Artesãos: o valor das próprias mãos

Além de pirografia e toalhas personalizadas, Friburgo também produz doces caseiros, geleias e amanteigados
sábado, 23 de março de 2019
por Guilherme Alt (guilherme@avozdaserra.com.br)
(Fotos: Guilherme Alt)
(Fotos: Guilherme Alt)

As tradicionais feirinhas de artesanato espalhadas pela praças da cidade estão a cada dia mais organizadas e recebem mais compradores a cada final de semana. O artesanato em Friburgo tem sido incentivado cada vez mais pelo poder público. São cerca de 400 artesãos cadastrados, com carteiras entregues no ano passado.

De acordo com a prefeitura, são cinco as associações cadastradas junto à Secretaria de Turismo: Economia Solidária, Friart e Faanf, com expositores na Praça Getúlio Vargas, Associação dos Artesãos da Praça do Suspiro e Artesãos do Lago de Lumiar.

Na última terça-feira, 19, comemorou-se em todo o país o Dia do Artesão. Aqui prestamos uma homenagem a todos que transformam matéria prima, com as mãos, em peças de decoração, móveis e utilidades domésticas. A data comemorativa não foi escolhida por acaso. No dia 19 também é o Dia de São José, padroeiro dos carpinteiros e artesãos.

Dando uma volta pela praça Getúlio Vargas é possível perceber que os artesãos de Friburgo se dividem em alguns setores, como artigos de decoração, vestuário, gastronomia, entre outros. Não é preciso caminhar muito para encontrar Susy Lemos (foto), que desde os 18 anos usa as mãos como ferramenta de seu ofício.

“Sempre fiz tricô, crochê, depois fui fazer bijuteria para vender. Em 2011, desempregada, uma amiga me chamou para ajudá-la a dar aula de artesanato em um programa na televisão. Eu estava um pouco preocupada porque nunca tinha trabalhado com tecido, com feltro. Mas logo no primeiro contato eu me apaixonei. Desde então, todo o meu trabalho e tudo que as pessoas encontram na minha tenda levam esses materiais. E sou eu quem faz: toalhas, chaveiros, panos, caderninhos. A maior parte dos produtos levam o nome de Friburgo. São lembranças que os turistas podem levar da cidade”, destaca a artesã.

Apesar de seus produtos serem para todas as idades, Susy possui um olhar sensível voltado para o público infantil, com peças educativas que estimulam as crianças a exercer a mente. “Eu trabalho com essas toalhas personalizadas, esse tipo de trabalho é patch aplique ou patchcolagem. Eu gosto muito de fazer coisas para as crianças: aqui tem quebra-cabeças e até um tênis que a criança pode usar para aprender a amarrar cadarço.

Ela lembra de comentar que nos sete anos de feira constatou que a maior parte de sua clientela vem de fora de Friburgo.

“As vendas geralmente ficam assim: 60% turista e 40% friburguense. E tem uma diferença entre os turistas. Os cariocas vêm, olham e compram. Às vezes fazem encomendas. Tem muita gente de outras cidades próximas do Rio, que eu vejo descer dos ônibus de turismo: eles passam pela praça, nem olham para as barracas e vão direto para os restaurantes.”

Susy é internacional. Além de vender para muitos estados brasileiros, sua arte já cruzou o Atlântico e foi parar no velho continente. “Portugal, Estados Unidos, até pro Vaticano. Uma pessoa me procurou para que gravasse o nome de alguns parentes que são irmãs de caridade e moram no Vaticano. Fiquei mega feliz, porque eu sou católica”.

Pirografia

A placa de madeira escrita “Seja Bem Vindo” dita o tom da arte de Jorge Ney Motta. Em seu estande é possível observar diversas placas carregando mensagens bonitas, de acolhimento, conforto, chaveiros com o nome da cidade, entre outros trabalhos.

“O meu trabalho envolve madeira e pirografia (escritura em madeira). Eu faço diversos trabalhos com frases e gravo em placas, chaveiros. Pode ser feito tanto por encomenda quanto na hora, às vezes até mesmo em objeto da própria pessoa, a gente consegue personalizar. Cada pessoa tem uma preferência, mas a maior parte das frases que eu gravo são louvores, uma referência religiosa, uma frase de conforto. Eles pedem para gravar o nome da cidade, o próprio nome, são sempre os pedidos que mais saem. Geralmente eles gostam de levar algo que lembre a cidade que visitaram.”

 

Foto da galeria
Jorge Ney Motta
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