Além dos limites

A reportagem desta série publicada na última quinta-feira, 5, sobre a importância do Montanha Cup para o crescimento da modalidade do ciclismo em Nova Friburgo e região ganhou destaque. E todo esse sucesso, já consolidado em um total de 11 edições, já ultrapassa os limites de Nova Friburgo e começa a ganhar as pistas da região. 

O evento passa a abranger, em seu nome e na prática, as “Serras do Rio”, e terá edições em Teresópolis, no próximo mês, e em Petrópolis, em setembro. De fato, já houve duas edições em Casimiro de Abreu e outras duas em Cachoeiras de Macacu, mas o momento de afirmação para a modalidade reforça a importância do Montanha Cup- Serras do Rio, e leva o projeto que teve início em 2006 a um novo patamar.

Um detalhe que nunca vou esquecer é que 15 dias antes da primeira corrida, em 14 de abril de 2006, sofri um grave acidente no trajeto da prova, onde tive uma fratura de coluna e corri riscos de sequelas. Fiquei hospitalizado até a véspera da prova, e fui fazer a largada em cadeira de rodas. Foi muito emocionante poder ver todo o trabalho que tinha feito, o apoio dos amigos, e não poderia ficar de fora”, relembra Orlando Miéle, idealizador e coordenador do Montanha Cup.

Já no ano passado, Orlando foi convidado para realizar o Montanha Cup em Petrópolis, e a prova foi considerada um grande sucesso. “Uma das melhores edições do evento”, relata. A boa repercussão motivou a criação do circuito Montanha Cup - Serras do Rio, que teve a primeira etapa realizada em 2 e 3 de abril em Nova Friburgo. A segunda está programada para o dia 12 de junho, em Teresópolis, e a terceira para 25 de setembro, em Petrópolis.
A próxima prova, na cidade do Dedo de Deus, conta com a parceria do Hotel São Moritz, onde será realizada a etapa. O trajeto vai contemplar áreas rurais em Teresópolis e também em Nova Friburgo, em meio ao circuito turístico Tere-Fri. A maior parte do percurso, entretanto, será no município vizinho. Dentro do próprio hotel será montada toda a estrutura complementar do evento. 

“O percurso é muito bonito e bem duro, com muitas subidas como já é o perfil do Montanha Cup”, explica Orlando. “A expectativa é a melhor possível, tendo em vista que os bikers que correram a primeira etapa, em Nova Friburgo, estarão presentes para buscar pontos dentro do circuito do Montanha Cup Serras do Rio”, completa.

O circuito será finalizado na Cidade Imperial, onde os campeões de cada categoria serão conhecidos. Além da entrega dos troféus, o momento representará a elevação definitiva do ciclismo friburguense a um novo patamar. De fato, o Montanha Cup conta com participação expressiva de atletas de vários municípios do Estado do Rio, registrando também a presença de atletas de outros estados como Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo, Brasília e Tocantins. 
Em algumas edições também houve a presença de atletas de outros países.

Já participaram do evento — e inclusive venceram etapas — ciclistas de renome nacional e internacional, como Henrique Avancini, que corre o circuito mundial, Robson Ferreira, campeão brasileiro de maratona em mountain bike, Roberta Stopa e o friburguense Damiano Militão, que já foi vice-campeão mundial master.

Downhill: uma das variações

Na modalidade, Baeta brilha nas competições estaduais

A bicicleta, em suas mais diversas variações, abre espaço para alguns incrementos. Uma das modalidades de maior sucesso no ciclismo de Nova Friburgo, o downhill é exemplo. Nesse esporte, a bike deve ser resistente, para aguentar os impactos das descidas. Na geometria do quadro, o tubo superior  é mais inclinado, quando comparado à maioria dos modelos de mountain bikes tradicionais. 

A bicicleta de downhill é chamada de full suspension, pois apresenta suspensão dianteira (no garfo da bicicleta) e traseira (no quadro), todas com o curso bem longo. A suspensão dianteira da bicicleta de downhill tem entre 180 e 200 milímetros de curso, geralmente. Já a suspensão traseira pode variar entre 180 e 250 milímetros. Tudo isso para suportar os impactos de grandes alturas. 

Os pneus são largos e com cravos para aumentar a superfície de contato com o solo, melhorar a aderência e a estabilidade da bicicleta em terrenos acidentados.
Ao citar o downhill em Nova Friburgo é impossível não associar ao nome de Bruno Baeta. Multicampeão da modalidade, o atleta ganhou a primeira bicicleta ainda aos sete anos de idade. Ao lado dos amigos Chapolin e Domênico, Baeta frequentava as pistas do Country Clube e do Prado.

Até mesmo a garagem do prédio ganhou contornos de uma pista improvisada, feita com madeira. A transição de amador para profissional se deu de forma natural, através do simples desejo de viver novas emoções sobre duas rodas.
A modalidade, na época, ganhava força no Rio de Janeiro e Baeta foi um dos novos adeptos. “Montei uma bike, mas teve uma época que eu desisti.

omprei uma moto, pratiquei motocross e bicicleta eu apenas vendia”, lembra ele. 
O destino e a falta de estrutura levaram o piloto de volta ao downhill. O número limitado de pistas — em Nova Friburgo, apenas a da Via Expressa era utilizada — e o fato de não ter um carro para transportar a moto dificultaram a prática do motocross. “Vendi a moto, voltei com a bicicleta e não parei mais”, relata. A primeira vez de Baeta em uma competição foi em Jacarepaguá, no Rio, aos 24 anos.

 amigo Xandrinho o levou para participar de um torneio e, desde então, cada viagem produz uma nova história para contar. O resultado do esforço vem a cada troféu conquistado. No Mundial Master de 2012, em Balneário Camboriú-SC, Baeta competiu com vários pilotos que até então apenas assistia pela televisão.

 sexta colocação é considerada uma vitória, uma vez que a corrente da bicicleta do friburguense arrebentou.
A renovação de talentos acontece através da equipe Abelhas DH, liderada por Baeta.

O projeto atrai jovens interessados em ingressar no esporte, e novos nomes já começam a surgir no cenário municipal.