Essa tal liberdade

sábado, 06 de outubro de 2018


Pelos próximos meses, a jornalista Laiane Tavares assina a coluna no lugar do titular Wanderson Nogueira. A Justiça Eleitoral determina que candidatos nas Eleições 2018 não podem apresentar, participar ou dar nome a programas de rádio e TV. A regra não se aplica aos órgãos impressos. Mesmo assim, o colunista e A VOZ DA SERRA, em comum acordo, optaram pela alteração neste período. Wanderson Nogueira volta a assinar o Observatório em outubro, após o período eleitoral.

Imagine que ao invés de urnas, neste domingo, 7, teremos nos esperando em nossas zonas eleitorais uma caixa com o poder de transformar desejo em realidade. Uma coisa mágica como a lâmpada do Aladim. Mas ao invés de três pedidos, você terá caminhos representados por candidatos, seus números digitados abrem portas, e cada número abre uma porta diferente, alguns a mesma.

Pelo caminho mais desejado pela maioria, seguiremos todos. Assim que entrarmos por qualquer uma das portas, quem vencer não estará mais apenas entre os que fizeram a mesma escolha, mas entre aqueles que tentaram abrir outras portas.

Todos viverão sobre as diretrizes dos desejos realizados pela escolha que sair vitoriosa da caixa mágica. É por isso que uma eleição não pode ser realizada sobre raiva, medo e desilusão. Não pode ser para reduzir a existência do outro, não devemos votar porque odiamos algo, porque assim que a porta abrir seremos todos governados pelo ódio. Não devemos votar acreditando que quanto pior melhor, quando iniciarmos pelo caminho escolhido e a porta se fechar, estaremos todos sendo governados pelo pior, e isso não será o melhor.

“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. Se a porta que abrir for a sua escolhida ela será sua responsabilidade, e se tudo der errado, será também sua culpa, ou minha, depende de quem escolhermos e de como as coisas serão.

Eu não tenho nenhuma certeza para te oferecer sobre o caminho certo, mas tenho sobre o errado. É errado abrirmos portas pelo desejo de vingança, pelo ódio, pela intolerância e para destruir um oponente, não existem oponentes dignos de destruição quando ao apertar o botão contra ele implodimos um país junto. Não flerte com o fascismo porque quando ele piscar de volta não teremos para onde correr. A porta estará trancada.

Minha participação nesta coluna termina aqui. Foi um prazer poder escrever essas linhas com tanta liberdade. Isso me fez pensar nas linhas sufocadas pela ditadura, nas histórias nunca escritas, no diálogo nunca autorizado. Nas despedidas nunca possíveis por desaparecimentos jamais explicados.

Assim como todos, eu tenho medo dos dias que virão, não saber o que vem a seguir é sempre uma questão, mas vou levar para as urnas a minha esperança. Essa é a porta que tentarei abrir. Espero que você também. Eu não acredito que o ódio possa vencer, e vou duvidar até o fim, e se o fim chegar eu vou encontrar novas razões para acreditar no melhor que as pessoas podem ser. Eu não vou desistir de olhar para o mundo e imaginá-lo em seus melhores dias. É para isso que serve a utopia, para que a gente nunca pare de caminhar. Seguimos!

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Wanderson Nogueira

Observatório

Jornalista, cronista, comentarista esportivo, já foi vereador e agora é deputado. Ufa! Com um currículo louvável, o vascaíno Wanderson Nogueira atua com garra no time de A VOZ DA SERRA em Observatório, sua coluna diária.

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