Colorido de novo

sexta-feira, 06 de dezembro de 2019

Bem que o céu cinza poderia se tornar azul de novo. A serração sumir, a neblina dissipar, o frio encolher e o astro rei voltar a tomar o seu lugar, e brilhar deixando para trás esse final de primavera com cara de inverno. As luzes do Natal até já podem ser vistas nas ruas e no comércio. .

Querendo ou não, há de se ter em mente que os dias cinzas vem, mas passarão. E podem não ter correlação com o tempo lá fora. O mundo não para se estamos tristes. Dia e noite continuam se revezando no espetáculo da vida. Somos nós que temos e perdemos a capacidade de apreciarmos o show.

Realmente todas as fases da vida em alguma medida fazem jus à essa roupagem de ciclos de que se vestem. Não há como negar. Algumas fases mais parecem lições, há diálogos que parecem aulas, trocas regadas de aprendizados. Conversas em dias cinzas têm seu poder, é verdade. Dia desses falávamos sobre o tempo, sobre cronologia e necessidade de percebermos que as fases, boas ou ruins, passam, e que a maturidade aos poucos nos acalma à medida em que acalenta a afobação de termos nossos problemas resolvidos “para ontem”, como num passe de mágica que não existe.

Na verdade, seria um tanto interessante assimilarmos que até mesmo a paisagem lá fora é relativa ao nosso sentir, tem a ver com a nossa forma de enxergar o dia, ainda que o tempo esteja chuvoso ou ensolarado para todos e os relógios avancem na mesma cadência para todo mundo. Aliás, essa relação com essas duas concepções de tempo me fascina. Se estamos bem, junto de quem amamos, com saúde plena, lazer em dia, estado de espírito de alegria, é mais comum desejarmos que o tempo passe devagar, quando não sonhamos que ele pare de vez naquele momento.

Almejamos que coisas boas tenham duração maior e que a felicidade se perpetue no tempo. Ao contrário, nos momentos de tristeza, doença, agonia, solidão, o correr do relógio é que passa a ser a utopia almejada. De alguma maneira, nessas horas, ao torcermos para que o tempo passe rápido, demonstramos ser sabedores de que os ciclos existem e que as dores também são passageiras.

Por mais que queiramos acelerar e desacelerar, a verdade é que o tempo não muda e sim a nossa percepção sobre ele. Sobre tudo. Sobretudo. O céu cinza pode surgir, mas dependendo do nosso olhar, saberemos apreciar, gostaremos do bucolismo e até sentiremos saudade. Enxergar a vida com cor é, na verdade, uma questão sobre o olhar, de dentro para fora, de percepção e reflexo do próprio estado de espírito. E aí, com alegria vos digo: “ está tudo pink lá fora”.

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Paula Farsoun

Com a palavra...

Paula é uma jovem friburguense, advogada, escritora e apaixonada desde sempre pela arte de escrever e o mundo dos livros. Ama família, flores e café e tem um olhar otimista voltado para o ser humano e suas relações, prerrogativas e experiências.

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