Atitude mental e alívio da dor

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Quase que todas as manhãs, ao acordar, um dos primeiros pensamentos que procuro cultivar em minha mente tem que ver com gratidão ao criador do universo por continuar vivo. Acordei e estou vivo! Maravilha! Martin Seligman, pai da Psicologia Positiva, ex-presidente da Associação Americana de Psicologia, professor da Universidade da Pensilvânia, desenvolveu estudos mostrando a importância para a saúde o cultivo de pensamentos positivos e sentimentos de gratidão, alegria, esperança, entre outros.

Em sua teoria enfatiza a importância de aprendermos ao invés de olhar para o que falhou na vida, concentrar no que deu certo. Uma das atitudes que podemos desenvolver e que nos dará mais saúde tanto física quanto mental tem que ver com a gratidão. Ao final do dia, quando vou deitar para dormir, uso uns minutos para agradecer pelo que deu para fazer naquele dia. Sim, vem em minha mente pensamentos de cobrança pelo que não fiz. Em seguida, evito que eles tomem conta de minha mente, e me esforço para pensar e agradecer pelo que consegui fazer, relembrando para mim mesmo as tarefas executadas.

Se você está num dia ruim, sua energia mental está baixa, a tristeza nublou sua mente como uma neblina na serra, faça o melhor que puder ao longo do dia. Pegue leve consigo e não fique se cobrando por não estar bem e, por isso, não estar produtivo. Pegar leve não significa não fazer nada e se entregar à tristeza e desânimo. Significa que, mesmo triste e desanimado, você decide fazer algo de bom, que pode ser arrumar a gaveta do armário, organizar mantimentos na dispensa, varrer o quintal, ler mais uma página do livro, não se depreciando porque só leu uma enquanto que normalmente lê dez por dia.

Ao deitar no final deste dia difícil, olhe para trás e relembre o que conseguiu fazer. Ao invés de se atacar e pensar: “Que droga! Hoje não fiz nada!”, evite este pensamento irritadiço e grosseiro para consigo mesmo, e escolha outro pensamento de bondade e paciência que pode ser: “Obrigado, hoje consegui lavar a louça, quando queria deixar tudo sujo dentro da pia”, “Graças a Deus consegui molhar as plantas, cozinhar o feijão, ir ao mercado e dar um banho no cachorro, mesmo com vontade de ficar na cama o dia todo!”, “Obrigado, consegui trabalhar na empresa e resolver algumas coisas mais urgentes, embora com lentidão e muito esforço, mas deu para fazer.”

Nosso corpo é poderosamente influenciado por nossas emoções. Herbert Benson, médico da Universidade de Harvard, explica: As emoções são o resultado natural e a representação de nosso cérebro de como ele leva em conta o que ocorre em nossa vida total, dentro e fora de nós. Elas são muito mais importantes para a função do cérebro e para determinar nossa saúde do que nossa sociedade, a qual promove a razão objetiva, tem jamais imaginado …(as emoções) possuem um papel muito mais crucial em nossa fisiologia do que a maioria de nós pode compreender.” “Medicina Espiritual”, Herbert Benson, Harvard School of Medicine, Body-Mind Institute, p.66, 68, Editora Campus, 1998.

Comece agora mesmo a mudar o conteúdo dos seus pensamentos, que são as palavras que você usa para construir seu pensamento. Nos tornamos parecidos com o que mais pensamos e mais contemplamos. Você tem a escolha sobre o que irá pensar, não sendo obrigado a pensar no que não quer. Você pode lutar aí em sua mente para decidir pensar coisas boas, úteis, positivas, de esperança e de gratidão.

Cultivar gratidão libera neurotransmissores que previnem doenças como Alzheimer, depressão e transtornos de ansiedade. Observou-se que soldados norteamericanos na segunda guerra mundial feridos em batalha, tinham resposta imunológica diferente diante da recuperação dos ferimentos (por estilhaço de granada, etc.). Verificou-se que haviam dois grupos diferentes de soldados quanto à resistência do corpo após serem recuados para os hospitais de campanha para tratar os ferimentos.

No grupo 1 estavam soldados com melhor e mais rápida recuperação de suas feridas, e no grupo 2 os que tiveram mais complicações clínicas, embora os ferimentos tenham sido semelhantes aos que atingiram os soldados do grupo 1. Os pesquisadores encontraram algo ligado à atitude mental daqueles jovens. Os soldados do grupo 1 cultivavam atitudes de gratidão ao lutar pela pátria, mas os do grupo 2 cultivavam revolta por terem ido para a guerra. Os do grupo 1 tiveram maior produção de endorfina que aliviava as dores. Endorfina é um potente analgésico produzido naturalmente pelo corpo especialmente quando nutrimos gratidão, alegria e esperança.

 

  • Dr. Cesar Vasconcellos apresenta o programa Claramente, no canal por assinatura TV Novo Tempo, todas as quartas-feiras, 22h30, com reprises aos domingos, 9h30, segundas-feiras, 19h30, quartas, 14h30, sextas, 12h, e também nos endereços eletrônicos www.novotempo.com/claramente, www.youtube.com/claramentent e www.facebook.com/claramentent.
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César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

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