Bate e assopra

segunda-feira, 04 de abril de 2016
por Jornal A Voz da Serra

ENQUANTO AS AUTORIDADES saúde providenciam campanhas de vacinação da população com ênfase principalmente na proteção dos idosos, a indústria farmacêutica reajusta os preços em 12,5% para mais de nove mil remédios, influenciando negativamente na renda dos doentes e aposentados. Agindo assim, o governo adota a célebre frase do poeta Augusto dos Anjos: “A mão que afaga é a mesma que apedreja”.  

A CAMPANHA DE VACINAÇÃO contra a gripe em idosos é, sem dúvida alguma, um benefício à prevenção da saúde dos mais velhos, debilitada pela idade e pelas condições climáticas, principalmente com a chegada do período outono-inverno. A influenza é responsável por um elevado índice de mortalidade em grupos mais vulneráveis como os idosos.

PORÉM, NEM SEMPRE assistimos à generosidade do governo para com a terceira idade, o que impõe aos idosos uma luta quase inglória. Diariamente eles buscam remédios gratuitos ou mais baratos, uma aposentadoria mais justa e tantos outros direitos privados desta parcela da população. O Estado, muitas vezes, falha no atendimento ao idoso e os exemplos são divulgados frequentemente pela mídia em todo o país.

A CONSTATAÇÃO mostra que o país não evoluiu nos mecanismos de proteção aos idosos, tratando com desdém a terceira idade, ainda que esta seja responsável por 16% da renda das famílias brasileiras. A providência do governo ao tratar este assunto deve, portanto, ser maximizada pelos organismos de proteção e fiscalização, visando a encurtar a diferença dos tratamentos a este importante setor da população.

POR FALTA de políticas públicas de proteção, os idosos são tratados com total falta de respeito, ignorando as mais elementares regras de proteção, deixando quem já deu sua força de trabalho ao sabor das conveniências. Contra eles estão diversas formas de violência, que vão dos maus-tratos e da intolerância à falta de lazer, comodidades urbanas e benefícios na aquisição de medicamentos. O que tem sido feito em seu favor são pequenas medidas que não minimizam o drama da velhice no país.

AGORA MESMO, o Estado do Rio mantém suspenso o fornecimento de fraldas geriátricas, a cargo da Secretaria de Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida, interrompendo um benefício de grande valia para idosos e inválidos, sobrecarregando a já pesada carga de comprometimentos financeiros da terceira idade. E o pior: com a crise econômica, não há prazo para normalização do auxílio.

OS EXEMPLOS estão espalhados por todas as cidades brasileiras, marginalizando o idoso das atividades culturais, de lazer e entretenimento, assim como no respeito a quem já deu tanto pelo país. A própria Previdência Social não assume posição protetora do idoso, pagando aposentadorias irrisórias, fazendo com que o dinheiro recebido seja utilizado por muitos para a aquisição de medicamentos.

A TERCEIRA IDADE precisa ser respeitada através de políticas públicas de reintegração e ambientação, permitindo que os mais velhos sejam reconhecidos, quer no âmbito familiar, quer no convívio social com a cidade. No Brasil, infelizmente, os idosos estão na mira dos interesses dos políticos apenas em épocas eleitorais.

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