Country tem movimento para acelerar obras de recuperação de patrimônio

Não-sócios que contribuírem ganham direito a frequentar as dependências do clube por dois meses
terça-feira, 11 de setembro de 2018
por Jornal A Voz da Serra
O Chalet do Country (Arquivo AVS)
O Chalet do Country (Arquivo AVS)

Preocupados com o destino do Museu Nacional, destruído por um incêndio de grandes proporções no último dia 2, os sócios do Nova Friburgo Country Clube lançaram um movimento para proteger um patrimônio histórico que pertence a toda a cidade. O Chalet, onde funciona a sede social do clube, e o Chalezinho, imóvel anexo, já tiveram obras de restauração iniciadas. Ambos são tombados pelo Iphan.

Segundo informou Joilson Wermelinger, presidente da Comissão de Restauração do Chalet, em prestação de contas enviada aos sócios, o clube já comprou 50% do material a ser usado, como telhas, madeiras e mantas. A previsão é que 15% da área total fiquem prontos ainda esta semana. Até o fim de setembro será trocado o telhado das três salas frontais do casarão (a de jogos, a das Damas e a dos Cavalheiros), podendo então ter início o orçamento da pintura.

O Chalezinho, por sua vez, já foi repintado, além de receber revisão do telhado e da parte elétrica. Todos os trabalhos estão sendo feitos sob a supervisão do curador do patrimônio histórico do clube, Luiz Fernando Folly.

Através da campanha “Amigos do Chalet”, não-sócios que contribuírem com as obras ganham direito a frequentar as dependências do clube por dois meses. Duas famílias já foram agraciadas com o título temporário.

Uma história rica de detalhes

A historiadora Janaína Botelho conta que o Chalé, construído na década de 1860, foi a residência de duas famílias antes de ser sede do clube: a Clemente Pinto, do Barão de Nova Friburgo, e a Guinle.

Nos tempos do barão, a chácara tinha pomar, lagos, jardins, repuxos, casa para o administrador e para os empregados, hospital, senzala, escravos, paiol, estrebaria, moinho, gado bovino e criação de porcos. O arquiteto Glaziou, que servia ao imperador D. Pedro II, fez o projeto paisagístico. Os Clemente Pinto eram tão ricos que possuíam até um bonde, que saía do Solar do Barão (atual Fundação Dom João VI, na Praça Getúlio Vargas) até o parque. Do parque, os Clemente Pinto se deslocavam de bonde até o pavilhão de caça da família (hoje Sanatório Naval).

Com a morte do barão, em 1875, o Conde de São Clemente herdou a propriedade do pai. Daí o nome Parque São Clemente. Após quatro gerações, os últimos descendentes do barão mal tinham condições financeiras de manter a propriedade. Dessa forma, em 1913, os netos do conde venderam a propriedade a um Eduardo Guinle encantado com Nova Friburgo. Quando Guinle chegou, o jardim de Glaziou tinha virado um matagal, e o chalet e as demais benfeitorias também estavam em péssimas condições. Era preciso uma reforma.

Construído no século 19, o chalet não tinha banheiros internos. Assim, dois quartos foram transformados em dois banheiros. Os banheiros, a copa e a cozinha foram azulejados até o teto, uma novidade na época. Como Eduardo Guinle estava construindo sua residência no Rio de Janeiro, atual Palácio das Laranjeiras, residência oficial do governador, muito do material que sobrava vinha para o Chalet do Parque São Clemente.

Em 1957, o Parque São Clemente foi adquirido pelos sócios do Nova Friburgo Country Clube, sendo tombado pelo Iphan e declarado Patrimônio Nacional.

 

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