Curiosidades cercam os dois séculos da “Nova Cidade Livre” (Free Burg)

quarta-feira, 15 de maio de 2019
por Girlan Guilland (Especial para A VOZ DA SERRA)
Curiosidades cercam os dois séculos da “Nova Cidade Livre” (Free Burg)

E o bicentenário de Nova Friburgo - data redonda que cravou seu 200º aniversário - tão aguardado e falado há tempos, já ficou no passado. Neste 16 de maio, atravessamos o 201° ano de sua fundação por ato do rei Dom João VI, que menos de dois anos depois elevaria a colônia à categoria de vila, desmembrando-a de Cantagalo, nomeada de Freguesia de São João Batista de Nova Friburgo.

E festa continua. Mais ainda do que os festejos, a história e a riqueza de sua trajetória confirmam: Nova Friburgo segue celebrando seus ‘2Séculos’, como temos insistido. O decreto de 16 de maio de 1818, com o qual o monarca português autorizou a vinda dos pioneiros imigrantes suíços, apesar de sua grande importância, não é o único fato no enredo de tamanha amplitude. Os 200 anos ficaram no ano de 2018. Os dois séculos estão apenas se iniciando.

Neste 2019, duas datas relacionadas à historiografia local completam seu bicentenário: 4 de julho de 1819, a partida da primeira leva com mais da metade dos colonos arregimentados da cidade portuária de Estavayer Le-Lac; pouco mais de quatro meses depois, em 16 de novembro de 1819, os primeiros novos moradores chegaram à então colônia, cujas casas ainda estavam em construção.

Segue o tempo em sua inexorável rota. No ano que vem, mais duas datas, logo ao principiar 2020, também completam seus dois séculos: 3 de janeiro, a emancipação política, com a separação de Cantagalo e a elevação da colônia a vila e ainda em 17 de abril de 1820, instalação do Poder Legislativo, à época acumulando as funções do Executivo.

Para completar, a pouco menos de cinco anos, em 3 de maio de 1824, outro feito atingirá também seu bicentenário: a chegada dos 342 pioneiros alemães luteranos ao Brasil, liderados pelo pastor Friedrich Oswald Sauerbronn. Além de se distinguirem como os primeiros germânicos a se instalarem no Brasil, os imigrantes alemães também fizeram de Nova Friburgo o município pioneiro, na América Latina, na implantação da primeira Comunidade de Confissão Luterana, que completou seu 195º ano, no último dia 3.

Diante da polêmica dominante por mais de um século e meio (até o ano de 1968), sobre qual seria a data oficial de Nova Friburgo: o 3 de janeiro de sua emancipação de Cantagalo? Ou o 16 de maio do decreto real, autorizando a imigração suíça, vale lembrar o que defendia o engenheiro e historiador Raphael Luiz de Siqueira Jaccoud: “Qual a data mais apropriada para celebrar o aniversário da cidade? (...) qualquer delas é válida, o melhor mesmo é festejar todas, por que não? Todas são verdadeiramente marcantes na história (...) Logo, quanto mais festas e mais alegria melhor”.

Curiosidades

Segundo registros oficiais, o próprio rei Dom João VI escolheu o nome e o padroeiro da Freguesia, acrescentando São João Batista ao Nova Friburgo (a “Nova Cidade Livre” (Free Burg), em função do Canton de Fribourg, de onde veio o maior contingente de colonos). Católico fervoroso, ante da forte ligação do governo (a realeza) e a Igreja Católica, o rei escolheu o nome do santo padroeiro e seu homônimo.

A fundação de Nova Friburgo e o processo migratório suíço para o Brasil, em 1819, teve origem quatro anos antes: entre 5 a 10 de abril de 1815, a maior erupção vulcânica em mais de 1600 anos do Monte Tambora (localizado na ilha de Sumbawa, Indonésia), fez 92 mil vítimas e provocou, em 1816, o chamado Ano sem Verão ou Ano da Pobreza: anormalidades climáticas severas destruíram plantações na Europa, Estados Unidos e Canadá resultando, principalmente na Suíça, em destruição de suas lavouras e muitas mortes, em função da fome.

Também pode-se dizer que o imperador francês, Napoleão Bonaparte teve participação indireta na fundação de Nova Friburgo. Na sanha de dominar a Europa, em disputas com a Inglaterra, as consequências das guerras napoleônicas acabaram por trazer, em 1808, a família real para o Brasil. Exatamente dez anos depois, Dom João (o único que conseguiu driblar Napoleão) fundaria Nova Friburgo.

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