Após aposentadoria, Cadão assume desafio como técnico do Frizão

Em pouco mais de 900 partidas oficiais registradas na história do clube, zagueiro jogou em 412
sexta-feira, 04 de maio de 2018
por Vinicius Gastin (esportes@avozdaserra.com.br)
Cadão participou de mais de 400 partidas com a camisa do Friburguense: desafio agora é na área técnica
Cadão participou de mais de 400 partidas com a camisa do Friburguense: desafio agora é na área técnica

Nova Friburgo e o Friburguense tiveram sorte. É cada vez mais raro encontrar um jogador de futebol que reúna características como fidelidade, comprometimento e seja capaz de liderar pelo exemplo e caráter, deixando assim inúmeros legados. A cidade e o clube tiveram esse privilégio dentro de campo, e passarão a ter também fora dele nesta temporada. Ninguém é eterno, e até mesmo Cadão foi vencido pelo tempo. Aos 46 anos, o zagueiro que há 22 defende o Friburguense não mais calçará as chuteiras ou colocará a braçadeira de capitão. A partir de agora, ele passa a constar nas súmulas como técnico do Tricolor da Serra.

Sem atuar desde janeiro do ano passado, quando sofreu fraturas na tíbia e na fíbula da perna direita, Cadão passou a fazer mistério sobre um possível retorno aos gramados. O zagueiro chegou a retomar os treinos, intensificar a parte física, mas decidiu deixar os gramados em comum acordo com a diretoria do clube.

Formado em educação física, Cadão teve as primeiras experiências à beira do campo nas divisões de base do próprio Friburguense. Sem o desfecho positivo com Gerson Andreotti e com o bom desempenho no dia a dia de treinos, o ex-capitão agora assume definitivamente o comando do time principal. “Agradeço muito a confiança da diretoria. Eu sabia que um dia iria me aposentar dos gramados, e graças a Deus surgiu essa oportunidade. Estou com uma expectativa muito grande para o campeonato. Nesse primeiro momento, o nosso grande objetivo é recolocar o Friburguense na primeira divisão”, resume.

Uma bela história

É quase impossível não associar Cadão ao Friburguense e vice-versa. Afinal de contas, em pouco mais de 900 partidas oficiais registradas na história do clube, o zagueiro esteve presente em 412. Em quase metade das vezes em que o time esteve em campo nos 36 anos de trajetória, lá estava ele, vestindo a camisa três e carregando no braço a faixa de capitão.

Aos 45 anos, Cadão tornou-se um dos jogadores de idade mais avançada em atividade no futebol brasileiro, e até então era o mais velho entre os atletas do estado. Há 22 anos em Nova Friburgo, entrou para a história, não só do Tricolor da Serra como também do futebol carioca. Ele liderou o quarteto que praticamente já ultrapassa 300 partidas pelo clube, ao lado de Sérgio Gomes, Bidu e Ziquinha.

Ricardo Jerônimo, o Cadão, nasceu em Três Rios, em 30 de setembro de 1971. A primeira experiência como profissional aconteceu em 1991, ainda no Entrerriense, clube de sua cidade natal, aos 19 anos. Estreou na elite do futebol carioca em 1993, já com resultados expressivos, como a vitória sobre o Vasco. Dois anos depois, uma nova participação na elite e um empate com o Botafogo, atuando neste jogo como volante.

Em 1996, surgiu a proposta do Friburguense por Cadão. A estreia foi em 17 de março, pela Segunda Divisão Estadual, numa vitória por 1 a 0 sobre a Portuguesa. O primeiro gol veio em 4 de abril, no empate simples diante do Barra de Macaé. Naquela temporada, chegou à sua primeira final pelo Frizão, mas acabou batido pelo Nova Iguaçu, perdendo o último pênalti do desempate, perdido por 4 a 3. Ali os rumos da história de Cadão no futebol já estavam definidos.

Nos anos seguintes, se alternou entre a titularidade absoluta e o empréstimo a clubes como Barreira e CFZ, até surgir a chance de estrear na Série A pelo Frizão, em 1999. Daí em diante, foi titular em 17 temporadas com o clube, conquistando números expressivos em atuações e gols: é o segundo maior artilheiro da história do clube, com 41 gols, atrás apenas de Ziquinha. Em 2011, mesmo no alto dos quase 40 anos, teve fôlego para bater o recorde de jogos pelo clube numa só temporada: 54.

Ídolo da torcida, o zagueiro disputou 17 campeonatos estaduais da Primeira Divisão, dois da Segundona, nove copas Rio, cinco edições da Série C do Brasileiro e outras duas da Série D. Conquistou os títulos da Seletiva para o Carioca de 1998, a Taça João Ellis Filho de 2009 e os simbólicos Torneios do Interior de 1998 e 1999. A dedicação e o tempo de casa lhe renderam o título de cidadão honorário de Nova Friburgo.

Título sem taça em último ato

Ironicamente, Cadão foi relacionado pela última vez para uma partida oficial em um jogo que entrou para a história do Friburguense. No dia 22 de outubro de 2016, o Tricolor da Serra enfrentou a Portuguesa, no estádio Luso-Brasileiro, na Ilha do Governador, em duelo que decidia – em campo – o título da Copa Rio daquele ano. Em cena rara, o zagueiro apenas assistiu ao duelo do banco de reservas, vestindo a camisa 13. A dupla de zaga foi formada por Pierre e Bruno Leal naquela partida.

Num dos jogos mais épicos da história do futebol carioca, o Frizão venceu nos pênaltis, após vitória da Lusa pelo placar de 4 a 3 no tempo normal. No entanto, o Tricolor da Serra não pôde levantar a taça, que provavelmente seria erguida por Cadão, pois o Tribunal de Justiça Desportiva do Rio (TJD-RJ) entendeu que houve uma irregularidade na situação do zagueiro Diego Guerra.

Contudo, a história heróica, dentro das quatro linhas, foi escrita pelo Friburguense. O clube que possui o privilégio de contar com um capítulo inteiro de nome Cadão em sua trajetória.

Frizão recebe o Sampaio Corrêa em novo amistoso antes da Série B1

O mês de maio chegou, e o Friburguense entra na reta final de preparação. Além da intensa rotina de treinos, o caminho tricolor até a estreia na Série B1 do Campeonato Carioca, no próximo dia 19, reserva alguns testes importantes. E o próximo já tem data para acontecer: neste sábado, 5, o Frizão receberá o Sampaio Corrêa, em amistoso às 15h, no Estádio Eduardo Guinle. Antes do início do Estadual, a tendência é que pelo menos mais um ou dois jogos-treino sejam realizados para que o técnico Cadão observe o desempenho dos atletas.

O Friburguense enfrentaria o Serra Macaense na última sexta-feira, 27 de abril, mas a equipe do Norte Fluminense teve problemas com o ônibus durante a viagem e o duelo foi cancelado. É possível que os times se joguem em uma nova data, que ainda não foi definida pelas diretorias. O Tricolor da Serra havia enfrentado o Serra na semana anterior e vencido por 1 a 0 no Moacyrzão, no primeiro de uma sequência de dois amistosos, batizados de Copa da Amizade.

Antes da viagem para o Norte Fluminense, o Friburguense havia vencido o jogo-treino contra o Canto do Rio por 3 a 0, no Eduardo Guinle, com gols de Lohan, Jefinho e Matheus Medeiros. O Frizão também já enfrentou o Macaé durante a preparação, com um time de jovens composto apenas por jovens da base e jogadores em experiência, e acabou derrotado por 4 a 0.

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