Cavalo abandonado agoniza durante 13 horas e morre no Catarcione

No início da tarde o cavalo foi localizado, dando início à mobilização para tentar salvar sua vida
sexta-feira, 15 de janeiro de 2016
por Jornal A Voz da Serra
(Foto: WhatsApp)
(Foto: WhatsApp)

Um cavalo abandonado na Rua Eugênio Nideck, no bairro Catarcione, causou grande mobilização popular entre a tarde de quinta-feira, 14, e a madrugada de sexta-feira, 15. Além de estar atolado na lama em local de difícil acesso para o resgate, o animal — que já estava sem vida quando finalmente foi removido — parecia debilitado e apresentava alguns ferimentos, cuja origem ainda não foi determinada.

Aproximadamente às 14h o cavalo foi localizado, dando início à mobilização para tentar salvar sua vida. A partir deste momento diversos protetores tentaram contato telefônico com a empresa Rodrigo Furlamento ME, responsável pelo recolhimento de animais de grande porte, sem sucesso. A equipe de A VOZ DA SERRA também não conseguiu contato através do telefone fixo, mas por celular foi informada de que teria havido uma “pane telefônica” durante o período do resgate. A reportagem em seguida entrou em contato com o proprietário da empresa, cujo telefone tem prefixo de São Paulo, mas ele desligou o telefone tão logo foi informado do que se tratava.

De acordo com o subsecretário do Bem-Estar Animal (Ssubea), Luiz Fernando Oliveira, a inacessibilidade telefônica, ao menos neste caso, não chegou a representar um problema. “A empresa já sabia desta situação desde o início da tarde de quinta-feira, e foi ao local mais de uma vez. A forte chuva e a configuração do lugar, no entanto, tornaram este resgate especialmente difícil. Eu mesmo fiquei lá até 3h da manhã, quando cobrimos o animal, demos água e capim, tentando mantê-lo o mais aquecido possível até o resgate pela manhã. É preciso lembrar que esta empresa já presta serviços ao município há bastante tempo, e em toda a minha gestão à frente da Ssubea eu nunca tinha tido qualquer problema desta natureza”, afirmou.

O presidente da Comissão de Direito dos Animais da Câmara Municipal, vereador Éder Carpi, o Ceará, também foi acionado. “Assim que soube da situação eu entrei em contato com o sargento Ferreira Neto, do Corpo de Bombeiros, que é protetor e encontrava-se de folga, mas ainda assim mobilizou a instituição. Os bombeiros foram ao local e trabalharam junto com a comunidade na tentativa de salvar o animal. Nos próximos dias iremos apresentar um requerimento de informação a respeito do caso, e do serviço de recolhimento desses animais”. Luiz Fernando Oliveira lembrou ainda a responsabilidade do proprietário do animal, que ainda não foi identificado. “É preciso lembrar que essa situação só ocorreu porque alguém abandonou o animal nestas condições, esta pessoa é a grande responsável pelo sofrimento deste animal. O contexto está sendo apurado, e esperamos que essa pessoa seja localizada e responda pelos atos que cometeu.”

Segundo uma pessoa que trabalhou no resgate do cavalo, cuja identidade será preservada, este caso não é isolado. “Esses animais são abandonados nesta região com frequência. Alguns jovens de bairros vizinhos se dizem proprietários, mas quando a polícia os questiona eles negam. Depois a polícia vai embora e eles tornam a pegar os cavalos. É tudo muito frustrante. Esse animal sofreu um calvário durante 13 horas e para quê? Para ser deixado no local e acabar morrendo por hipotermia. Será que não havia um lugar para onde ele pudesse ter sido transportado? Até quando iremos tratar os animais desta forma em nossa cidade?”

Apesar da declaração do protetor, Luiz Fernando Oliveira, que é veterinário, afirma que não é possível dar como certa a causa da morte do cavalo. “Ele estava muito debilitado, não conseguia se sustentar. Podia ter algum problema prévio, algum trauma. Quanto aos ferimentos, eles podem ter sido causados deliberadamente, mas podem também ter sido causados pelas tentativas de resgatar o animal. É preciso uma perícia para determinar esse tipo de coisa. O fato é que este sofrimento poderia ter sido evitado se o animal não tivesse sido abandonado desta maneira”, encerrou.

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TAGS: direito dos animais
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