Coordenadora da Educação Infantil de Friburgo analisa redes sociais

Para Laudilene Mattos, desafio é fazer criança entender que internet não é só fonte de diversão, mas também de aprendizado
sábado, 24 de agosto de 2019
por Ana Borges (ana.borges@avozdaserra.com.br)
A coordenadora da Educação Infantil de Nova Friburgo, Laudilene Mattos
A coordenadora da Educação Infantil de Nova Friburgo, Laudilene Mattos

AVS: As crianças de hoje já nascem em um mundo conectado na internet. Como os professores da educação infantil lidam com esta questão? 

Laudilene Mattos: A internet, sem dúvida, está presente cada vez mais cedo na rotina das crianças e elas estão imersas no mundo digital desde o nascimento. Os professores da educação infantil têm um grande desafio: aliar os recursos tecnológicos às vivências práticas dos alunos todos os dias, sem perder de vista a necessidade de interação, comunicação e, principalmente o direito da criança de brincar, conviver, participar, expressar, enfim, viver socialmente.

É permitido o uso de celulares em salas de aula? 

A grande maioria das crianças atendidas pela rede municipal, nas creches e CMEIs, não leva aparelhos eletrônicos para as salas de aula, apesar de, certamente, terem contato com celulares e tablets no ambiente familiar. Não é permitido o uso desses recursos, a não ser quando está inserido no planejamento, contemplando as situações de aprendizagem e sob a orientação e mediação do professor. 

Há regras, limites para o uso desses equipamentos nas escolas da rede? Caso não sejam permitidos,  gostaríamos de saber sua opinião - como profissional da educação - sobre essa questão. 

A utilização desses equipamentos precisa ser intencional, planejada e, sobretudo, monitorada.

De que forma a internet pode influenciar a educação infantil? Pode, inclusive, ‘revolucionar’ o ensino pedagógico?

A educação infantil é a fase mais importante do desenvolvimento e do aprendizado do ser humano. Podemos observar que as crianças dominam os recursos tecnológicos oferecidos pela internet antes mesmo da consolidação do processo de leitura e escrita. Negar a utilização da internet e o uso das ferramentas digitais  que nos são oferecidas todos os dias seria um grande erro, já que esta geração, que hoje atendemos na educação infantil, pode ser considerada dos “nativos digitais”.

“Uma boa proposta para a introdução da tecnologia na vida das crianças é o uso da mesma em projetos pedagógicos que incentivem o desenvolvimento intelectual e social e também o desenvolvimento mental dessa criança”. Como avalia esse conceito?

É inegável a necessidade de inserir a tecnologia nas salas de aula. Contudo é preciso que este processo seja realizado de maneira responsável e fundamentado em objetivos concretos e não se tornem apenas uma “continuação” das vivências familiares das crianças, muitas vezes baseadas somente no uso da internet para acesso às redes sociais. Utilizar as tecnologias educacionais para estimular o desenvolvimento intelectual, a capacidade de “selecionar” as informações e compartilhar conhecimento é o grande desafio da educação básica. Especialmente na fase da educação infantil, é preciso equilíbrio para não haver um uso inadequado das ferramentas tecnológicas, respeitando os direitos de aprendizagem das crianças: conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se.

Segundo a psicóloga Rosely Sayão, “a internet é a rua, a avenida, a praça dos tempos atuais”, referindo-se ao ambiente no qual crianças e adolescentes ficam expostos, longe do olhar dos adultos. Se atualmente as crianças estão limitadas no ‘ir e vir’ devido a insegurança, ao mesmo tempo percebe-se uma liberdade excessiva no acesso à rede. Quais são as dificuldades para equilibrar essas duas situações? 

Assim como nos tempos das brincadeiras na rua, avenidas e praças, o controle dos horários e a finalidade do uso das tecnologias também devem ser administrados em casa. Esse comprometimento dos pais, responsáveis e professores é imprescindível para que as crianças tenham disciplina e utilizem os recursos tecnológicos de forma correta.

 

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