Corrupção e reforma política

quinta-feira, 05 de abril de 2018
por Jornal A Voz da Serra

INSTITUÍDO PELA Organização das Nações Unidas (ONU) em 2003, o Dia Internacional de Luta Contra a Corrupção,  foi criado para tentar reverter o quadro de corrupção do planeta. Tratou-se de um apelo à luta contra um crime intencional que impede o pleno desenvolvimento das sociedades e que se constitui num dos principais obstáculos ao cumprimento dos objetivos do milênio. A mensagem, quando da criação, foi clara: “Não permitamos que a corrupção mate o desenvolvimento”.

NA ÉPOCA, a data (31 de outubro) também foi lembrada no Brasil, tendo o presidente Lula enviado ao Congresso projeto de lei que tornava hediondo os crimes de corrupção e aumentava as penas para crimes correlatos, como o peculato, a concussão e a corrupção passiva.

GOVERNADORES, prefeitos, vereadores, deputados e senadores, além de dirigentes de empresas públicas poderiam ter pena mínima de oito anos. Como os crimes de corrupção se tornam hediondos, são inafiançáveis e podem levá-los à prisão temporária de até 60 dias. Esperávamos, então, com a medida, um basta à imoralidade que já campeava no país nos diversos níveis de governo.

MAS, AO QUE parece, os políticos e governantes não se sensibilizaram com o apelo mundial nem com os rigores da lei criada pelo petista. O mais recente escândalo da vida nacional e talvez da história do país, a corrupção na estatal Petrobras, envolvendo grandes empresas de construção civil além de políticos, é uma chaga que a todos envergonha, quer nacional, quer internacionalmente.

 GANHA força em toda a sociedade brasileira a discussão sobre a reforma política, como forma de estancar a onda de irregularidades na vida pública. Torna-se cada vez mais urgente pressionar o Congresso para que aprove as mudanças que há muito dormem nas mesas dos congressistas. Por conta desse desinteresse, o país vive hoje uma de suas piores crises institucionais.

O CIDADÃO brasileiro se desencanta cada vez mais com relação ao processo político, fato este comprovado a cada período eleitoral, revelando o crescente número de votos brancos, nulos e abstenções. Diferentemente do que ocorre em outros países, o brasileiro não se sente atraído nem vinculado a políticos ou partidos políticos. Assim, as decisões políticas são tomadas em gabinetes, entre um punhado de líderes partidários, sem que haja a menor condição de participação popular.

OS POLÍTICOS que vislumbram cargos eletivos no país deveriam mostrar ao eleitor uma nova postura frente às suas atribuições públicas, lutando pela moralização de uma classe considerada medíocre através do desempenho de alguns irresponsáveis, como é o que envolve os que se beneficiaram com a roubalheira na estatal conforme denúncias apresentadas pela Procuradoria-geral da República ao Supremo Tribunal Federal (STF).  A reforma política, pois, é mais que necessária: é motivo de honra contra a corrupção no Brasil.

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