Let it Bahia Qualquer Coisa (1975) - Caetano Veloso

quarta-feira, 12 de agosto de 2015
Foto de capa

CAETANO completou 73 anos na última sexta-feira. Nascido na Bahia, o cantor é um dos principais nomes da música popular do Brasil de todos os tempos. Um dos responsáveis por mudar os rumos da nossa música na década de 1960, o baiano lançou há 40 anos um de seus discos mais interessantes. Qualquer Coisa é uma peça rara na discografia de Caetano, misturando em seu repertório canções próprias com versões para a obra de outros músicos.

Comparado com seus antecessores, Qualquer Coisa é um disco calmo e intimista. O violão e a doçura dominam o álbum. O disco abre com a música que o intitula, “Qualquer Coisa”. O clássico tem um arranjo sofisticado que traz metais, bateria e baixo apoiando o violão de Perinho Albuquerque.

O violão também lidera “Da Maior Importância”, outra das poucas composições da Caetano no disco. Além de uma tradução de “Drume Negrita”, que o músico fez para Preta Gil, incluindo citações ao folclore baiano, o cantor assina o samba acelerado “A Tua Presença Morena’ e a curta declaração “Nicinha”. Fora essas músicas, o cantor entrega ótimas interpretações no álbum.

Duas músicas que Caetano canta em sequência parecem se completar. Com muita propriedade, o músico interpreta “Samba e Amor” de Chico Buarque, que é complementada por “Madrugada e Amor”, de José Messias. Um ponto interessante entre essas músicas é a propriedade com que são interpretadas. Caetano canta ambas de forma tão particular que parece que foi ele mesmo quem as compôs. 
Outra grande interpretação do álbum é “Jorge de Capadócia”, de Jorge Ben, em que Caetano parece fazer o caminho inverso. O som do violão, o coro feminino e até alguns vocais do cantor parecem buscar as particularidades do estilo do compositor de “País Tropical” e “Errare Humanum Est”.

As três músicas que dão sequência a “Jorge de Capadócia” também dão tom ao álbum. Além de uma citação na capa de Rogério Duarte, os Beatles são homenageados dentro do disco com versões brasileiríssimas. Caetano grava “Eleanor Rigby” com andamento bossa-nova, com destaque para o violão solista; “For No One”, com um clima jazzista, mantendo a tristeza da canção, e também “Lady Madonna”, em uma versão muito mais calma que a original.

Qualquer Coisa é um disco fantástico, como o próprio Caetano Veloso. É um álbum tranquilo de se ouvir, simples, e que mostra de forma muito legal o lado intérprete de Caetano, artista ímpar, uma das maiores traduções do que é a música popular do Brasil.

Qualquer Coisa (1975)
Artista: Caetano Veloso
Produção: Caetano Veloso e Perinho Albuquerque
Selo: Philips

Músicas:
1. Qualquer Coisa
2. Da Maior Importância
3. Samba e Amor
4. Madrugada e Amor
5. A Tua Presença
6. Drume Negrinha
7. Jorge de Capadócia
8. Eleanor Rigby 
9. For No One
10. Lady Madonna
11. La Flor de La Canela
12. Nicinha

 

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