AmiZade com Z... de Switzerland

Domingo, 17 de fevereiro, celebra o Dia da Amizade Suíço-Brasileira
sábado, 16 de fevereiro de 2019
por Girlan Guilland (girlan.guilland@gmail.com)
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Amizade também se escreve com Z. E por isso, esta edição do caderno Z aborda os ‘laços de amizade’, unindo dois povos há dois séculos, mas reforçados há pouco mais de quatro décadas.

Poucos sabem.  Ou possam estar lembrando, mas este domingo, 17 de fevereiro, é o Dia da Amizade Suíço-Brasileira, instituído oficialmente pela lei municipal n° 1.659, de 23 de dezembro de 1981.

Se no ano passado, Nova Friburgo celebrou seu bicentenário de fundação pelo Decreto do rei Dom João VI (16 de maio de 1818, o monarca português autorizava a vinda dos primeiros suíços ao Brasil), a trajetória histórica do município registra ainda muitas outras datas a celebrar, neste contexto.

O ano já se inicia com mais esse registro especial - reportando-se à criação, há 41 anos, da Associação Fribourg-Nova Friburgo, entidade promotora do intercâmbio entre as cidades irmãs, no Brasil e na Suíça – mas 2019 também assinala um outro capítulo importante: em 04 de julho de 1819, portanto há 200 anos, a primeira leva de imigrantes partia de Estavayer le Lac, rumo à viagem em busca da nova terra prometida.

O governo suíço vai celebrar daqui a cinco meses aquele feito, exatamente na cidade portuária, ponto de partida dos pioneiros colonos.

História quase esquecida por mais de um século e meio

Por mais de um século e meio até meados da década de 1970, os registros históricos adormeciam nos arquivos e documentos. Nova Friburgo e o canton homônimo suíço de Fribourg, praticamente não se conheciam. Na verdade, viviam totalmente apartados.

Ainda que na década de 1940, o jornalista e historiador Pedro Cúrio com o seu ‘Como Surgiu Friburgo’ (Esboço histórico e episódico) – 1818/1840, tenha sido precursor do tema da colonização helvética, pós- transmigração da Família Real Portuguesa ao Brasil, somente mais de três décadas depois o assunto ganharia vulto entre os friburguenses.

Foi o historiador e professor da Universidade de Fribourg, Martin Nicoulin, quem acendeu a chama da reaproximação dos dois povos. Sua tese de mestrado ‘A Gênese de Nova Friburgo: emigração e colonização suíça no Brasil, 1817-1827’, publicada em 1973, foi o estopim de tudo que aconteceria na sucessão dos 40 anos adiante. E não foi pouco.

A publicação da pesquisa de Nicoulin - ainda que então restrita ao idioma francês -  despertaria o interesse mútuo de pessoas, tanto no Brasil quanto na Suíça. Um dos principais personagens nessa parte do enredo é o engenheiro Ariosto Bento de Mello (1928/1980). Em 25 de maio de 1976, em férias na Europa, ele encontra-se com o próprio Martin, acompanhado do banqueiro René Louis Rossier e do padre Pierre Kealin e lançam a proposta de reencontro, intercâmbios e projetos culturais.

Dois povos: um só coração

A motivação do quarteto parece ter sido o combustível perfeito para concretizar os planos tão rapidamente: em 17 de novembro de 1977, 201 ‘fribourgeois’, acompanhados da La Concordia, La Chanson de Fribourg e o Quarteto Boschung, desfilavam pela avenida Alberto Braune, no que seria o primeiro de uma série de sete encontros suíço-brasileiros (o mais recente em maio do ano passado), estreando o lema - “Dois povos: um só coração” - que marcaria para as novas gerações, o resgate daquele reencontro de Nova Friburgo e Fribourg com suas raízes.

O passo seguinte seria, então, a 17 de fevereiro de 1978, o nascimento concomitante, em Fribourg e em Nova Friburgo, das duas associações que cuidariam de fomentar a integração.

A data que ora comemora 41 anos, a partir de 23 de dezembro de 1981 se tornaria o DIA DA AMIZADE SUÍÇO-BRASILEIRA, coroando aquele período inesquecível, tendo como seu ponto alto a visita da comitiva de 300 friburguenses, a 30 de abril daquele ano, à Suíça, durante os festejos de 500° aniversário do ingresso do canton de Fribourg na Confederação Helvética.

E para quem também ainda não sabe, cabe uma ressalva. No centro de Nova Friburgo estão fincados dois símbolos em pontos estratégicos da cidade sobre a ligação dos dois povos: entre a Rua Francisco Miele e a Avenida José Ruiz Bolea, em frente ao antigo posto Select - o monumento alusivo às duas cidades e a pequena Praça Fribourg, foram inaugurados em 1987, durante o 3° Encontro Suíço-Brasileiro; e na Estação Livre, ao construir o terminal de integração, inaugurado em 1988, o então prefeito Heródoto Bento de Mello inseriu no madeirame do telhado, o desenho esculpido em madeira de dois ‘F’s unidos, formando a logomarca da Associação Fribourg-Nova Friburgo, AFNF, que sintetiza o slogan: ‘Dois povos, um só coração’.

 

 

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TAGS: 200 anos
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