Em Friburgo, veículo rebocado só é liberado em dias úteis

Turistas que tiveram carros guinchados na cidade se queixam da falta de atendimento na Smomu nos fins de semana
segunda-feira, 05 de agosto de 2019
por Alerrandre Barros (alerrandre@avozdaserra.com.br)
O pátio da Smomu, em Olaria: plantão no fim de semana só para receber veículos rebocados (Fotos: Henrique Pinheiro)
O pátio da Smomu, em Olaria: plantão no fim de semana só para receber veículos rebocados (Fotos: Henrique Pinheiro)

Do alto do Teleférico, a turista carioca Márcia Chagas levou um susto ao olhar para baixo e não ver o carro que o marido dela havia estacionado na Praça do Suspiro durante uma visita do casal a Nova Friburgo em junho. O veículo, alugado, tinha sido rebocado por agentes da Secretaria Municipal de Ordem e Mobilidade Urbana (Smomu). Era um sábado e, como o pátio do órgão de trânsito em Olaria só funciona nos fins de semana para receber veículos rebocados - e não para liberá-los -, a família só conseguiu reaver o veículo na segunda-feira. A família cancelou o plano de visitar pontos turísticos da cidade e, de quebra, teve um prejuízo de R$ 1.500.

“Paramos o carro na praça. Não vimos a placa de que é proibido estacionar ali. Como haviam outros carros no local, não nos preocupamos. Fomos almoçar em um restaurante próximo e, depois, decidimos andar no Teleférico. Lá de cima não víamos mais o carro. Voltamos e tivemos a surpresa: um rapaz nos contou que o veículo havia sido rebocado pelo guincho”, contou a gestora de Recursos Humanos.  

Somente com a roupa do corpo, o casal, junto com a filha de 8 anos, embarcou em um táxi e seguiu até o pátio da Smomu para recuperar o veículo, mas tiveram outra surpresa: não havia ninguém que pudesse liberar o carro, somente um segurança fazia a guarda dos veículos. “Ele deixou que pegássemos as malas, mas, mesmo dispostos a pagar todas as taxas necessárias, não conseguimos reaver o veículo naquele dia. Passamos um transtorno imensurável. Não conhecíamos a cidade”, afirmou a turista. 

Com as malas em mãos, a família seguiu de táxi para o hotel e cancelou os passeios que planejavam fazer em Friburgo. “Estávamos exaustos devido ao transtorno. Queríamos visitar o Jardim do Nêgo (na RJ-130, em Campo do Coelho), mas desistimos porque não dava para chegar lá sem carro. Queríamos jantar em um restaurante legal, mas sem carro não dava. Fomos somente a um shopping no Centro. No domingo, 16 de junho, tivemos que voltar com urgência para o Rio, de ônibus, e deixamos o carro na cidade. O veículo foi retirado do pátio por um funcionário da locadora que veio do Rio só para isso. Tivemos que pagar R$ 1.500 por todo o serviço”.  

Foi a primeira vez do marido e da filha de Márcia na cidade. Ela já havia vindo outras vezes. “Não questiono nosso erro, pois paramos em local proibido. Infelizmente, não vimos a placa de proibido estacionar. Mas como viram que o carro era de uma locadora, e com placa de outra cidade, deveriam ter considerado somente multar. Aí eu pergunto: por que há gente para rebocar no fim de semana, mas não para devolver o carro? Fiquei decepcionada com a atitude”, desabafou ela.

Em julho, durante o Festival Sesc de Inverno, que elevou a ocupação hoteleira da cidade a quase 100%, outra família carioca passou por situação semelhante à de Márcia. O assistente operacional Alessandro Ferreira da Silva veio curtir o frio com a esposa, o sogro, a sogra, o filho e o cachorro em Friburgo. Hospedados em uma pousada no distrito de Mury, no sábado, 20, vieram ao Centro da cidade e estacionaram o carro próximo à Praça do Suspiro. Quando voltaram, o veículo não estava mais lá. 

“Eu não sabia que não podia estacionar no local. Vi um carro saindo da vaga, então, coloquei o meu no mesmo lugar”, contou Alessandro. “Pedimos ajuda a funcionários da pousada onde nos hospedamos, mas, como era sábado, não conseguimos retirar carro do pátio. Voltamos para a pousada e passamos o restante do fim de semana em Mury. Cancelamos passeios. Perdemos, inclusive, o show do Cidade Negra, que queríamos assistir (no Festival de Inverno, na Praça do Suspiro)”, disse o turista.

Os sogros de Alessandro retornaram ao Rio no domingo, mas o casal ficou na cidade mais um dia para retirar o carro do pátio. O sócio da pousada onde família ficou hospedada, Roberto Monteiro, foi solidário ao casal e não cobrou a diária extra. “Na segunda, levei os dois ao Detran para emissão do Nada Consta e depois fomos ao pátio da Smomu. Pagaram as taxas e tiraram o veículo”, contou. Para o empresário, situações como essa prejudicam o turismo na cidade. “Eles provavelmente não voltarão ao município tão cedo. Uma cidade turística precisa estar mais bem preparada para receber visitas. O pátio deveria funcionar todos os dias, como ocorre em outras cidades”, disse Roberto.  

120 veículos por mês

No Rio de Janeiro, por exemplo, o depósito de veículos rebocados funciona todos os dias, incluindo sábados, domingos e feriados, das 8h às 17h. Já em Nova Friburgo, o pátio da Smomu, na Rua Vicente Sobrinho, 80, em Olaria, atende proprietários de veículos de segunda a sexta-feira, de 9h às 17h, e aos sábados, de 9h às 12h. Segundo a Prefeitura de Nova Friburgo, cerca de 120 veículos são removidos das ruas da cidade por alguma infração de trânsito todo mês. 

Para retirar o veículo do depósito, o proprietário precisa pagar multa de R$ 176, apresentar carteira de motorista e o documento do carro e também a Certidão de Nada Consta de Infração de Trânsito junto ao Detran. Deve ainda pagar diária pelo dias em que o veículo ficou no pátio. O valor não foi informado. “A Secretaria de Ordem e Mobilidade Urbana (Smomu) só realiza o reboque em casos de não identificação do dono e quando o veículo está parado em locais inapropriados, muitas vezes causando transtorno e impedindo fluidez do trânsito”, disse a prefeitura em nota.

 

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