Ecos da eleição

terça-feira, 04 de outubro de 2016
por Jornal A Voz da Serra

AS ELEIÇÕES municipais deste ano mostraram que o eleitor brasileiro está cada vez mais descrente da política, o que, de certa forma, é péssimo para o futuro da nação. Nova Friburgo, cidade com pouco mais de 185 mil habitantes e com 151.045 eleitores, simboliza bem o que ocorre hoje no cenário político, já que o resultado apurado no município se repetiu em quase todas as cidades brasileiras, salvo raras exceções. 

DE UM TOTAL de 151.045 eleitores, exatos 33.105 nem apareceram para votar no domingo, 2, o que representa uma abstenção de quase 22%, ou seja, de cada 100 pessoas aptas para escolher o futuro prefeito e seu representante na Câmara de Vereadores, cerca de 22 preferiram não comparecer às urnas em Nova Friburgo. É fato que essa abstenção elevada ocorre em todo o Brasil, mas, também, é inegável que essa situação retrata a descrença de grande parte do eleitorado no sistema político brasileiro, onde o voto é obrigatório e quem não vota é penalizado com uma multa simbólica R$ 3,51, ou seja, o que é obrigatório passa a ser facultativo diante da insignificância do valor da multa.

O FATO É QUE, de um total de 151.045 eleitores friburguenses, apenas 117.940 foram às urnas no último domingo e, ainda assim, 4.229 votaram em branco e exatos 10.837 votaram nulo. É isso mesmo. Parece estranho, mas 10.837 saíram de casa no domingo para comparecer perante sua seção eleitoral, entregar o documento de identidade, assinar a cédula de votação e, em seguida, teclar nulo na urna eletrônica. 

DESTA FORMA, de um total de 151.045 eleitores aptos para escolher o prefeito e o vereador, apenas 102.874 foram de votos válidos nominais no município, o que leva à reflexão sobre o desinteresse ainda maior da população com o processo eleitoral na segunda maior cidade serrana do estado do Rio de Janeiro. 

O DETALHE É que a soma das abstenções com os votos brancos e nulos chega a 48.171 eleitores, número bem maior que os 29.046 votos que garantiram a eleição de Renato Bravo (PP). Cabe agora aos próprios políticos adotarem posturas diferentes e capazes de despertar no conjunto da sociedade, sobretudo nos jovens, maior interesse pelo jogo democrático, pela política e pelas eleições.

MUITO BOA, mais uma vez, foi a rapidez com a qual o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) concluiu a apuração dos votos em todo o Estado do Rio. No cenário nacional, a situação se repetiu. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) informou que o primeiro município do país a concluir a apuração foi Ponte Alta do Norte-SC, que tem 2.865 eleitores e que contabilizou os votos em menos de 15 minutos.

MAS TODA ESSA agilidade na contagem total tem um preço para o contribuinte. As eleições municipais de domingo custaram R$ 650 milhões para os cofres públicos, valor muito superior aos R$ 483 milhões gastos em 2012, de forma que o custo do voto nestas eleições ficou em R$ 4,50, contra R$ 3,44 gastos por cada voto em 2012. No cenário nacional, também chamou a atenção o índice de abstenção, que ficou em 17,50%, percentual menor que os quase que 20% registrados nas eleições gerais de 2014. 

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