Em matéria publicada em agosto de 2015, A VOZ DA SERRA apontou a atual administração da Câmara Municipal de Sumidouro como um exemplo a ser seguido por outras casas legislativas no estado. Entre os argumentos apontados para dar sustentação a tal afirmativa estavam as inúmeras iniciativas voltadas a cortar custos e tratar com responsabilidade o dinheiro público, bem como a postura colaborativa em relação ao Executivo, apesar de contar com um plenário majoritariamente oposicionista. E, como que para confirmar estes apontamentos, o Legislativo de Sumidouro devolveu, em 2015, R$ 389.047,40 aos cofres do município. Para efeito de comparação, em 2014, o repasse havia sido de R$ 336.780,56.
Se o valor já chama atenção em termos absolutos, ele ganha ainda muito mais peso quando se considera que o orçamento total da Câmara no mesmo ano foi de apenas R$ 2.419.627,00. Ou seja, o Legislativo devolveu à Prefeitura nada menos do que 16,07% de todos os recursos que administrou. Diante do resultado, a reportagem de AVS entrevistou o presidente da Câmara, vereador Rondinéli Tomaz da Costa, para que pudesse explicar como conseguiu enxugar os gastos da máquina pública em seu primeiro mandato.
A VOZ DA SERRA: O senhor é declaradamente opositor ao atual governo municipal. Apesar disso, promoveu uma economia acima da média na administração da Câmara e devolveu volume significativo de recursos à Prefeitura, ajudando a este mesmo governo. Como o senhor explica essa situação?
Rondinéli: Vale lembrar, e eu deixo sempre bem claro, que sou opositor ao modelo de gestão implantando pelo atual prefeito, mas não à pessoa dele e muito menos à cidade que amo e respeito. É dever de todo gestor trabalhar da forma mais correta o possível, com transparência e honestidade. Sou totalmente contrário a políticos que querem o poder a qualquer custo, pois são esses que degradam o meio político e fazem com que a sociedade olhe as eleições com indiferença. Defendo a política transparente e de inclusão, busco somar, me sinto bem sendo útil. Tenho certeza de que essa economia foi de grande valia para nossa cidade. Penso especialmente na saúde e no trabalhador, que se esforça e merece receber seu 13º salário no fim do ano. Acredito que contribuímos para que isso viesse a acontecer no ano passado.
Como foi possível diminuir despesas a ponto de economizar quase R$ 400 mil, equivalentes a mais de 16% do orçamento?
Nós criamos uma política rígida e tomamos medidas drásticas, como a extinção de cargos e gastos com combustível. Hoje cada vereador tem apenas um assessor, e temos também um assessor jurídico designado para a bancada de situação e outro para a bancada de oposição. Temos apenas dois carros, e um único motorista. Tudo que podia ser cortado, nós cortamos.
O senhor certamente precisou do apoio dos demais vereadores para implementar algumas dessas mudanças. Como realizar este tipo de projeto num ambiente onde convivem tantos interesses distintos?
Acredito que a partir do momento em que o próprio presidente dá exemplo, não existem problemas. Claro que tem sempre um ou outro parlamentar que dificulta um pouco mais, mas de uma forma geral temos um convívio respeitoso na Câmara Municipal.
Parte desses recursos foi devolvida antes mesmo do prazo previsto. Por quê?
Essa antecipação aconteceu em consequência de uma conversa informal que tive com o secretário de Fazenda no mês de outubro, se me lembro bem. Durante o encontro ele levantou essa possibilidade, e por se tratar de uma pessoa pela qual eu tenho o maior respeito e consideração, não pensei duas vezes.
Em sua avaliação, qual a maior conquista obtida nesses três anos de mandato?
Sem dúvida alguma foi a criação das sessões itinerantes. Sumidouro é um município atípico, no qual grande parte da polução reside na zona rural. Por isso, levar o Legislativo a essas comunidades rendeu duas experiências muito marcantes e gratificantes.
Estamos num ano eleitoral, e a pergunta se torna inevitável. Quais são seus planos para 2016?
Todos nós somos movidos por sonhos. Se na convenção dos partidos o meu nome for escolhido, pretendo me candidatar a prefeito de Sumidouro. Mas isso não depende só de mim.
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