Quadro grave

quarta-feira, 04 de setembro de 2019

Para pensar:

“A gentileza é como a criança dentro de nós, basta deixar que ela exista.”

Profeta Gentileza

Para refletir:

“Adie por um dia, e dez dias passarão.”

Provérbio coreano

Quadro grave

No início da tarde de segunda-feira, 2, o vereador Wellington Moreira, presidente da comissão de Saúde da Câmara Municipal, entrou em contato com o colunista para descrever uma longa lista de situações apuradas e observadas no Hospital Municipal Raul Sertã no último fim de semana.

Situações, vejam bem, tão graves quanto a falta de morfina, ou de pinos e parafusos na ortopedia, por exemplo.

Buraco fundo

Anotando à mão, e apenas registrando os tópicos, o colunista rapidamente cobriu toda uma folha A4 com as denúncias.

Apurações paralelas confirmaram se tratar de informações consistentes e muito perturbadoras, dada a carga de sofrimento que condensam.

Num dia normal, esses relatos teriam sido o tema principal de nossa coluna.

Linha direta

No entanto, pouco depois de ser apresentado a essas situações, o colunista viu o mesmo vereador Wellington Moreira detalhar praticamente todas elas diretamente ao secretário municipal de Saúde, Marcelo Braune, bem como a parte significativa de sua equipe, durante a audiência pública que teve lugar no plenário do Legislativo, e que tinha como objetivo principal trazer esclarecimentos a respeito de procedimentos laboratoriais no Hospital Raul Sertã.

Pertinência

Assim, uma vez que as partes responsáveis estão cientes destes e outros problemas graves, e demonstram estar comprometidas com a busca por soluções, o colunista entende que perdeu o sentido repetir toda a lista de denúncias aqui.

Simplesmente não estaríamos ajudando em nada.

Em vez disso, parece mais oportuno detalhar alguns pontos muito interessantes que marcaram a audiência, e que parecem sinalizar mudanças importantes para o futuro próximo.

Requerimentos

Após alguns desabafos serem feitos o diálogo começou a se estabelecer, revelando surpreendentes pontos de convergência entre o que cobram as forças fiscalizadoras, e o que está em execução ou nos planos da atual gestão.

Quanto à transparência, ficou evidenciada a importância de que sejam aprovados e respondidos com clareza os requerimentos de informações, até mesmo como forma de evitar convocações futuras.

A coluna apoia totalmente esta reivindicação.

Compreensão (1)

Os vereadores de oposição também se mostraram compreensivos em relação a alguns expedientes que todos questionam em condições normais, mas que se revelam necessários no contexto atual para que situações que se tornaram urgentes e geram sofrimento possam ser resolvidas.

Compreensão (2)

Como exemplos podemos citar a compra emergencial de medicamentos considerados vitais, e a terceirização temporária de serviços laboratoriais que estão travando, por exemplo, a realização de biópsias.

Evidentemente, contudo - e a atual direção da pasta concorda com isso - tais procedimentos devem ser pontuais, e de curta duração.

Informatização (1)

Os vereadores Cascão e Professor Pierre enfatizaram a necessidade de informatizar a rede, não apenas para aumentar o faturamento através do SUS, mas também como forma de assegurar o chamado prontuário eletrônico, e de gerar maior controle sobre as atividades realizadas.

E ouviram em resposta que a licitação para esse processo já vem sendo preparada e deve ser iniciada já na semana que vem.

Informatização (2)

De fato, o subsecretário Eder Carpi (Ceará) informou que o termo de referência para esta licitação vem sendo elaborado por um grupo de trabalho composto por funcionários de carreira da secretaria, e deve ser concluído ainda hoje, 4.

Ao todo, quatro reuniões foram realizadas com esse objetivo, que foi tratado como “prioritário” pela nova gestão da pasta.

Descontinuidade

Todos também concordaram em relação aos prejuízos causados pela falta de continuidade, já que sete secretários na titularidade da Secretaria de Saúde se revezarem ao longo de 33 meses.

A carência de memória administrativa e a instabilidade gerencial se uniram na composição de um ambiente propício a interferências de natureza política e inóspito à elaboração ou execução de projetos de médio e longo prazos, redundando nas emergências outrora evitáveis que agora requerem a adoção de medidas amargas, a fim de que vidas sejam poupadas e sofrimentos sejam aliviados.

Responsabilidades

O argumento da descontinuidade, claro, não se aplica ao prefeito, que tem responsabilidade sobre todas as fases de evolução da crise.

Inclusive, quando o secretário explicou que os primeiros esforços da atual gestão foram no sentido de apagar incêndios e buscar soluções, e que os próximos seriam voltados a recuperar as origens dos problemas, apurar responsabilidades e eventualmente abrir processos administrativos, a resposta das representações sociais foi uníssona: “faça isso e siga até o fim, doa a quem doer”.

Concurso

Também foram várias as vozes manifestando o entendimento de que um concurso para preenchimento de vagas na Saúde já deveria ter sido realizado há bastante tempo.

A esse respeito, vale destacar também a participação do Projeto Colo de Mãe, o qual recordou a necessidade de que seja aberto processo seletivo para a contratação de enfermeiro obstétrico para o Hospital Maternidade, de modo a cumprir parte das exigências do programa Rede Cegonha.

Linhas gerais

Ficou evidenciado que a nova gestão da Saúde conta com um voto de confiança por parte do Legislativo e das representações sociais presentes.

Dito isso, os fiscalizadores deixaram igualmente claro que as necessidades são urgentes e a cobrança, ainda que respeitosa e colaborativa, não irá parar.

O mais importante, contudo, foi observar a evolução do diálogo e o desarmar dos espíritos ao longo do encontro, em meio a descobertas de agendas comuns que deixaram a todos - vejam só - com uma pontinha de esperança.

Prestação de contas

Em tempo: a Secretaria Municipal de Saúde marcou para o próximo dia 25 sua prestação de contas quadrimestral.

A agenda acontece às 14h, no plenário da Câmara, e será precedida por uma prestação de contas informal à sociedade, marcada para a próxima segunda-feira, 9, no auditório da CDL.

Fora do ar

Assinantes da operadora de TV a cabo RCA até o final da tarde de ontem, 3, ainda estavam poder assistir televisão. Desde a madrugada de segunda-feira, 2, quando um curto circuito na luminária ocorreu em um poste na esquina das ruas Dante Laginestra e Prefeito José Eugênio Muller, a transmissão do sinal foi interrompida atingindo também provedores de internet locais.

Ontem as empresas RCA e Speed Fiber emitiram nota pedindo desculpas aos clientes e informaram que equipes estavam trabalhando para tentar normalizar o serviço o mais breve possível. 

Foto da galeria
(Foto: Henrique Pinheiro)
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Massimo

Massimo

Coluna diária sobre os bastidores da política e acontecimentos diversos na cidade.

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