Repúdio

sábado, 08 de setembro de 2018

Para pensar

“A grande maioria da esquerda lamenta muito o que aconteceu com Bolsonaro, assim como a maioria da direita lamentou a morte da Marielle. Parem de generalizar.”

Daniel Costa

Para refletir

“Quando a corrupção entra em cena, a Justiça deixa de ser igual para todos”.

Ilona Szabó / Melina Risso

Repúdio

A coluna de sexta-feira, 7, já havia sido fechada quando chegou a notícia de que o candidato à presidência da República, Jair Bolsonaro havia sido esfaqueado aqui pertinho da gente, em Juiz de Fora-MG.

E com isso acabamos ganhando um dia a mais para que pudéssemos refletir não apenas sobre o lamentável fato em si, mas também sobre as rasteiras tentativas de apropriação política que o episódio vem sofrendo.

Aliás, não seria exagero dizer que uma coisa está intimamente ligada à outra.

Rumo errado

É evidente, para qualquer um que se disponha a analisar o terrível acirramento de ânimos que temos vivenciado aqui no Brasil, que esse tipo de situação iria acabar acontecendo, mais cedo ou mais tarde.

Da mesma forma como é evidente que episódios dessa natureza, bem como o assassinato de Marielle Franco, também em 2018, servem apenas para realimentar o ódio e abrir novos precedentes, para que o quadro continue a se agravar, mais e mais.

Crise do discurso

Há ainda que se observar que a abominável atitude do agressor serviu apenas para enfraquecer e desacreditar tudo aquilo que ele dizia defender, fazendo um enorme desserviço às causas que supunha apoiar.

E esse é verdadeiramente o retrato fiel da profunda crise do discurso que vivemos por aqui, na atualidade: uma época na qual o importante é acreditar ser engajado, acreditar estar fazendo a própria parte, sem ter em vista o que de fato é coerente com aquilo que se diz, ou o que é melhor para a causa em que se acredita.

Voz do povo

Nosso comportamento irresponsável tem dado a comunicadores sem ética todas as certezas necessárias à enxurrada de campanhas e notícias falsas, cientes de que serão compartilhadas sem confirmação.

Nosso comportamento tem direcionado a postura de líderes que agem de forma irresponsável e atacam a adversários de maneira leviana porque sabem que é isso que esperamos deles, é isso que gera aplausos, é isso o que dá votos.

Acontece em esfera nacional, e também municipal.

Sem sentido

Perdemos, em essência, a capacidade de discordar de maneira respeitosa - a qual, em última análise, é condição sine qua non para que se possa justificar o próprio debate.

Enraizamos de tal modo estereótipos e preconceitos que acreditamos, de fato, que quem pensa diferente é mal-informado ou mal-intencionado.

Dominados pelo medo

Temos medo - pavor! - de que possamos estar errados, e nos alimentamos das pílulas “informativas” que nos dão aqueles aos quais interessa que pensemos como pensamos.

Peças, memes, mentiras não apenas reforçam a certeza de que estamos certos, mas, sobretudo, de que os outros estão errados.

Muito errados.

Veneno acumulado

Ocorre que os outros são nossos irmãos, nossos pais e filhos, nossos amigos de infância.

Pessoas que em determinado momento pensaram de forma diferente sobre um assunto ou outro, e a partir de então foram arrastadas por correntes diferentes das nossas.

E o mais provável, acredite, é que tanto nós quanto eles, eu ou você, estejamos em grande parte errados, porque temos construído (ou aceitado) opiniões com base em difamações e mentiras.

Estamos com as almas cheias desse veneno longamente acumulado.

Melhor do que parece

É evidente que a maioria entre nós, esquerda, centro ou direita, acredita de fato estar defendendo aquilo que é melhor para a sociedade, o que revela nosso caráter e deixa claro que a realidade não é - nem de longe - tão ruim quanto nos pintam, ou acreditamos que seja.

Ainda podemos ser amigos, ainda podemos discordar com respeito, ainda podemos questionar nossas certezas ou opiniões.

Podemos, e precisamos - pelo bem de nossos filhos - ser muito melhores do que estamos sendo.

Aliança eterna

A coluna já havia noticiado, mas não custa recordar que começam neste sábado, 8, as comemorações pelos 40 anos da Aliança Francesa entre nós.

A partir das 11h, na Fundação D. João VI, será inaugurada a exposição “De 1978 a 2018: a Aliança Francesa em Nova Friburgo”.

Relembrando

Na exposição os visitantes poderão conhecer mais sobre temas como as atividades da Aliança Francesa; a Aliança e a Cultura; as pessoas que fazem a Aliança; História da Aliança Francesa em Nova Friburgo; e projetos atuais, como o coral infantojuvenil e o engajamento em questões ligadas aos Direitos Humanos.

Ao longo do mês a coluna divulgará diversas outras atividades voltadas a celebrar tão importante aniversário.

Adiamentos

A coluna antecipou algumas informações cuja concretização acabou sendo adiada.

A aguardada coletiva de imprensa que promete desmascarar alguns de nossos entes públicos cujo cinismo parece não conhecer limites foi transferida para a próxima semana.

Da mesma forma, a vinda a Nova Friburgo dos candidatos do Psol à presidência, governo do estado e Senado Federal também foi adiada, ainda sem data certa para acontecer.

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Massimo

Massimo

Coluna diária sobre os bastidores da política e acontecimentos diversos na cidade.

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