Peripécias a bordo

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Chegamos bem, já estamos instalados em nosso estúdio, e prontos para visitar de novo a Córsega, uma ilha paradisíaca localizada no mar Mediterrâneo. Mas, não custa relembrar nossa viagem, sempre emocionante quando se trata de voos da Air-France. Conosco, não foi diferente.

Já estávamos sobre o Atlântico, com mais ou menos seis horas de viagem, quando o aviso de bordo solicitou a presença de um médico. Eu e mais dois fomos ao encontro da chefe das comissárias que nos colocou a par do que estava acontecendo. Tratava-se de um passageiro dizendo ser portador de Aids e com doença psiquiátrica. Naquele momento ele estava à beira de um surto e Suelen gostaria de saber o que poderíamos fazer.

Pedimos a lista de medicamentos a bordo onde encontramos Valium 5 mg, em comprimido, e ampolas de Valium 10 mg. Além disso, tinha também Polaramine, em comprimidos. Nosso petit comité chegou à conclusão que medicação injetável não seria do agrado do viajante e optou-se pelo Valium por via oral, dois comprimidos, mais um de Polaramine. Nosso paciente aceitou nossa indicação sem protestos e engoliu o medicamento. Mas, o ocupante da cadeira ao lado resolveu reclamar da movimentação a bordo, discutiu com ele, o que desencadeou o surto e os comissários de bordo, em número de três, foram obrigados a subjuga-lo, algemá-lo e amarrá-lo na poltrona.

Nesse momento, após muita confusão conseguimos convencê-lo a tomar uma ampola de Valium, via intramuscular e ele capotou. No nosso destino a polícia aeroportuária entrou no avião e o levou sob escolta. Com os ânimos serenados pensamos que teríamos paz até a chegada no aeroporto Charles de Gaulle, em Paris. Ledo engano. Dormitava quando fui acordado com outra movimentação e levei um susto ao deparar-me com um comissário todo paramentado e com máscara anti gás. Cruzes, só faltava esta, incêndio a bordo. Sim porque em pleno voo, a dez mil metros de altitude, tudo se torna um perigo iminente.

Tanto um passageiro surtado quanto fogo são ameaças palpáveis e capazes de colocar tripulação e passageiros em risco. A fumaça era visível, mas fruto de um idiota que desrespeitando os avisos de proibido fumar a bordo e, principalmente, nos banheiros, ao acender seu cigarro tinha acionado o detector de fumaça desencadeando o processo de extinção do foco de incêndio.

Depois de toda essa movimentação, não conseguimos mais dormir e chegamos a Paris bem cansados. O pior é que nosso voo para Genebra só decolaria às 11h, com previsão de chegada às 12h15. Aterrissamos na hora prevista e após pegarmos nosso carro, rumamos para Chambéry, nosso destino final, cansados, tanto que dormimos 12 horas seguidas, quando enfim conseguimos nos deitar.

Vale a pena relatar, para quem gosta de viajar e ficar mais tempo fora, a história do nosso carro. Ao invés de locação, nos fazemos um leasing, pois existem algumas vantagens, a saber. O preço da diária sai mais barato; como você compra o carro, a documentação sai em seu nome, com seguros incluídos e sem limitação de quilometragem. Além disso, o carro é zero, novo em folha; o mínimo para essa operação é 17 dias. Três dias antes do retorno ao Brasil, a companhia é informada do dia e horário do voo, o carro é deixado no local indicado, onde se procede a venda do veículo para a Peugeot Open Europe, que o recompra do cliente; uma van da Peugeot faz o transporte das pessoas e bagagem, para o aeroporto.

Se o carro for pego e deixado na França, não há taxa suplementar. Se o veículo for pego fora da França ou entregue em outro país, paga-se mais 400 euros. Na realidade o custo é calculado pelo tempo de uso. Sempre fecho com o modelo 200, ano passado foi um 208. Dessa vez, não sei por que, me deram um free upgrade e peguei um Peugeot 308, a diesel, econômico e confortável. Vamos aproveitá-lo ao máximo, principalmente porque devemos estar em alta, afinal receber um presente de um francês é algo para se comemorar.

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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