Com projeto de retorno à elite estadual, Frizão inicia disputa da Copa Rio

Aos poucos, o Triolor da Serra começa a ganhar uma nova identidade para os próximos desafios
terça-feira, 16 de agosto de 2016
por Vinicius Gastin
Retorno do lateral Léo é uma das novidades para o segundo semestre
Retorno do lateral Léo é uma das novidades para o segundo semestre

O futebol é tão dinâmico e exigente quanto o tempo. Se ambos possuem a característica da velocidade e exigem uma resposta quase imediata, também deixam algumas cicatrizes. A de 2016, no caso do Friburguense, é a queda para a série B Estadual. Cicatrizes morais e, sobretudo, financeiras. Orçamento reduzido em, pelo menos, R$ 1,3 milhão, fontes de receitas limitadas e um grande desafio pela frente. Quanto ao tempo? Desde a queda ele passou, pedindo criatividade ao clube para lidar com a nova realidade.

A montagem desse quebra-cabeça, que só poderá ser montado com sucesso em 2017, com o sonhado retorno à elite estadual, começa com a disputa da Copa Rio. Quando entrar em campo hoje, 17, para enfrentar o Goytacaz pela primeira rodada, às 19h30, no Eduardo Guinle, o Tricolor da Serra começa a escrever capítulos importantes de sua história. Talvez fundamentais para uma sobrevivência, que agora depende da união de forças e do apoio do torcedor e da cidade de uma forma geral. Os ingressos são vendidos nas bilheterias do estádio, a preços que variam entre R$ 10 e R$ 20.

Nomes importantes mantidos

Aos poucos, o Friburguense começa a ganhar uma nova identidade para os próximos desafios. Para o primeiro deles, a Copa Rio, o Tricolor da Serra manteve uma base com alguns dos principais nomes do Estadual com o reforço dos destaques da base. O grupo é basicamente formado por Cadão, Sérgio Gomes, Bidu e Ziquinha, mais os goleiros Afonso e Luiz Felipe, o lateral Lucas Toledo, os zagueiros Bruno e Diego Guerra, os meias Pierre, Jefferson e Vitinho e o atacante Lohan. 

Outros dois atletas se apresentaram um pouco depois do restante do elenco, e também serão peças importantes para Merica: os meias Gleison e Jefinho, que tiveram boas participações no Campeonato Carioca deste ano. O primeiro, inclusive, foi titular em boa parte dos jogos. De novidades apenas os retornos do lateral-direito Léo e do goleiro Luiz Felipe, que estavam emprestados ao Itaboraí e ao Sampaio Corrêa, respectivamente.

“Se tratando de Copa Rio nós sempre mesclamos, trazendo jogadores dos juniores e até mesmo promovendo diretamente do juvenil. Sei que muita gente insiste na questão dos experientes, mas eles são a fonte que precisamos para a adaptação dos garotos. Enquanto  pudermos contar com o profissionalismo do Cadão, Sérgio, Bidu e Ziquinha será excelente”, acredita o gerente de futebol José Siqueira. 

O dirigente, inclusive, aproveitou para reforçar a escolha por Merica para o comando da equipe, e explicou as situações do atacante Lohan e do zagueiro Diego Guerra. Ambos estavam emprestados ao Macaé para a disputa da série C do Campeonato Brasileiro, mas optaram por não permanecer no Norte Fluminense. “A opção pelo Merica é porque ele já vinha trabalhando com a gente, junto com o Gerson Andreotti, como auxiliar. Ele conseguiu fazer boas campanhas na base, e conhece os jogadores que estamos promovendo. O Diego Guerra e o Lohan estavam com os salários atrasados no Macaé, e por isso preferiram retornar e jogar a Copa Rio com a gente”, completa o gerente de futebol. 

O jovem treinador terá o auxílio do próprio Siqueira, e dos demais membros da comissão técnica, como o preparador de goleiros Adriano e o preparador físico Paulo César Fagundes. Nos primeiros testes, bons resultados: vitórias contra o Industrial de Ubá, por 5 a 1, e sobre o Bangu por 1 a 0, em Moça Bonita. A preparação, feita em cerca de um mês, contou ainda com um período de treinos no Centro de Treinamento da Aldeia da Criança, em Salinas.

Merica testou algumas formações durante o período de treinos, e ainda não confirma a escalação titular. Ele aguarda, por exemplo, a definição da situação de Diego Guerra junto ao Macaé (existem algumas pendências). O jovem Ricardinho, lateral-esquerdo da base, deve ser a principal novidade. A tendência é que o Friburguense enfrente o Goytacaz com Afonso, Sérgio Gomes (Léo), Cadão, Diego Guerra (Bruno) e Ricardinho; Bidu, Vitinho, Jefinho e Gleison; Jefferson e Lohan.

Caminho para reerguer: manutenção de experientes, corte de gastos e base

Há seis anos, o Friburguense viveu uma situação bem semelhante à atual. Com uma série do Campeonato Carioca pela frente, o clube precisou se reorganizar financeiramente, promover ajustes na questão estrutural e reformular o elenco. Essa mesma estratégia será adotada pelo Tricolor da Serra já a partir da Copa Rio, quando começa a ser montado o planejamento para a próxima temporada. 

O grupo de atletas para esse segundo semestre vai ser formado por alguns jogadores remanescentes do Estadual deste ano. A eles se juntam garotos das divisões de base, onde o clube acumula bons resultados recentes. 

Em 2010, o Friburguense também apostou em um time recheado de jovens jogadores na Copa Rio daquele ano. Além de alcançar a semifinal do torneio, o Tricolor da Serra conseguiu montar a base que o reconduziu à primeira divisão estadual no ano seguinte. 

“Isso nos ajudou muito em 2011. No ano anterior, fomos semifinalistas da Copa Rio com o time que estávamos montando. Ali descobrimos Marcelo, Lucas, Jorge Luiz e Diego Guerra, por exemplo. São jogadores que eram desconhecidos dos torcedores e sobressaíram”, lembra Siqueira.

Dentre outros, Felipe Ceccon, Rodrigo, João Victor, Rafael, Lucas Cunha e João Pedro são nomes que irão compor o grupo profissional neste segundo semestre e possivelmente na próxima temporada. Na última vez em que o Frizão apostou na mescla entre experiência e juventude para recomeçar o trabalho, além do acesso, foi formada uma base, que alcançou voos mais altos. Aquele mesmo grupo foi finalista da Copa Rio, fez boas campanhas na primeira divisão, participou da série D do Campeonato Brasileiro e, por muito pouco, não conquistou o acesso à terceira divisão nacional. 

“Fizemos isso quando fomos rebaixados em 2010 e voltamos no ano seguinte. Montamos um time para encarar as dificuldades, vencemos jogos em casa e fora. Eu fiz uns sete gols, Cadão, uns oito. Naquele grupo todos tinham condições de serem titulares, e quando um jogador tinha oportunidade, dava conta do recado. Não tem outro caminho. Se queremos construir uma casa, precisamos começar pelo alicerce”, pontua o lateral Sérgio Gomes.

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