O contexto

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Para pensar:

“Quem sabe o que planta não teme a colheita...“

Lavínia Lins

Para refletir:

“Compartilhar o torna mais do que você é. Quanto mais você der para o mundo, mais a vida poderá retribuir.”

Jim Rohm

O contexto

Em meio a muitos assuntos, ontem, 13, a coluna não teve oportunidade de aprofundar suficientemente o contexto em que se deu o aumento da tarifa no transporte coletivo em nossa cidade.

O caso, no entanto, não pode passar batido, já que representa exemplo paradigmático daquele que, infelizmente, será o principal predicado histórico atrelado à atual gestão: a busca repetida por driblar licitações e tentar justificar a manutenção de relações galgadas sobre pilares há muito condenados da velha política.

Ponto de equilíbrio

Antes de começarmos, é válido deixar claro que ninguém aqui é contra o equilíbrio financeiro do contrato, inclusive reservando à concessionária margem de lucro compatível, situada naquela margem estreita capaz de justificar suas atividades e seus investimentos, sem contudo lesar os cofres públicos demasiadamente.

É justo que a empresa vencedora da licitação seja estimulada a prestar um bom serviço, e a população compreende isso.

O problema aqui nunca foi esse.

Aberração

Ocorre, no entanto, que opções feitas pela atual gestão, mais especificamente pelo primeiro secretário de Governo - o mesmo que, lembremos, desdenhou da PGM quando esta o alertou com mais de um ano de antecedência sobre a impossibilidade de prorrogar o contrato de concessão do transporte coletivo, e a necessidade de preparar o complexo processo licitatório - terminaram por desfigurar por completo a relação entre a concessionária e o poder concedente, deixando o município em situação de enorme fragilidade e dependência.

Handicap

Graças à essa desastrosa atuação, e mais ainda ao respaldo que sempre lhe foi dado pela cadeia hierárquica, tanto acima quanto abaixo dele, a atual prestadora do serviço entrou em negociações tarifárias tendo o poder de simplesmente retirar seus ônibus das ruas a qualquer momento, deixando o governo em situação absolutamente insustentável.

Obviamente esse handicap autoinfligido por parte do município não permite, por si só, afirmar que o resultado das negociações tenha sido lesivo aos cofres públicos.

Mas definitivamente não contribui em nada para tranquilizar quem paga as contas.

Papelão

O fato é que os discursos duros e teatrais dos anos anteriores caem agora no ridículo, substituídos pela postura resignada de quem não tem mais nem como blefar.

Se tivessem sido justos e jogados pelas regras quando tiveram a chance, não passariam agora por esse tipo de embaraço.

Papelão.

Fragmentos

Também ontem a coluna prometeu aos poucos ir dando fragmentos do que silenciosamente se passa nos bastidores de nossa política.

Aqui vai um: o colunista entende que nos próximos dias o plenário da Câmara Municipal será confrontado com um incomum pedido de convocação para que quatro membros do primeiro e do segundo escalão do governo municipal - e também o convite a um quinto - prestem os devidos esclarecimentos a respeito da gestão dos recursos do Centro de Educação Ambiental (CEA).

Lógica (1)

E mais: a chance de tal proposta ser acatada é grande, apesar das pressões que a base governista provavelmente irá sofrer para abafar o caso.

A lógica é simples.

Tempos atrás o plenário aprovou um requerimento de informações sobre o tema, apresentado pelo vereador Professor Pierre.

Aliás, a aprovação de requerimentos de informações é um elogio que deve ser feito à atual legislatura.

Lógica (2)

Ocorre, no entanto, que a resposta remetida pelo Executivo foi incompleta e insatisfatória, omitindo dados cruciais, como, por exemplo, extratos e notas fiscais, tornando impossível rastrear estes recursos.

E não custa lembrar que estamos falando de muito dinheiro aqui.

Ou que a partir do momento em que o plenário aprova um requerimento, as respostas passam a ser devidas a todo o Legislativo.

Questão de coerência

Enfim, a coerência determina que o mesmo plenário que concordou em submeter as perguntas agora siga unido na cobrança por respostas.

Até mesmo porque, claro, perguntar não ofende, e quem não deve, não teme.

Se não houver nada de errado, então o governo deve ser o maior interessado em dar visibilidade irrestrita a tudo que envolve o caso.

Como previsto

Na última segunda-feira, 12, o PDT oficializou os seus pré-candidatos a prefeito no estado do Rio de Janeiro.

Mais de 20 pré-candidaturas foram confirmadas, entre as quais a de Wanderson Nogueira, em Nova Friburgo.

O partido também aposta em Martha Rocha na capital, Caio Viana em Campos e José Bonifácio em Cabo Frio, cidades consideradas prioritárias.

Sem pressa

Quanto a coligações, nada deve ser oficializado por enquanto.

Muitas conversas têm acontecido, mas o cenário segue indefinido e a sensação é de que os partidos ainda vão ganhar tempo e avaliar pesquisas antes de tomarem decisões a esse respeito.

Disfarçando

É sempre notícia quando um servidor é afastado judicialmente de seu cargo, e já tivemos isso por aqui no atual governo.

Quase ninguém percebe, no entanto, quando o servidor pede exoneração sem motivo aparente, simplesmente por perceber que um afastamento por forças externas seria iminente.

Mas nós percebemos, não?

Pois é, essa saída à francesa, se é que podemos chamar assim, tem acontecido bastante ultimamente.

 

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Massimo

Massimo

Coluna diária sobre os bastidores da política e acontecimentos diversos na cidade.

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