Cadê o orelhão que estava aqui?

Mesmo obsoletos, telefones públicos ainda continuam sendo utilizados
sábado, 01 de junho de 2019
por Jornal A Voz da Serra
(Fotos: Fernando Moreira)
(Fotos: Fernando Moreira)

Embora em desuso devido a popularização dos celulares, os telefones públicos ainda existem em Nova Friburgo porque uma lei determina um número mínimo desses aparelhos nas cidades. Com base no Plano Geral de Metas de Universalização (PGMU), a empresa de telefonia Oi, responsável pelos orelhões, disponibiliza pouco mais de mil telefones públicos no município.

De acordo com a empresa, constantemente são realizados estudos de sua planta telefônica e, se for verificada ociosidade de alguns telefones públicos, eles podem ser transferidos para áreas de maior demanda - sempre respeitando a regulamentação da Anatel, a Agência Nacional de Telecomunicações.

A Avenida Alberto Braune é a que ainda concentra a maior parte dos orelhões no Centro, o que acaba diminuindo a distribuição uniforme dos aparelhos. Na principal via de Nova Friburgo ainda restam cerca de dez telefones públicos. Há alguns anos eram muito mais. Nos bairros e arredores do Centro, os orelhões desapareceram.   

Muitas pessoas desconhecem uma das grandes vantagens dos telefones públicos: a ligação a cobrar para telefone fixo não é mais tarifada. Caso alguém queira ligar para um telefone fixo, ao invés de gastar com ligação pelo celular, pode discar 9090 + o número do telefone fixo e falar gratuitamente. Muitos serviços de centrais 0800 também não aceitam ligação de celulares, então, ao invés de sentar no banco da praça para resolver algum problema com atendente de telemarketing, a dica é fazer uso dos orelhões.

Hoje, cerca de 68,2% dos orelhões da Oi não geram chamadas tarifadas e cerca de 29,9% nem são sequer utilizados devido a maciça onda dos celulares e smartphones. Apenas 0,04% da planta de telefones públicos da Oi gera receita suficiente para o pagamento do seu próprio custo de manutenção.

O que diz a Oi

Procurada na última semana, a operadora Oi informou que em função do avanço tecnológico e popularização da telefonia móvel, os orelhões caíram em desuso e têm sido cada vez menos utilizados no Brasil assim como no mundo. Diante deste cenário, o Plano Geral de Metas da Universalização (PGMU), aprovado por decreto em dezembro de 2018, veio adequar as regras vigentes no Brasil à tendência de consumo, substituindo os orelhões pela implementação da infraestrutura de acesso à internet por meio de tecnologia 4G.

“A Oi mantém um programa permanente de manutenção de seus telefones públicos e conta com as solicitações de reparo enviadas à companhia pelo canal de atendimento 10331 por consumidores e por entidades públicas”, diz a nota.

Coleções de cartões telefônicos: uma saudade

Com o sumiço dos orelhões, a procura pelos cartões telefônicos também enfraqueceu. Algumas bancas de jornais e revistas no centro de Nova Friburgo ainda tem algumas unidades para vender a R$ 7 (cartões com 20 unidades). “Nem me lembro quando fiz a última encomenda de cartões de orelhão para vender. E a remessa que tenho aqui ainda é grande. Quase ninguém procura mais por eles. Os jovens nem sequer conhecem e sabem que existe ainda cartões de orelhão”, observa um jornaleiro na Avenida Alberto Braune.

Os cartões de orelhão marcaram época e após utilizados eram procurados por muita gente que fazia coleções. Rogério Albertini, carteiro e colecionador em Nova Friburgo, orgulha-se por possuir muitos deles. A diversidade de estampas impressionava. Na década de 1990, Nova Friburgo estampou uma série de cartões telefônicos com a marca de um dos antigos festivais da cerveja realizado na Via Expressa, em Olaria, o Friburgo Kaiser Festival.    

 

  • (Foto: Reprodução Internet)

    (Foto: Reprodução Internet)

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