Sintomas de Transtorno de Personalidade Borderline

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Uma pessoa com transtorno de personalidade apresenta importantes alterações de caráter, de difícil mas não impossível solução. O mais desafiador para pessoas com problemas mentais como este, como o que tem doença bipolar na fase eufórica, e outras condições mentais, é admitir o problema. Quem aceita ter dificuldades comportamentais, já deu um grande passo para a recuperação.“Borderline” é uma palavra inglesa que significa “limítrofe”, “linha de demarcação de uma fronteira”, deriva da classificação de Adolph Stern que descreveu, na década de 1930, a condição como uma doença que permanece no limite entre a neurose e a psicose.

O indivíduo com Transtorno de Personalidade Borderline tem sintomas como: num momento idealiza e em outro momento desvaloriza pessoas importantes da vida dele; excessiva sensibilidade diante de críticas leves ou rejeição; pode haver crises de raiva, depressão e gestos suicidas; baixa tolerância à frustração, com muita dificuldade de enfrentar a rotina; tendência de quebrar regras de convenção social; difícil ter empatia com outras pessoas; tendência de adotar qualidade de outra pessoa com o fim de manter amor; mascara a tendência de agressividade com passividade, tendo leve ar de amabilidade, mas que transforma facilmente em algo agressivo; atrasa com frequência nos compromissos e é pouco confiável para pagamentos; vazio interno que leva o indivíduo a apegar-se a grupos sociais ou religiosos, um atrás do outro, não importando se os princípios do grupo atual são opostos ao do anterior; pouca motivação para se submeter a tratamento; leva uma vida confusa na qual há sempre algo ruim ocorrendo; dificuldade de estabelecer contato emocional facilmente; envolve-se em pequenos atos criminosos, a não ser que seja rico; história de problemas emocionais na infância; sexualidade caótica, muitas vezes com frigidez e promiscuidade combinadas.

Em média, 2% da população sofre deste transtorno, 76% em mulheres, 20% da população carcerária. Cerca de 80% dos pacientes com Transtorno de Personalidade Borderline relatam que o casamento de seus pais é bastante disfuncional, e com muitos conflitos. Muitos pacientes experimentaram negligência e abusos físicos e sexuais dentro da família. Mas apesar disto, cerca de 20 à 25% vêm de famílias estruturadas.

Nos borderlines há a tendência a comportamento briguento e impulsividade sobretudo autodestrutiva, manipulação e chantagem. Agem de modo imprevisível sem preocupação com as consequências de seus atos. São aparentemente tidos como “rebeldes”, “problemáticos”, geniosos e temperamentais, mas com grave distúrbio mental. 

Os sintomas aparecem mais no fim da adolescência e se concretizam nos primeiros anos da fase adulta, persistindo geralmente por toda a vida. Muitas vezes a severidade do transtorno diminui com o tempo. Os borderlines geralmente foram crianças privadas de uma necessidade básica, possivelmente foram negligenciados emocionalmente em alguma etapa de sua vida, o que, por sua vez, ocasionou marcas profundas e indeléveis em sua personalidade. Tais marcas podem advir por conta de inúmeros eventos de caráter traumático, como, por exemplo, a separação dos pais, abusos sexuais na infância, violência física e até a perda precoce de um ente querido.

Partindo desse pressuposto, pode-se dizer que o desenvolvimento emocional do borderline estacionou drasticamente, antes de alcançar a fase do pleno amadurecimento psicológico. Em suma, são pessoas que crescem e envelhecem fisicamente, mas emocionalmente continuam sendo crianças egoístas e, infelizmente, muito problemáticas.

Quando alguém com transtorno de personalidade decide fazer o possível para melhorar seu comportamento, pode sair do estado doentio e passo à passo se tornar mais agradável, confiável, flexível, afetivo, menos dramático, menos histérico, menos agressivo e explosivo, menos frio e calculista, passando a ter apenas traços não dominantes do que antes era rígido e profundamente entranhado em sua personalidade. O tratamento psicoterápico ajuda neste processo de mudança. O desafio, como comentei no início, é a pessoa admitir que tem problemas e decidir procurar ajuda.

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César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

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