Quem acompanha a carreira de Edson Barboza no UFC e assistiu à última luta contra Michael Johnson, em fevereiro, não reconheceu o lutador de Nova Friburgo. E o próprio atleta admite ter saído frustrado do octógono por sua atuação aquém do que pode render. Barboza se esforçou, mas não conseguiu superar o volume de jogo do americano. A vitória por decisão unânime dos jurados (29-28, 30-27 e 30-27) foi consequência de uma atuação segura e sem sustos de Jhonson. O friburguense vinha de duas vitórias consecutivas e, após o revés, voltou ao fim da fila na divisão. O americano, por sua vez, emplacou o quarto triunfo seguido.
“Eu sei que nessa última luta eu não fui o Edson. Mas eu vou treinar mais e mais, para chegar ao topo, que é o meu objetivo. Agradeço a todos que torcem por mim, que colocam seu coração na luta ali comigo. Eu sinto a energia positiva de todos vocês, e conto com todos os friburguenses para a próxima batalha.”
Em meio ao discurso otimista, Edson busca analisar os motivos para a queda de produção no último combate. O lutador de Nova Friburgo, inclusive, revela que alguns fatores externos influenciaram no seu desempenho. Um deles foi a ausência de um dos principais treinadores no dia da luta, algo que o friburguense soube apenas na véspera do duelo. Ou outro, e talvez primordial, foi o acúmulo de novidades na vida pessoal. A divisão do tempo entre os treinos e os cuidados com o filho recém-nascido e as preocupações naturais de um pai de primeira viagem pesaram contra Barboza. Até mesmo por isso, três meses depois de atuar pela primeira vez, ainda não há nenhuma luta prevista.
“Eu precisava de um tempo afastado com minha família. A minha esposa estava no final da gravidez e não fiquei com ela. Meu filho nasceu e não fiquei com ele, por isso eu precisava desse tempo para eles, estar junto.”
Renovado e motivado pelo apoio e carinho dos familiares, Edson Barboza já se considera pronto para voltar a subir no octógono do Ultimate Fighting. Durante o tempo de descanso, o lutador aproveitou para intensificar o tratamento de uma lesão no pé, agravada após o combate contra Jhonson. Em entrevista exclusiva ao A VOZ DA SERRA, o atleta friburguense garante, inclusive, estar preparado para um novo confronto contra o último algoz: “Lutaria agora”.
AVS: Em sua última luta, você disse ter ficado desapontado com o resultado, por não ter rendido o que poderia. Em sua opinião, por que não “conseguiu ser o Edson”?
EDSON BARBOZA: Tiveram muitas coisas exteriores a luta que acho que possam ter prejudicado. Não são desculpas, mas por exemplo, o meu principal treinador, o cara que faz a estratégia, que monta o camp inteiro, que fala na luta, não foi. Eu soube que ele não iria no dia da pesagem, um dia antes da luta. Eu estava com um filho de um mês, é difícil, diferente, não dá para descansar e treinar. Enfim, muitas coisas aconteceram. No entanto, como eu disse, não foi desculpa. Ele foi melhor, mas eu sei que aquele não era o Edson Barboza.
Ao rever o duelo com Jhonson, quais pontos positivos e negativos identificou?
Não fui eu, eu não fiz nada do que treinei, nada do que sei realmente fazer. Agora é virar essa página e me preparar bem para a nova batalha.
Até mesmo pelo desempenho aquém do que pode render: foi a derrota mais pesada da carreira?
Todas as derrotas fazem parte e são pesadas, mas derrota só é derrota quando a gente não aprende nada com ela. Nas três que tive eu sei que tinha tudo para ter vencido o combate. O Donald Cerrone, ainda no vestiário, disse que nunca apanhou tanto em poucos segundos.
A partir de agora (e desde os dias que sucederam a luta), quais os caminhos para retomar o caminho das vitórias?
O caminho de sempre, que é treinar e treinar para melhorar e ajustar os erros. Eu não vou mudar de time porque eu acredito ter o melhor time e parceiros. Mas eu vou treinar ainda mais porque eu quero ser o campeão. Quero levar o nome de Nova Friburgo ao topo.
Você sofreu uma lesão no pé. O que realmente aconteceu, e como está a recuperação?
Meu pé nunca foi 100%, mas isso é coisa de lutador, algo extremamente natural. É aquela dor que a gente aprende a conviver com ela.
Desde o último duelo, não há uma próxima luta confirmada ou mesmo especulações. É uma decisão sua esse espaço maior do que o normal entre o último e o próximo combate?
Foi uma decisão minha, pois eu fiz três ou quatro lutas consecutivas. Eu precisava de um tempo afastado com minha família. A minha esposa estava no final da gravidez e não fiquei com ela. Meu filho nasceu e não fiquei com ele, por isso eu precisava desse tempo para eles, estar junto. Mas eu já estou pronto para a próxima luta, estou a postos para o que o UFC mandar.
Estaria pronto, hoje, para um novo duelo contra Johnson?
Sem dúvida alguma. Eu lutaria agora mesmo.
Ranking dos Pesos-leves - UFC
1º - Rafael dos Anjos, Brasil
2º - Anthony Pettis, Estados Unidos
3º - Khabib Nurmagomedov, Rússia
4º - Donald Cerrone, Estados Unidos
5º - Gilbert Melendez, Estados Unidos
6º - Michael Johnson, Estados Unidos
7º - Benson Henderson, Estados Unidos
8º - Edson Barboza, Brasil
9º - Myles Jury, Estados Unidos
10º - Eddie Alvarez, Estados Unidos
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