Desafio maior é manter a Região Serrana como a mais segura do estado

Comandante do 7º CPA, coronel Marcelo Freiman fala sobre a migração de traficantes e o perfil do consumo de drogas em Friburgo, Teresópolis e Petrópolis
sexta-feira, 05 de julho de 2019
por Guilherme Alt (guilherme@avozdaserra.com.br)

Em junho A VOZ DA SERRA entrevistou o comandante do 11º BPM em Nova Friburgo, o coronel Paulo Roberto das Neves. Entre outros assuntos, ele detalhou as ações realizadas no Alto de Olaria e relatou o maior problema da região que é o tráfico de drogas.

Dando continuidade ao tema segurança, A VOZ DA SERRA recebeu no estúdio o coronel PM Marcelo Freiman, que está à frente do 7º Comando do Policiamento de Área (CPA), da corporação, sediado em Teresópolis. Nascido em Nova Friburgo, Freiman, que já esteve à frente do 11ºBPM e também dos batalhões de Itaperuna e Campos dos Goytacazes, falou sobre o combate ao tráfico de drogas e ações recentes no Alto de Olaria, estratégias de segurança e do projeto que envolve a participação da sociedade atuando em conjunto com a PM. 

AVS: O que é o Comando de Policiamento de Área?

Coronel Marcelo Freiman: Há dez anos, a antiga Secretaria de Segurança dividiu o estado em sete regiões e essas regiões têm um comando intermediário que é o elo entre o comando geral e as unidades operacionais. O 7º CPA abrange a Região Serrana e é o responsável pela coordenação das unidades de Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis e Três Rios.

Quais são os principais desafios da Região Serrana para o seu comando?

Manter os índices de segurança pública da região em menor escala. A Região Serrana tem os índices mais baixos de criminalidade do estado. A 7ª unidade do CPA é administrativa e trabalha no campo estratégico. Nós analisamos os dados criminais e, diante dessas estatísticas, traçamos soluções e dinâmicas para atender a sociedade da melhor forma possível.

Quais são as principais ocorrências na serra?

Infelizmente temos aqui todos os tipos de ocorrência. A boa notícia é que esses crimes ocorrem em pequena escala. No entanto, nos deparamos mais com tráfico de drogas, que é muito forte na Região Serrana. Por conta do tráfico de drogas, temos outros crimes como homicídio, roubo de rua e de veículos.

O que contribui para que o tráfico seja o principal problema da região?

Duas coisas contribuem: uma é a geografia da região, que facilita que esses indivíduos se escondam, e a outra é o consumidor. Petrópolis, Teresópolis e Friburgo têm grande quantidade de fluxo de entorpecentes. Em Petrópolis nós apreendemos muito mais cocaína, enquanto em Friburgo e Teresópolis as apreensões de cocaína e maconha são em quantidades parecidas. Em Teresópolis, por exemplo, há um varejo maior do que em Friburgo. Lá se vende droga em todos os lugares.

Foi identificada uma migração de traficantes de outras regiões para Friburgo?

Isso aconteceu em algumas prisões que fizemos recentemente. Identificamos marginais vindos da capital e da Baixada Fluminense. Além disso, é fácil identificar quando esses elementos sobem a serra. O marginal local não tem um perfil de enfrentamento com a PM, os que vem de fora não respeitam as famílias e atuam diretamente no confronto.

Desde o início do ano a PM estabeleceu uma ocupação no Alto de Olaria para reprimir o tráfico. O que o 7º CPA e o comando de Nova Friburgo planejam para a região?

O Alto de Olaria sempre foi uma grande preocupação com relação às ações do tráfico de drogas na região. Ele é muito utilizado pelos traficantes para a venda de entorpecentes além de ser um bairro com vários caminhos para fuga. Depois de uma análise sobre as frequentes ocorrências no local e da identificação de alguns envolvidos, o 7º CPA junto com o 11º BPM na figura do comandante, o coronel Paulo Roberto das Neves, tendo ainda o apoio de unidades especiais do estado, decidiu ocupar o bairro com dois a três pontos de patrulhamento 24 horas, com uma resposta muito boa da população que vive mora naquela localidade.

Quais estratégias foram utilizadas nessa ocupação?

Nós trouxemos agentes de várias localidades do estado para atuar na região e dar apoio e segurança durante a ocupação. Estamos em constante contato com o comando geral. O 7º CPA tem essa mobilidade de buscar soluções que sejam rápidas e imediatas.

O Regime Adicional de Serviço (RAS) tem atendido bem ao 7º CPA?

Sim, ele nos atende muito bem. Tivemos a oportunidade de sermos atendidos pelo secretário de Estado de Segurança que ouviu as nossas demandas e aumentou o nosso efetivo em 30 agentes, em cada batalhão do 7º CPA, através do RAS.

Como a sociedade pode auxiliar a polícia no monitoramento de atividades ilícitas?

Vamos realizar um seminário em Petrópolis, em agosto, justamente para apresentar uma proposta para que o cidadão, os comerciantes e os empresários que possuam câmeras de segurança possam compartilhar e integrar essas imagens com PM. Haverá um cadastro totalmente sigiloso, que somente pessoas autorizadas terão acesso. Iremos receber essas imagens em uma central para providenciarmos uma resposta rápida.

Com a sua experiência no comando de alguns batalhões do estado, o senhor acredita que os índices de criminalidade e atividades ilícitas podem cair?

Eu sempre acredito em um cenário positivo. A Polícia Militar não é solução para todos os problemas porque ela atua na consequência e não na causa. São vários os fatores que geram a violência: desocupação desordenada de terrenos, falta de emprego, ausência de uma educação de qualidade, sucateamento da saúde. Tudo que falta para a população gera violência. Uma criança ou um adolescente fora da escola pode ter como consequência o aumento da violência.

Repito uma pergunta feita ao comandante Paulo Roberto das Neves com uma adaptação: o senhor considera a Região Serrana segura?

Eu considero a Região Serrana a mais segura do estado. Os próprios indicadores mostram isso através dos índices estatísticos e temos a proposta de manter esses índices e buscar o desafio de junto ao Estado de termos a melhor Polícia Militar preventiva e ostensiva do interior e sermos referência em segurança pública. 

 

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TAGS: Segurança | tráfico
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