Paulinho, o novo... (?)

domingo, 23 de julho de 2017

Amigos, o cara que gosta de futebol gosta sempre de avaliar quando surge uma promessa no time do coração. O Flamengo é mestre em achar o novo Zico. No Santos, os novos acabam tendo sobre si uma responsabilidade enorme, como Robinho, Diego, Neymar, Ganso, Gabigol, Lucas Lima... O Fluminense tem uma safra enorme de atletas de Xerém e, com uma negociação atrás da outra, assumem o lugar de medalhões que nem são tão medalhões assim.

A bola da vez é Paulinho, do Vasco. São dezessete anos de idade e passagens carimbadas pelas seleções de base. Tem no currículo títulos no Sub-15 e Sub-17. No time profissional, chegou ao ápice na rodada deste domingo. O que passa na cabeça de um garoto ao marcar os dois gols da equipe na vitória contra o Atlético Mineiro fora de casa? É um cenário perfeito!

Mas aí aparecem os projetistas de plantão. Os gols e a boa atuação fizeram com que já fosse apontado o novo Phillipe Coutinho, o novo Alex Teixeira. Talvez, o novo Evander (?). O fato é que o menino mal pode desfrutar da noite mágica que já há projeções sobre a carreira dele. E já recaiu sobre os ombros do rapaz de dezessete anos a responsabilidade de ser a maior esperança de um clube centenário, com um time sem grandes talentos.

Acho que o futebol hoje coloca no fogo gente tão jovem que, lá na frente, vamos olhar e ainda cobrar o motivo de não terem dado certo no futebol. Quanta molecada boa se perdeu por causa da pressão da torcida, de parte crítica da imprensa, da diretoria, de empresários... Tanto menino que se deslumbrou por causa do assédio, das oportunidades, da facilidade com que tudo aparece nas mãos, e esquece do futebol. E vou contar um segredo pra vocês: somos muito culpados desse cenário! 

Pedimos para colocar a garotada, dois jogos depois estamos vaiando e dizendo que não estavam preparados. Nós, comentaristas de sofá e analistas de notebook e celular dizemos que os times precisam de ousadia, mas criticamos quando logo ao ver um drible ou um passe errado. É uma questão de comportamento, algo mais filosófico, não é a minha praia. Mas viram como não é uma ciência exata?! 

E, pior, tem gente que absorve todo esse turbilhão de sensações e opiniões. Técnico, comissão técnica, o próprio jogador...

O barato é deixar o atleta se desenvolver, fazer o trabalho dele sem pressa, evoluir, se divertir, e dar retorno ao time do coração. O que importa não é aparecer um novo Cristiano Ronaldo, Messi, Ronaldinho, Kaká... O  que importa, de verdade, é o Paulinho, de fato, aparecer.

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