Nova Friburgo: Cidade das Trovas

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Berço dos Jogos Florais, título reconhecido em âmbito nacional, e cidade da trova, por lei municipal, há muito já deveria ter escrito sobre a importância de todos esses títulos. A trova é uma composição poética de quatro versos de sete sílabas cada um, rimando pelo menos o segundo com o quarto verso. É a criação literária considerada a mais popular e que fala mais diretamente ao coração do povo. Por meio da trova, o povo toma contato com a poesia e sente a sua força. Considerada como um gênero literário da Idade Média encontrou campo fértil em Nova Friburgo. Comemorando os Jogos Florais o seu cinquentenário, ao longo dessas décadas fomos premiados por grandes trovadores. Um dos mais celebrados é J.G. de Araújo Jorge que escreveu em trova “No cimo da montanha, em seu ninho florido, eis Friburgo! Um jardim suspenso, no alto erguido paragens de beleza infinita e de calma, onde respira o corpo, e onde repousa a alma. Cidade cujo nome é um símbolo e um troféu, parada de um caminho, a caminho do céu!” Igualmente por Maria José Braga, que escreveu “Na noite passou o trem em sonhos fazendo démdém. Cadê o apito do trem? Cadê a sineta do trem? Cadê a linha do trem, estranho novelo de aço desenrolando em dois traços que nas retas se fundiam e pelo infinito fugiam? Saudade do trem de Sumidouro pelas noites varredouro! Passava arrastando fumaça, varria gente da praça, pois moça donzela de bem se recolhia com o trem. Asas brancas de saudade, passavam lenços fugazes despedindo-se de alguém pela janela do trem. Já não viajo de trem naquele doce vaivém, já não espero ninguém que me chegue pelo trem!”

Na semana passada, a presidente da União Brasileira dos Trovadores, seção Nova Friburgo, Elisabeth Souza Cruz, fez a entrega de dez prêmios em um concurso promovido junto a Secretaria Municipal de Educação. O concurso é resultado de uma capacitação que ela promoveu junto aos professores do terceiro ano, tempo ideal para se lançar as sementes da trova, nos informa Elisabeth Souza Cruz. O júri recebeu 161 trovas cujo tema foi o município de Nova Friburgo. Foi difícil a seleção de tão somente dez delas. Foi uma tarde maravilhosa que passei participando da premiação. Quando saí do evento deu vontade de arriscar o exercício de uma trova. Conforme prometi, divulgaria os trabalhos das crianças nesse artigo e deixo os leitores com essas deliciosas trovas:

“Nova Friburgo, cidade que me deixa apaixonado, beleza que traz saudade, a casa do Cão Sentado; Serra muito abençoada, ela é cheia de esplendor, Nova Friburgo é chamada, de lugar encantador!; Que friozinho gostoso, em Nova Friburgo ao despertar, tudo é tão maravilhoso, que é bem fácil se encantar!; Nova Friburgo das flores e dos rumores da brisa, vai embalando os amores, de quem aqui sempre pisa!; Minha cidade, querida, mora no meu coração, não haverá despedida, devido a minha paixão!;  Nova Friburgo é a cidade guardada no coração. É amor ciúme e saudade, são flores dessa emoção!; Aquela cidadezinha chamada Morro Queimado, agora cresceu todinha, com gente pra todo lado!; Um Feliz Aniversário Nova Friburgo querida, destaque no vestuário e é sempre muito florida!; Nova Friburgo é tão bela, com seus campos multicores, e numa flor amarela vemos seus jardins de amores!; Friburgo cidade bela, cidade feita de cor, que surgiu como aquarela e nós te damos valor!”

A boa notícia é que o Comitê dos 200 Anos da prefeitura  aprovou o projeto do artista plástico Mário Moreira que vai dispor em vários pontos da cidade trovas, que serão substituídas por outras no decorrer do tempo. Com isso, pretende-se divulgar e consolidar esse estilo literário que se manteve durante cinco décadas. 

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    A UBT de Friburgo recebeu 161 trovas cujo tema foi o município de Nova Friburgo

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    A Secretaria Municipal de Educação promoveu o concurso de trovas

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    Elisabeth Souza Cruz faz a entrega dos premiados no concurso de trovas

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Janaína Botelho

Janaína Botelho

História e Memória

A professora e autora Janaína Botelho assina História e Memória de Nova Friburgo, todas as quintas, onde divide com os leitores de AVS os resultados de sua intensa pesquisa sobre os costumes e comportamentos da cidade e região desde o século XVIII.

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