Batom, vestido e chuteiras: a Pelada das Piranhas

Ressaca Futebol Pilsen realiza pela terceiro ano consecutivo um jogo festivo antes do carnaval
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019
por Guilherme Alt (guilherme@avozdaserra.com.br)
A pelada na última terça (Arquivo pessoal Guilherme Alt)
A pelada na última terça (Arquivo pessoal Guilherme Alt)

Em uma mesa de bar surgiu uma paixão, no alto do Cônego os primeiros toques, os primeiros dribles, os primeiros gols. Quase cinco anos depois de sua fundação, em 30 de maio de 2014, o time de futebol amador Ressaca Futebol Pilsen, multicampeão da serra, é o pioneiro em uma tradição curiosa, mas muito animada. Os shorts, camisa de times e seleções, meiões e caneleiras deram lugar a vestidos, saias, perucas e batom nesta terça-feira, 26. O gramado sintético onde rola a costumeira pelada do Ressaca, realizada sempre às terças, às 19h, na Sociedade Esportiva Friburguense (SEF), foi passarela para os mais diversos modelitos usados pelos jogadores.

Animados com a iminência da festa mais popular do país, o grupo de peladeiros de quase 30 jogadores, de diferentes idades, com habilidades diversas em seu mais alto nível e que adotou o Coyote como mascote da equipe, elege toda terça-feira, na semana que antecede o carnaval, para jogarem vestidos de mulher. É uma homenagem ao famoso Bloco das Piranhas.

Embalados pelo rufar dos tambores, do som do cavaquinho, pandeiro e mistura de sons a Pelada das Piranhas, como é conhecida, foi jogada pela terceira vez em sua história. E tudo começou quando um dos membros mais recentes (até então) do plantel de craques, o músico Bernardo Pinaud. “Sempre gostei do Bloco das Piranhas. Acho divertido nos vestir  de personagens do sexo oposto, sem preconceitos, numa época tão festiva. Certa vez, voltando da minha aula no Rio, presenciei uma cena cômica, um grupo homens fantasiado de mulheres “invadiu” um treino de beach soccer que estava acontecendo na praia de Icaraí, em Niterói, e todos levaram na brincadeira. A ação não durou mais um minuto e então eu pensei ‘Por que não unir o carnaval e futebol desse jeito irreverente no Ressaca Futebol Pilsen?’ Joguei a ideia no grupo, todos aceitaram e desde 2017 a gente faz essa brincadeira”, contou.

Encarnando o espírito momesco, o grupo ganha cada vez mais admiradores e todo ano o número de fantasiados cresce. Jogando pela primeira vez vestido de mulher, João Gabriel Campany, conta só não jogou mais vezes porque na última edição não avisado a tempo. “Participar do jogo das Piranhas é sensacional, único.  Além de poder usar uma roupa confortável e diferente do normal, o jogo é muito divertido quando você vê aquele cara com quem você joga toda semana, com uma peruca e um vestido que parece ter sido pego da avó. Lembro que no último jogo não fui vestido como manda o figurino porque não soube a tempo e acabei jogando normalmente, mas já esperando o ano seguinte pra poder dar uns chutes usando uma saia e rir junto com os outros das barbaridades em campo”.

Sempre presente, em todas as edições, Murilo Ramos é um dos coringas do time. Joga na zaga, no meio campo, no ataque e é um colecionador de belos gols, e para não ser diferente, fez mais um gol antológico na edição deste ano da Pelada das Piranhas. Para Murilo, jogar fantasiado é sempre uma diversão. “Juntamos duas coisas: a tradição friburguense dos homens se vestirem de mulher nos Carnavais e o futebol, paixão nacional. E fica muito melhor quando você está jogando com os amigos, com pessoas que você gosta. É o quinto ano do Ressaca Futebol Pilsen, temos um grupo que se traduz em uma verdadeira amizade. As discussões e dentro de campo somem logo após o apito final e a resenha com uma cerveja gelada acalma os ânimos. As fotos ficam para sempre e nos lembram de momentos de felicidade”.

 

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