municipal, a Rádio Voz Santo Tirso comentou: “Contudo, fica sem se perceber quais os benefícios da participação neste evento para o concelho de Santo Tirso”. É certo que o mesmo questionamento também é feito por muitos em Nova Friburgo, e a perda de contato que se deu ao longo dos últimos 30 anos é a prova maior disto. No entanto, para todos os que tiveram o privilégio de ouvir a experiência administrativa de quem, no outro lado do Atlântico, experimenta soluções diferentes para problemas iguais, ficou muito claro que os processos de geminação podem render experiências e aprendizados que vão muito além de intercâmbios comerciais ou educacionais.

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TAGS: 200 anos
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