O Brasil chora. Indignado

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Como a literatura abraça a vida através do tom da voz de suas palavras,
vou tomar a liberdade para usar esta coluna como forma de dar vazão a minha
tristeza, ao ter conhecimento das tragédias que aconteceram em nosso país.
O Brasil inicia o ano de 2019 de luto e não pode abafar a revolta com os
trágicos acontecimentos, respaldados pelo desleixo, conscientemente
criminosos, por parte dos administradores que assumiram posições decisórias
e que não consideraram o princípio da cidadania: o direito de um cidadão
implica necessariamente no dever de outro cidadão. Os pressupostos que
embasaram suas decisões foram vários, entretanto o poder do dinheiro se fez
presente em todas.
Tantas vidas foram perdidas, cada uma delas contém histórias a serem
contadas, filmadas e apresentadas em palcos. Tantos sonhos foram soterrados
pela lama e queimados pelo fogo. Tantos responsáveis não mais podem se
refugiar em defesas incompreensíveis, em jogos de acusações ou naquelas
cínicas posturas de não ter conhecimento.
O povo brasileiro clama por justiça.
Os familiares e os amigos das vítimas exigem que a justiça compareça
soberana.
O Brasil vem se tornando, a cada dia, mais e mais, um país violento, que,
rotineiramente, machuca e ceifa suas pessoas. O espanto que provoca em
todos é a natureza das causas, que estão relacionadas com as estruturas de
poder, tão bem e sutilmente articuladas, que causam a prévia ilusão de que os
maiores responsáveis são os menores. Cada uma das vidas que se apagou em
Brumadinho e na sede do Flamengo vai fazer parte de uma relação de vítimas.
Onde ficarão os criminosos?
O desencadeamento dos fatos que sucedem aos desastres, nada
naturais, jamais oriundos da ordem do azar ou da mera causalidade,
descrevem verdadeiras tragédias gregas. Tão atuais.

Esperamos que não se repitam mais!

TAGS:
Tereza Malcher

Tereza Cristina Malcher Campitelli

Momentos Literários

Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis, presidente da Academia Friburguense de Letras e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.