Amizade é...

sábado, 20 de julho de 2019

Amizade é frase feita. Amizade é canção. Amizade é o exemplo nos famosos que nos vemos. Amizade é amor que a gente chama pelo nome. Difícil definir amizade... Cada amigo é um, assim como é única a relação que temos com cada um deles. Ainda que seja amor tudo aquilo que chamamos de amizade, cada uma tem a sua particularidade e multiplicidade. Por isso, talvez seja amor tão diverso e que nos complete tanto. Talvez, por tudo isso, seja o amor menos complicado, mas também o de mais complexa descrição. Porque é amor que se mistura ao amor de família, ao amor de namorados, ao amor desinteressado cujo único objetivo é se doar, receber de graça, se divertir, dividir para multiplicar. É parceria para enfrentar os dias e trazer leveza às horas.

Amizade é amor que se sustenta para além do tempo. E quantos já tentaram definir a amizade. “Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos”. Muitos atribuem tal definição de amizade a Vinícius de Moraes, grande amigo do Tom. Mas a frase é do cronista gaúcho Paulo Sant'ana que em um dos mais belos escritos sobre amigos, diz: “Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo”. E, sim, é de Vinícius, ainda que tivesse o amigo Tom, o lamento de Procura-se um Amigo: “Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo”. Quem dirá Roberto e Erasmo Carlos que não precisam nem dizer que são amigos de fé e irmão camaradas. Reconhecer. “Você meu amigo de fé, meu irmão camarada, sorriso e abraço festivo da minha chegada, você que me diz as verdades com frases abertas, amigo você é o mais certo das horas incertas”.      

E como é bom ter os amigos em todas as horas. Amizade que é esse amor que a gente chama pelo nome e atende por Hugo, Thiago, Naiara, Filipes com F e com Ph. Que tem nomes compostos como Marcos Vinícius, Luis Filipe ou Luis Eduardo. Tem aqueles famosos que todo mundo chama por nome e sobrenome, mas que você chama apenas de Bernardo ou Bê. Mas também há os que você, necessariamente adiciona nome e sobrenome: Bruno Pedreti, Michel Zissu, Rafael Cariello... Ou vai direto ao sobrenome: Burgos, Busquet. 

A amizade é genial e em nada diminui ou difere o amigo quando o chamamos pelo diminutivo Raphinha ou pelo aumentativo Digão. Também não tem problema quando a intimidade te faz reduzir o nome Anna Beatriz a Bia ou Daniele a Dany e Leonardo a Leo. E dos irmãos que a gente escolhe pelo destino, há os que o destino nos concede pelo sangue e a gente irmana também pela alma: Glaucia, Aline, Maycon, André... Tem até grandes amores da vida em dois que a gente chama de amigos: Tamara, Guilherme. Porque digo e repito: só há um elemento que pode sustentar um bom amor... A amizade.

Sei que poderia chamar amizade por muitos outros nomes que deveriam estar aí. Mas não é porque não estão que não os considero amigos. Cativo-os e rezo por eles. Nem sempre estão perto, mas estão sempre juntos a mim. A amizade é esse amor sem soberba e com um pouco de implicância. Não para irritar, mas para se divertir e se esgotar dessa vida tão ligeira. 

Amizade é esse tanto que não cabe no tanto. Amizade é, decisivamente, esse sentimento que faz a gente ter certeza de que nossa passagem por aqui não é em vão. Tem testemunhas, biógrafos que se escrevem conosco. E, sem precisar prometer, garantem pelo olhar que não permitirão o esquecimento dessas histórias que se constroem e muitas das vezes viram livros e canções. Porque, afinal, “Amigo é coisa pra se guardar debaixo de sete chaves, dentro do coração...”. 

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Palavreando

Aos sábados, no Caderno Z, o jornalista Wanderson Nogueira explora a sua verve literária na coluna "Palavreando", onde fala de sentimentos e analisa o espírito e o comportamento humano.

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