Ano Novo, Pensamento Novo

quinta-feira, 03 de janeiro de 2019

A esperança é fundamental para nossa saúde mental. Estudos feitos, por exemplo, na Universidade do Arizona, pela equipe do Dr. Uldeman, mostraram que quando cultivamos esperança em nossa consciência, nosso sistema imunológico funciona melhor.

Anos atrás um Prêmio Nobel foi dado para uma equipe que mostrou que existe uma comunicação entre as células do Sistema Nervoso Central e células do Sistema Imunológico, assim como do Sistema Endocrinológico. Isto significa que o que mantemos em nossa mente em termos de pensamentos, o sentimentos que mais cultivamos, as coisas que mais contemplamos, afetam nossa saúde física. O Dr. Uldeman e equipe verificaram que uma pessoa em luto psicológico pela morte de um ente querido, pode ficar com sua imunidade enfraquecida por vários meses, porque a tristeza gerada pela perda diminui e/ou impede o bom funcionamento das células de defesa.

Então, uma atitude mental como o cultivo da esperança pode realmente ajudar nossa saúde. Por isso, ao começar um novo ano, você pode começar a cultivar pensamentos de esperança para que não só sua saúde mental floresça, mas a física também.

O que pode indicar falta do cultivo de esperança? Como vive alguém com desesperança? Ela olha para o futuro e só vê tragédias, olha para o presente e só vê motivo para queixas, olha para o passado e fica lamentando o que perdeu, o que não fez, se cobrando pelo que acha que deveria ter feito. Isto entristece o indivíduo, cria desânimo, irritabilidade, prejudica a saúde física e favorece o surgimento de estados depressivos, ansiedade excessiva, insônia, problemas nos relacionamentos com as pessoas.

Por outro lado, quando você alimenta a esperança de solução de lutas e conflitos dentro de si mesmo, no seu ambiente social (família, casamento, trabalho, comunidade religiosa), você fica mais leve, menos irritado, evita doenças psicossomáticas, dorme melhor, surge possibilidade de melhor relacionamento com as pessoas (pelo menos do que depende de você). Às vezes a esperança é obtida não por ganhar de volta o que se perdeu porque pode não ter volta. Mas pode ser o fortalecimento para lidar com a perda.

Como se desenvolve esperança? Se você luta com algum conflito em seu interior, pare e pense: Que conflito é este? É com alguém do presente, do passado? Quem é, ou quem são as pessoas conectadas com este conflito? Qual o significado dele? Você queria atenção da pessoa e ela foi indiferente? Ela o amava e foi embora precocemente pela morte, divórcio, abandono? Quando começou o conflito? Na infância, na adolescência, na vida adulta? Como começou? Fazer esta autoanálise significa colocar as cartas na mesa. É o começo da busca da verdade sobre sua vida e sua dor que pode libertar.

Em seguida, reflita: qual o problema pior para mim neste conflito? Há algo que eu possa fazer e que ainda não fiz para solucioná-lo? Tem alguém que possa me ajudar ou é algo que só eu posso fazer? Então, dê o primeiro passo. Não espere por ninguém, aja agora mesmo. Comece aí na sua mente, com um novo pensamento sobre como lidar com este problema ou conflito. Pare de se queixar da vida, das pessoas, de Deus. Isto não adianta.

Talvez o primeiro e grande passo para cultivar esperança tenha que ver com você mudar sua forma de lidar com este problema específico em sua vida (aquele que é o mais difícil), e com outros. Um de cada vez. É como usar uma ferramenta melhor, mais adequada para consertar algo. Usando ferramenta inadequada, dá mais trabalho, demora mais e pode até danificar alguma peça. Mas lançando mão da ferramenta apropriada a resolução do problema, é feito de maneira eficaz.

Assim é com sua mente. Para cultivar esperança, comece com você mesmo. Comece com mudar sua forma de pensar sobre o problema. Tome a iniciativa de cultivar pensamentos diferentes do habitual na luta para a vitória sobre o que o incomoda. Precisa perdoar? Perdoe, inclusive a si mesmo. Precisa fazer alguma reparação com alguém que você prejudicou? Faça logo, a menos que isto possa prejudicar outras pessoas. Abandonou Deus e tem uma amargura contra Ele? Fale com Ele sobre isto, seja honesto em sua oração. Não é Deus que precisa ouvir o que você esconde, mas é você que ao falar pode receber cura. Precisa aceitar uma perda? Aceite. Aceitar não é concordar. É olhar para a realidade e dizer: Detesto isto que ocorreu! Mas é uma realidade. E posso viver com isto. Bom novo ano com bom pensamento novo!

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César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

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