Bachini projeta Centro de Treinamento e novo destino para estádio no Centro

Com venda descartada, Nova Friburgo Futebol Clube estuda melhor opção para o estádio Raul Sertã
quarta-feira, 27 de janeiro de 2016
por Jornal A Voz da Serra
Bachini projeta Centro de Treinamento e novo destino para estádio no Centro

Luiz Fernando Bachini é um dos desportistas credenciados pela vivência a falar sobre o Nova Friburgo Futebol Clube e tudo o que envolve o esporte amador da cidade. Afinal de contas, não só presenciou, como também participou da história e de todo o processo que levou à fusão entre o Friburgo e o Esperança, resultando no surgimento do rubro, verde e anil. Apaixonado pelo clube, o técnico em contabilidade foi reeleito, no último dia 12, para o quinto mandato e será presidente do Nova Friburgo F.C. nos próximos dois anos. Dentre os objetivos está o término de uma obra que ele mesmo ajudou a idealizar: o Centro de Treinamento em Conselheiro Paulino.

“A minha reeleição foi feita em acordo com o planejamento, pois há muita coisa para ser feita em Conselheiro Paulino. Encontramos muitas dificuldades com tudo o que foi feito no terreno, mas estamos avançando. Por isso a questão da chapa única, e a desistência da outra chapa. Entendemos que deve existir uma união de todos pelo bem do clube”, avalia.

Bachini refere-se às obras para a reconstrução do espaço, que recomeçaram há quase dois anos. A estrutura, que contava com um campo oficial gramado, sofreu com a tragédia de 2011 e, desde então, o clube luta na Justiça para a recuperação do espaço. Com a posse do documento de autorização, o clube voltou a investir. Em meio ao imbróglio, houve ainda uma tentativa frustrada de desapropriação do terreno pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea). O local foi utilizado para “guardar” cerca de 83 mil metros cúbicos de terra retirados de encostas e demais localidade de Nova Friburgo.

“A intenção é que o clube tenha apenas uma garantia. Entendo a situação das famílias depois da tragédia, e a diretoria do clube não é contra de forma alguma. Mas os governantes seguintes não deixaram a justiça dar uma definição, e fico com receio de investir. Por isso o clube entrou com uma ordem judicial”, explica. “O Nova Friburgo Futebol Clube está recebendo muita ajuda do estado, da prefeitura, da concessionária de águas. Todos estão fazendo o possível, mas sei que o município não pode entrar com recursos na atual situação”, observa Bachini.

Apesar dos avanços para a finalização do primeiro campo, existe uma nova preocupação: segundo os engenheiros, houve um deslocamento hidráulico do terreno por conta do peso. A sede social, na época da enchente, subiu nove centímetros. Após a retirada do material, o terreno desceu cinco centímetros. Os outros quatro estão reduzindo de forma irregular, o que gera a preocupação.

De acordo com o presidente, a ideia é construir dois campos, um principal — com 105 x 68 metros — e outro de treinamento. O menor, que vai abrigar atividades da escolinha, deve ser inaugurado até o início de março deste ano. A construção está em estágio avançado, bem como as reformas dos vestiários.

A ideia é voltar a contar com os cerca de 320 alunos que faziam parte da escolinha, que hoje funciona no Botafogo, da Chácara do Paraíso, onde apenas 80 participam. “O Nova Friburgo está filiado junto à Federação novamente, e é cobrado quanto à participação nos campeonatos amadores. O objetivo é voltar a jogar essas competições em breve”, anuncia.

A parte social, que contempla o parque aquático, também recebe atenção especial. Atualmente, o clube conta com 123 sócios proprietários. “Está tudo restaurado e praticamente o clube foi reconstruído. Vou dar continuidade a todos os projetos, como a inclinação do telhado do nosso salão social. No Centro de Treinamento, será feito o alambramento do campo e construído novos vestiários, além da enfermaria. Nesses próximos dois anos é meta, pelo menos, deixar o primeiro campo pronto”, prevê Bachini.

Profissionalismo é descartado

O investimento em estrutura e as tradições do clube podem gerar a expectativa pelo surgimento de um time profissional do Nova Friburgo. Pelo menos pelos próximos dez anos, essa ideia está descartada. Bachini revela que pretende investir na antiga filosofia de base para readequar o clube antes de pensar em dar o passo à frente. “Os interesses do clube são outros, como investir no esporte amador”, reafirma.

 Outro ponto destacado pelo presidente é a estabilidade financeira. Segundo ele, o clube não possui nenhuma dívida, e ainda conta com uma reserva para investimentos pontuais. Os 11 funcionários recebem em dia e não há atrasos de benefícios e tributos, como acontecia antes de 2008, de acordo com Bachini.

 A contratação de até três pessoas para a manutenção do campo do Centro de Treinamento também está nos planos. “Todas as decisões são tomadas na base do consenso. Qualquer investimento é feito levando em conta a opinião da maioria dos conselheiros”, afirma.

Como será o amanhã...

Um dos principais palcos do futebol amador do município, o estádio Raul Sertã, na Rua Prefeito José Eugênio Muller, no Centro, é a menina dos olhos de muita gente. Mas dele, o Nova Friburgo F.C. não abre mão. Sem poder realizar eventos esportivos no local, o clube estuda alternativas, mas por enquanto, o antigo palco de jogos memoráveis segue cedido a uma empresa que administra ali um estacionamento rotativo. O primeiro contrato para arrendar o espaço foi firmado em 2010. Após o vencimento, no ano passado, um novo acordo foi assinado, garantindo a exploração do espaço por mais cinco anos. No entanto, uma cláusula permite a negociação para a quebra de contrato caso alguma proposta vantajosa para ambos os lados seja apresentada. E ela deve surgir em breve.

De acordo com Bachini, existem pelo menos quatro possibilidades. A primeira delas, e talvez a mais provável, é a construção de um centro financeiro. O prédio de até sete andares a ser construído no terreno de nove mil metros quadrados abrigaria as maiores agências bancárias existentes no município, além da sede dos Correios, da Receita Federal, INSS e possivelmente a Justiça do Trabalho. A construção, inclusive, já teria sido planejada para um prazo de 30 meses.

O planejamento, de fato, existe, e seria custeado pelo Banco do Brasil junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com recursos do Ministério das Cidades, do governo federal. Esse projeto, inclusive, faz parte do desmembramento dos investimentos previstos para a sede de Conselheiro Paulino. Outras duas propostas também são estudadas, e no momento, a única hipótese descartada é a de venda. “Não há chances. Também não acredito em desapropriação, que pelas leis que exigem uma grande compensação financeira, só poderia ser feita pelo governo federal. Mas da parte deles, acredito, não existe interesse”, sustenta Bachini.

Em meio à tantas possibilidades, ainda existe um empecilho junto à prefeitura. O município alega que o terreno deveria ser devolvido para o Nova Friburgo F.C., uma vez que trata-se de um espaço destinado à prática esportiva. Essa possibilidade, de acordo com Bachini, não existe. “Quando o Esperança e o Friburgo se fundiram, em 1979, foi feito um estudo profundo sobre a situação do estádio e não houve empecilho nenhum”, garante.

4 fotos – legendas:

1- Bachini prega pés no chão: CT e estádio Raul Sertã são assuntos em pauta no próximo biênio

2- Conclusão das obras do CT é maior desafio: apesar de estrutura, futebol profissional está descartado

3- últimas placas de grama devem ser colocadas em breve: inauguração em março

4- Escolinha do clube ainda mantém atividades: novamente filiado à Liga, clube espera participar de competições amadoras

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